Os ambientes laboratoriais e hospitalares possuem uma série de riscos, sendo eles: biológicos, químicos, físicos, mecânicos, ergonômicos e entre eles os biológicos se destacam. Segundo a previdência social, a área da saúde é onde mais ocorrem acidentes de trabalho, e com isso fica evidente a importância de elevar a biossegurança para a manutenção da saúde dos trabalhadores, pacientes e demais usuários e do bom funcionamento dos serviços. As áreas laboratoriais e hospitalares são formadas por ambientes críticos e com grande potencial para causar danos, devido a enorme exposição a bactérias, vírus e fungos patogênicos.
O principal objetivo desses serviços de saúde é prestar serviços de qualidade e eficácia aos usuários, e nesse contexto, é necessário a promoção de atividades de capacitação em biossegurança, assegurando que gerentes e funcionários estejam cientes de suas responsabilidades na redução de riscos e acidentes. A biossegurança envolve uma série de cuidados, que vão desde a lavagem das mãos antes do atendimento e manuseio dos pacientes até todo o processo de esterilização de materiais utilizados nos procedimentos.
Os riscos nos laboratórios e hospitais são preocupações legais, para tanto, a definição de riscos se enquadra em “Uma ou mais condições de uma variável com potencial necessário para causar danos”. Esses danos podem ser entendidos desde lesões as pessoas, equipamentos e instalações bem como danos ao meio ambiente. Portanto, o risco depende da sua natureza, podendo ser riscos químicos (acidentes causados por medicamentos, ácidos e demais substâncias químicas), riscos físicos (causados por fontes de calor, frio e radiação, por exemplo), riscos ergonômicos (aqueles causados por esforço repetitivo e longas jornadas de trabalho e riscos biológicos (causados por microrganismos).
A prevenção é certamente o melhor processo para minimizar as possibilidades de ocorrerem acidentes, infecções ou eventos adversos. Segundo o dicionário, prevenir quer dizer: “conjunto de medidas ou preparação antecipada de (algo) que visa prevenir (um mal)”.
Como princípios de prevenção podemos apresentar: Estrutura física / ambiente adequado; minimizar as operações perigosas; elevar a organização no ambiente de trabalho e em casa; utilização de equipamentos de proteção; entre outras ações.
O risco seja ele qual for pode ser evitado, desde que um conjunto de ações possa ser viabilizado. Risco Biológico é bastante encontrado no ambiente laboratorial e hospitalar, uma vez que se torna difícil eliminar os microrganismos nas diversas áreas do ambiente. Por esse motivo, existem orientações estabelecidas em acordo com o NIH – National Institutes of Health (Institutos Nacionais de Saúde), CDC – Centers for Desease Control (Centros para Controle de Doenças), o NCCLS – National Committee for Clinical Laboratory Standards (Comitê Nacional para Normas de Laboratórios Clínicos) e Laboratory Safety Manual – WHO – World Health Organization, para cada área do ambiente laboratorial e hospitalar com um protocolo diferenciado.
As maiores fontes de contaminação por microrganismos patogênicos são através da mão-boca; o contato mão-olho; cortes e feridas superficiais na pele exposta e a perfuração cutânea. A contaminação acidental por riscos biológicos é muito frequente. Algumas das principais medidas para prevenção estão listadas abaixo:
- Usar os EPI´s (equipamentos de proteção individual) durantes as atividades no ambiente hospitalar;
- Usar vestimentas de proteção, como aventais, quando o risco biológico for reconhecido;
- Lavar as mãos antes de retirar as luvas e antes de sair da área contaminada;
- Evitar o contato das mãos com a face;
- Cobrir todos os cortes superficiais e ferimentos antes de iniciar a rotina de trabalho;
- Seguir os protocolos de biossegurança para o laboratório e para o depósito de materiais contaminados;
- Usar soluções desinfetantes adequadamente preparadas, sempre que necessário;
- Manter os frascos que contêm material infectante fechados, toda vez que não estiverem em uso;
- Tomar cuidado durante a abertura de ampolas contendo material seco e resfriado. Estes materiais são condicionados a vácuo e, ao abrirem, produzem um influxo de ar que poderá ser suficiente para dispersá-los na atmosfera. Abra-os em cabine apropriada.
Além da contaminação acidental por riscos biológicos, devermos observar e controlar a quantidade de microrganismos na água e no ambiente através do sistema de ar condicionados. A qualidade da água utilizada no hospital para procedimentos de limpeza, desinfecção e consumo deverão ser rigorosos. Deverá ser testada regularmente segundo protocolos de comunidades de saúde, as quais estabelecerão parâmetros para análises rotineiras. No entanto, cada hospital deverá ter uma política própria para esse controle.
O sistema de ar condicionado sem os devidos cuidados, podem ser cultura para proliferação e dispersão de microrganismos, inclusive na forma de esporos. Um dos microrganismos mais comuns do ambiente hospitalar é a Legionella pneumophila, um bacilo Gram negativo usualmente responsável por quadros de pneumonias. Sendo assim, como medida de controle, o hospital deverá realizar rotinas de manutenção e verificação da qualidade do sistema. O uso de filtros HEPA (High Efficiency Particulate Air), quando adequadamente instalados, possuem uma eficiência mínima de 99,97% na remoção de partículas.
Como medida de monitoramento, a cultura da água de torres de resfriamento, água condensada, e trocadores de calor tipo “fan-coil” utilizados comumente em centrais de ar condicionado, deverão ser realizadas em meio sólido suplementado por L-cisteína e sais férricos e ágar de levedura de extrato de carvão vegetal (CYE – Charcoal Yest Extract), para verificar o controle microbiano.
Nesse cenário desafiador, onde os microrganismos estão a cada dia mais resistentes, é fundamental que os profissionais da área da saúde consolidem uma cultura de biossegurança para elevar a área para um patamar de alta qualidade.
AUTORES:
Jorge Luiz Silva Araújo-Filho (@dr.biossegurança): Biólogo, mestre em patologia, doutor em biotecnologia; palestrante e consultor em biossegurança. Contato: jorgearaujofilho@gmail.com
Gleiciere Maia Silva (@profa.gleicieremaia ): Biomédica, Especialista em Micologia, Mestre em Biologia de Fungos e Doutoranda em Medicina Tropical.
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