Em Minas Gerais, as taxas de cobertura das vacinas contra a meningite, principalmente as meningocócicas, estão bem abaixo das preconizadas pelo Ministério da Saúde. O índice ideal de imunização é 95%, mas apenas 75,36% das crianças e adolescentes, por exemplo, estão imunizados para o meningococo tipo C, bactéria mais prevalente no Brasil e responsável por uma das formas mais letais da doença. Enquanto isso, a meningite avança entre os mineiros. Segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), de janeiro até setembro, 626 casos foram registrados e 91 pessoas morreram. Entre os óbitos, 17 foram em decorrência apenas da meningite C, representando um aumento de 325% no número de mortes em relação a 2021, quando foram registrados quatro óbitos desse subtipo.
Para a Responsável Técnica em vacinas do Laboratório Lustosa, Marta Moura, não há dúvidas de que o aumento dos casos está diretamente relacionado às baixas taxas de imunização. “As vacinas contra a Meningite Bacteriana são consideradas a medida mais eficaz e segura para evitar quadros mais graves, sequelas como amputações, surdez ou cicatrizes e mortes. Uma vez que as crianças e adolescentes deixam de receber a vacina, o agente causador da doença começa a circular, aumentando assim, a sua incidência”, observa.
Com o objetivo de minimizar a queda da cobertura vacinal, a Secretaria de Estado de Saúde de Minas anunciou a ampliação do público-alvo, a partir do dia 03 de novembro, para a vacinação contra a meningite C, na rede pública. Serão imunizados jovens e adultos entre 16 e 30 anos, profissionais da Saúde, Educação e estudantes do ensino superior e técnico. A vacina já é disponibilizada para crianças menores de cinco anos e meningite ACWY para adolescentes de 11 a 14 anos.
Imunização
Conforme Marta Moura, do Lustosa, o Ministério da Saúde recomenda para prevenção das principais causas de meningite bacteriana as seguintes imunizações: meningocócica C (Conjugada), meningocócica ACWY (Conjugada), meningocócica B (Recombinante), Pneumocócica 10-valente e pentavalente. “A vacina que protege contra o tipo C e ACWY estão disponíveis no serviço público para idades preconizadas pelo Calendário Básico de Vacinação. Já no serviço privado, ela atende a todas as faixas etárias. Outra vacina é a Meningite B, que hoje só é disponibilizada no serviço privado”, esclarece. “O esquema de vacinação primário pode ser iniciado aos 03 meses de vida. Caso isso não tenha sido possível, vale a pena ressaltar que , na rede particular, existem esquemas padronizados para crianças maiores, adolescentes e adultos, assim como doses de complemento à proteção”, acrescenta.
Doença grave
A especialista chama atenção para a alta letalidade da meningite. “Ela tem evolução rápida e pode levar à morte em até 24 horas. A infecção atinge as meninges, membranas que envolvem o cérebro, e a medula espinhal, sendo causada, principalmente, por vírus, fungos e bactérias. A doença pode ser transmitida pelo doente ou pelo portador através da fala, tosse, espirros e beijos, passando da garganta de uma pessoa para outra”, explica.
Desinformação
Para Marta Moura, vários fatores influenciam a baixa adesão às vacinas. “O Brasil já foi um exemplo, mas, nos últimos anos, as pessoas vêm se vacinando cada vez menos. infelizmente, é um cenário que vem impactando de forma negativa todo programa de controle e prevenção de doenças preveníveis pela vacinação. Isso, em parte, deve-se ao fortalecimento dos movimentos anti-vacinas e à popularização de crenças negativas, alavancadas pela disseminação de fake news, de que as vacinas fazem mal para a saúde e que não são seguras”, argumenta, ressaltando vários estudos, que comprovam a eficácia das imunizações.
Além disso, a especialista afirma que inúmeras pessoas desconhecem o Calendário Básico de Vacinação, que indica quais as vacinas, por faixa etária e público-alvo, devem ser tomadas para garantir uma boa saúde. “Por isso devemos investir cada vez mais em informação e em ações para conscientizar a população sobre a importância das vacinas, que são fundamentais para a prevenção e promoção a saúde”, encerra.