Introdução:
Pesquisadores do Albert Szent-Györgyi Medical School, na Hungria, realizaram um estudo inovador que identifica biomarcadores associados à disfunção mitocondrial em pacientes com Long COVID. Publicado na revista *GeroScience*, o estudo propõe novas ferramentas diagnósticas e aponta caminhos terapêuticos para tratar os sintomas persistentes da síndrome pós-COVID-19, como fadiga crônica e dificuldades cognitivas.
Contexto e Motivação:
O Long COVID afeta entre 30% e 70% dos pacientes recuperados da COVID-19, causando sintomas como cansaço extremo, “névoa mental” e dores musculares. Estudos recentes sugerem que essas condições podem estar relacionadas à disfunção mitocondrial, uma peça-chave no metabolismo energético das células. Este estudo teve como objetivo compreender como essas alterações impactam os sintomas e propor marcadores que auxiliem no diagnóstico e no acompanhamento clínico.
Metodologia e Abordagem:
A pesquisa comparou 32 pacientes com Long COVID a 31 controles saudáveis, analisando amostras de sangue e tecidos. Técnicas como microscopia eletrônica e qPCR foram usadas para identificar alterações estruturais e funcionais nas mitocôndrias. O estudo também mediu níveis de biomarcadores como DNA mitocondrial circulante (ccf-mtDNA), indicativo de reciclagem mitocondrial, e proteínas ligadas ao estresse oxidativo e à dinâmica mitocondrial.
Descobertas e Resultados:
Os pacientes com Long COVID apresentaram redução significativa no ccf-mtDNA e alterações estruturais nas mitocôndrias, como cristas dilatadas e aumento do tamanho mitocondrial. Além disso, níveis elevados de proteínas como SOD1 indicaram estresse oxidativo persistente. “Esses achados reforçam a importância de explorar intervenções que melhorem a função mitocondrial para tratar os sintomas do Long COVID”, afirma Tibor Pankotai, um dos autores.
Implicações e Aplicações Práticas:
A detecção de níveis reduzidos de ccf-mtDNA pode ser usada como biomarcador para diagnóstico e monitoramento de pacientes com Long COVID. Além disso, estratégias que restauram a saúde mitocondrial, como antioxidantes direcionados e modificações no estilo de vida, estão em avaliação para aliviar os sintomas crônicos dessa condição. O estudo destaca a relevância de intervenções precoces para mitigar os impactos a longo prazo da síndrome.
Autoria e Publicação:
O estudo foi conduzido por uma equipe interdisciplinar liderada por Tibor Pankotai e László Tiszlavicz, do Albert Szent-Györgyi Medical School, e foi publicado na revista *GeroScience* em 2024.
Conclusão e Perspectivas Futuras:
As descobertas apontam que a disfunção mitocondrial desempenha um papel central nos sintomas do Long COVID. Pesquisas futuras devem focar em intervenções direcionadas às mitocôndrias e em estudos que investiguem o impacto do envelhecimento na gravidade da síndrome. Ao integrar conhecimentos sobre outras síndromes pós-virais, espera-se desenvolver tratamentos mais eficazes para os pacientes.
Referência do Artigo:
SZÖGI, T. et al. Novel biomarkers of mitochondrial dysfunction in Long COVID patients. *GeroScience*, 2024. DOI: [10.1007/s11357-024-01398-4](https://doi.org/10.1007/s11357-024-01398-4).