Jones J, Gisiora J, Robinson C, Dai J.
Siemens Healthcare Diagnostics Inc., Newark, DE, E.U.A
Introdução
Nos últimos anos, a Organização Mundial da Saúde e a Federação Internacional de Diabetes estimaram, independentemente, que mais de 420 milhões (>8,4%) de adultos possuem diabetes mellitus no mundo todo.1,2 Em 2017, os custos mundiais no cuidado com a saúde associado ao diabetes foram estimados em 727 bilhões de dólares.2
O diabetes é caracterizado por altos níveis de glicose no sangue e, mantendo-se elevada por longo período, pode apresentar complicações oculares, nos nervos e nos rins. Portanto, o diagnóstico precoce é crítico para o gerenciamento da doença. O estado glicêmico pode ser medido por meio da glicemia de jejum, frutosamina sérica ou hemoglobina glicada (HbA1c).4 A HbA1c é formada nas células vermelhas do sangue através de uma reação não enzimática entre a glicose sanguínea e a valina N-terminal da cadeia beta da HbA.4 A HbA1c é um bom marcador glicêmico para o diagnóstico e monitoramento de diabetes, pois é
estável durante a vida útil de um eritrócito, que dura de 2 a 3 meses e, portanto, reflete as concentrações de glicose a longo
termo (6-8 semanas). Diferentemente, as dosagens de glicose refletem as concentrações do momento da coleta de sangue,
enquanto as medidas de frutosamina representam os níveis de glicose no sangue das últimas 2-3 semanas.5 As concentrações sanguíneas de HbA1c se correlacionam com o risco a longo prazo de complicações do diabetes nos pacientes.3
A HbA1c é um indicador de risco progressivo para a mortalidade e doenças cardiovasculares na população diabética e não diabética.6-8 Estudos demonstraram que o controle glicêmico intenso e o monitoramento da HbA1c foram associados com menores taxas de desenvolvimento e de progressão das complicações microvasculares.9-11 A taxa das concentrações de HbA1c observadas em indivíduos normais saudáveis é de aproximadamente <5,7% (<39 mmol/mol), para pré-diabéticos é de 5,7–6,4% (39–47 mmol/mol), e para diabéticos é >6,5% (>48 mmol/mol).12 A prevalência de complicações relacionadas ao diabetes chega a valores de HbA1c de 6–7% (42–53 mmol/mol).13 Um novo ensaio enzimático de HbA1c (A1c_E) foi desenvolvido para a medida quantitativa da HbA1c no sangue total (humano) venoso anticoagulado e hemolisado no Sistema de Bioquímica automatizado ADVIA® Chemistry (1800, 2400, and XPT).12 O novo ensaio A1c_E é indicado para auxílio no diagnóstico, assim como no monitoramento a longo prazo do controle da glicose sanguínea em pacientes com risco de desenvolvimento do diabetes mellitus. Além disso, a maioria das variantes A1c não interfere com o novo ensaio A1c_E devido à arquitetura do ensaio melhorado.
Resumo
O National Glycohemoglobin Standardization Program (NGSP) e a International Federation of Clinical Chemistry (IFCC) formaram um grupo de trabalho para desenvolver métodos de referência. Foi avaliada a relação entre os resultados da HbA1c da rede da NGSP e da IFCC e uma equação master foi desenvolvida.14 Os parâmetros de proporção fornecidos como parte do novo método A1c_E permitem que os resultados sejam relatados em unidades NGSP equivalentes (%) ou unidades IFCC equivalentes (mmol/
mol). Ensaios comerciais de HbA1c devem ser padronizados e rastreáveis, de acordo com o ensaio de referência do Estudo
Prospectivo de Diabetes da DCCT/Reino Unido (UKPDS).3,15 A Associação Americana de Diabetes recomenda que “o teste de
A1c deve ser realizado utilizando um método que seja certificado pela NGSP.”16 Portanto, o objetivo do NGSP é padronizar os resultados do teste de HbA1c àqueles do DCCT/UKPDS, que estabeleceram as relações diretas entre os níveis de HbA1c e o prognóstico dos pacientes com diabetes. O NGSP fornece certificação e rastreabilidade à referência da DCCT por meio de comparações de amostras com os colaboradores da rede NGSP e monitora a eficácia do programa por meio da pesquisa de proficiência em sangue total do College of American Pathologists (CAP) GH-5 para HbA1c.17 Em 19 de março de
2018, a Siemens Healthineers concluiu com sucesso a Certificação do NGSP para o novo ensaio A1c_E em ambos os
métodos de pré-tratamento automático e manual de amostras, nos sistemas ADVIA Chemistry 1800, 2400 e XPT. Os critérios para a Certificação no NGSP são que, 37/40 dos resultados individuais de HbA1c devem estar dentro de ±6% da média do Laboratório de Referência Secundário (SRL) do NGSP. Além disso, os resultados da certificação atual atendem aos critérios mais rigorosos, a partir de Janeiro de 2019, em que 36/40 dos resultados devem estar dentro de ±5% do valor do SRL.18 A Siemens Healthineers está comprometida em obter a certificação anual para garantir a qualidade do produto, a confiança do cliente e melhores resultados para o paciente. O objetivo desse estudo foi avaliar o desempenho do nosso ensaio A1c_E nos Sistemas ADVIA Chemistry.
