Sociedade Brasileira de Hansenologia estima que o país tenha menos de 200 hansenologistas atuantes
A Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH) e a Associação Médica Brasileira (AMB) acabam de certificar 35 médicos para atuação na área de Hansenologia. O Brasil conta, atualmente, com cerca de 200 hansenologistas. O exame para obtenção do certificado foi realizado dia 10 de novembro de 2017, em Belém do Pará, onde aconteceu o 14° Congresso Brasileiro de Hansenologia, reunindo especialistas brasileiros e estrangeiros para debater o tema.
O número de hansenologistas ainda é insuficiente para reverter o atual cenário brasileiro em relação à hanseníase: O Brasil é o segundo país com mais casos da doença, atrás da Índia. Muitos ainda não chegaram às unidades de saúde e desconhecem a doença. “Porém, este é o maior contingente de profissionais interessados em atuar em Hansenologia no histórico de exames realizados e, por isso, motivo de comemoração por parte da comunidade médica, pois hanseníase é uma doença de difícil diagnóstico e é fundamental contarmos com profissionais preparados”, explica o presidente da SBH, Marco Andrey Cipriani Frade.
O exame é realizado a cada três anos, assim como o Congresso Brasileiro de Hansenologia. Porém, em comemoração aos 70 anos da SBH, a 15ª edição do congresso será realizada em 2018, em Palmas (TO), onde também acontecerá novo exame para certificação de médicos hansenologistas.
Podem pleitear a certificação como hansenologista, médicos das seguintes áreas e que tenham título de especialista pelas respectivas sociedades: neurologia, dermatologia, medicina preventiva social e administração em saúde, medicina da família e comunidade, clínica médica ou infectologia.
A SBH promove gratuitamente capacitação e treinamentos teóricos e práticos para profissionais de saúde – médicos, dentistas, enfermeiros, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, assistentes sociais e agentes comunitários de saúde – em todo o Brasil, especialmente em áreas de alta endemicidade. Segundo o presidente da entidade, “é preciso que o assunto volte a ser tratados nas salas de aula e que as universidades também preparem profissionais de saúde para diagnosticarem e tratarem o doente de hanseníase”. Ele alerta que um dos grandes trabalhos dos novos hansenologistas será também educar a população contra o preconceito. “Hanseníase tem tratamento gratuito em todo o país e cura, mas o preconceito tem dificultado a luta contra a doença. É possível erradicar a hanseníase, mas é necessário falar sobre ela, pois só o conceito destrói o preconceito”, ressalta.