Materiais e Métodos
O ensaio A1c_E do ADVIA Chemistry possui um método enzimático que mede especificadamente o N-terminal dos dipeptídeos frutosil da cadeia beta da HbA1c. A concentração de hemoglobina glicada (A1c_E) e hemoglobina total (tHb_E) são medidas separadamente; essas dosagens são utilizadas para determinar a %HbA1c (unidades NGSP) ou a razão da hemoglobina A1c_E/tHb_E em mmol/mol (unidades IFCC). Confira a figura 1 sobre a metologia do ensaio A1c_E. A avaliação de desempenho do ensaio A1c_E nesse estudo incluiu avaliação de precisão, linearidade, correlação e erro total. As correlações foram realizadas com o ensaio A1c_E do ADVIA Chemistry e o SRL NGSP. Dados foram coletados nos Sistemas ADVIA Chemistry (1800, 2400 e XPT), que utilizam os mesmos packs de reagente, calibradores e controles comerciais.
Resultados
Precisão
As estimativas de precisão foram determinadas usando dois controles comerciais (QC) e quatro painéis de decisão clínica
(Mmedical decision pools, MDP) abrangendo o intervalo do ensaio (de 4,50 a 12,00% HbA1c). Cada amostra foi dosada duas
vezes por corrida, duas corridas por dia, durante 20 dias em três sistemas e três lotes de reagentes (total = 720 réplicas/
amostra). As estimativas de precisão foram calculadas de acordo com o CLSI EP05-A3, Avaliação do Desempenho de
Precisão dos Métodos de Medição Quantitativa. Os resultados são apresentados nas tabelas 1-3.
Linearidade
A linearidade e a faixa analítica do novo ensaio foram avaliadas testando nove níveis com diluições espaçadas (adicionados mais dois níveis, igualmente espaçados, entre os dois níveis mais baixos) de um pool elevado de sangue total nos Sistemas ADVIA Chemistry. Os valores observados de % HbA1c foram comparados com os valores esperados; a equação de regressão linear, r (coeficiente de correlação) e o intervalo são apresentados nas Figuras 2–4. A linha de identidade aparece como uma linha sólida em cada figura. Os dados foram analisados de acordo com o CLSI EP06-A, Avaliação da Linearidade de Procedimentos de Medida Quantitativa: Uma Abordagem Estatística.
Comparação de Métodos
O ensaio A1c_E nos Sistemas ADVIA Chemistry foram comparados com o Laboratório de Referência Secundário
NGSP (Tosoh G8) por meio da avaliação de até 163 amostras utilizando a análise de regressão PassingBablock
(Figuras 5–10); foi utilizada a regressão linear com os resultados da primeira replicata. A linha de identidade aparece como uma linha sólida nas figuras. O novo ensaio apresentou boa correlação com SRL NGSP. Os dados foram analisados de acordo com CLSI EP09-A3, Comparação de Procedimentos de Medida e Estimativa de Bias Utilizando Amostras de Pacientes. 95,96 e 98% das
amostras testadas na comparação de metodos estão de acordo com o bias de ±5,00% para os Sistemas ADVIA Chemistry 1800, 2400 e XPT, respectivamente.
Erro Total
Os resultados da estimativa do bias (%bias) foram utilizados no estudo de comparação de métodos e a estimativa de precisão no estudo de reprodutibilidade, abrangendo toda a variabilidade associada do ensaio A1c_E dos Sistemas ADVIA Chemistry. O erro total dos níveis listados nas tabelas 4-6 foi calculado utilizando a seguinte equação:
%TE = |%Bias| + 1.96 * %CV * (1 + %Bias / 100 )
Conclusões
O ensaio A1c_E nos Sistemas ADVIA Chemistry demonstrou boa precisão nos resultados dentro do intervalo do ensaio:
repetibilidade de 0,3 a 0,8% CV e precisão intra-laboratorial de até 2% CV.
O ensaio A1c_E dos Sistemas ADVIA Chemistry demonstrou linearidade de 2,69 a 14,60% de HbA1c. O ensaio A1c_E
demonstrou boa correlação; 97% das amostras testadas na comparação de métodos estão com um bias dentro de
±5.00%.
O ensaio A1c_E dos Sistemas ADVIA Chemistry possui um erro total durante todo o intervalo do ensaio menor que 5%
ET.
Todos os resultados mostraram que o ensaio A1c_E dos sistemas ADVIA Chemistry possuem boa capacidade de desempenho
analítico.
O objetivo da Siemens Healthineers é permitir que os fornecedores de serviços no cuidado com a saúde aumentem o seu valor, capacitando-os em sua jornada para expandir a medicina de precisão, transformando a prestação de cuidados e melhorando a experiência do paciente, todos habilitados pela digitalização dos cuidados com a saúde. Estima-se que 5 milhões de
pacientes beneficiam-se globalmente, todos os dias, de nossas tecnologias e serviços inovadores nas áreas de
imagens terapêuticas, diagnósticos laboratoriais e medicina molecular, bem como saúde digital e serviços
corporativos.
Somos uma empresa líder em tecnologia médica, com mais de 170 anos de experiência e 18.000 patentes em todo o mundo. Com mais de 48.000 colegas dedicados em 75 países, continuaremos a inovar e moldar o futuro dos cuidados com a saúde.
ADVIA e todas as marcas associadas são marcas registradas da Siemens Healthcare Diagnostics Inc., ou de suas afiliadas. Todas as outras marcas e marcas registradas são de propriedade de seus respectivos donos.
A disponibilidade do produto pode variar, de acordo com o país e está sujeito aos requisitos regulatórios.
Entre em contato com o seu representante local para saber mais sobre a disponibilidade.
Referências:
1. World Health Organization. Global report on diabetes. 2016.
2. The International Diabetes Federation. IDF DIABETES ATLAS Eighth edition 2017. https://www.idf.org/e-library/epidemiology-research/diabetes-atlas.html.
3. The Diabetes Control and Complications Trial Research Group. The effect of intensive treatment of diabetes on the development and progression of long-term complications in insulin-dependent diabetes mellitus. N Engl J Med. 1993;329:977-86.
4. Benjamin RJ, Sacks DB. Glycated protein update: implications of recent studies, including the diabetes control and complications trial. Clin Chem. 1994;40:683-7.
5. Nathan DM, Kuenen J, Borg R, et al. Translating the A1C assay into estimated average glucose values. Diabetes Care. 2008;31:1473-8.
6. Gerstein HC, Pogue J, Mann JFE, et al. The relationship between dysglycaemia and cardiovascular and renal risk in diabetic and
non-diabetic participants in the HOPE study: a prospective epidemiological analysis. Diabetologia. 2005;48:1749-55.
7. Khaw KT, Wareham N, Bingham S, et al. Association of hemoglobin A1c with cardiovascular disease and mortality in adults: the European prospective investigation into cancer in Norfolk. Ann Intern Med. 2004;141:413-20.
8. Selvin E, Coresh J, Golden SH, et al. Glycemic control and coronary heart disease risk in persons with and without diabetes: The atherosclerosis risk in communities study. Arch Intern Med. 2005;165:1910-6.
9. Duckworth W, Abraira C, Moritz T, et al. Glucose control and vascular complications in veterans with type 2 diabetes. N Engl J Med. 2009;360:129-39.
10. Ismail-Beigi F, Craven T, Banerji MA, et al. Effect of intensive treatment of hyperglycaemia on microvascular outcomes in type 2 diabetes: an analysis of the ACCORD randomised trial. Lancet. 2010;376:419-30.
11. Patel A, MacMahon S, Chalmers J, et al. Intensive blood glucose control and vascular outcomes in patients with type 2 diabetes. N Engl J Med. 2008;358:2560-72.
12. Siemens Healthcare Diagnostics. ADVIA 1800/2400 Chemistry A1c_E assay instructions for use. PN 11275439_EN, rev. A.
Tarrytown (NY): Siemens; 2018
13. International Expert Committee report on the role of the A1C assay in the diagnosis of diabetes. Diabetes Care. 2009;32:1327-34.
14. Hoelzel W, Weykamp C, Jeppsson JO, et al. IFCC reference system for measurement of hemoglobin A1c in human blood and the
national standardization schemes in the United States, Japan, and Sweden: a method-comparison study. Clin Chem. 2004;50:166-74.
15. UK Prospective Diabetes Study (UKPDS) Group. Intensive bloodglucose control with sulphonylureas or insulin compared with
conventional treatment and risk of complications in patients with type 2 diabetes (UKPDS 33). Lancet. 1998;352:837-53.
16. American Diabetes Association. Classification and diagnosis of diabetes. Sec. 2. In Standards of Medical Care in Diabetes-20017.Diabetes Care. 2017;40 (Suppl. 1):S11–S24.
17. Rohlfing CL, Parvin CA, Sacks DB, et al. Comparing analytic performance criteria: evaluation of HbA1c certification criteria
as an example. Clin Chim Acta. 2014;433:259-63.
18. The National Glycohemoglobin Standardization Program (NGSP). Harmonizing Hemoglobin A1c Testing. Certified Methods and
Laboratories. http://www.ngsp.org/certified.asp.
Siemens Healthineers Diagnósticos LTDA
Av. Mutinga, 3800
4º e 5º Andares – Pirituba
05110-902 – São Paulo – SP
www.healthcare.siemens.com.br
Artigo disponível também na Seção Radar Científico da Revista Newslab Ed 156.