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Artigo científico

ARTIGO I – ED 166 | A Importância da Aplicação de Novas Metodologias no Diagnóstico da Toxoplasmose em Pacientes Imunossupressos

The Importance of the Application of New Methodologies in the Diagnosis of Toxoplasmosis in Immunossupressed Patients

 

Stéfani Werlang Sacon1, Allyne Cristina Grando1

1Universidade Luterana do Brasil (ULBRA). Canoas, RS, Brasil

 

 

Resumo

A detecção da toxoplasmose com as técnicas de imunoensaios padronizadas no mercado nem sempre se mostra eficaz no diagnóstico dos imunossupressos, das gestantes e dos neonatos, uma vez que esses pacientes possuem uma capacidade reduzida de geração de anticorpos detectáveis nestes métodos. Com a falha no diagnóstico precoce e preciso da doença diversas sequelas podem ser registradas nos pacientes afetados, sequelas que acabam gerando diversos gastos para a saúde pública. Este artigo de revisão visa mostrar as técnicas promissoras no diagnóstico destes pacientes, principalmente as moleculares utilizando a reação em cadeia da polimerase, bem como apresentar as vantagens e desvantagens da implementação destas técnicas na rotina clínica.

Palavras-chave: Toxoplasmose, Toxoplasma gondii, imunossupressos, reação em cadeia da polimerase, diagnóstico.

 

Abstract

The detection of toxoplasmosis with the market standardized techniques do not always prove effectiveness in the diagnosis of immunosuppressed, pregnant and neonates, once those patients have a reduced ability for creation of antibodies that are detectable through these methods. With failure of early and precise disease diagnosis, several sequels can be registered in the affected patients, sequels that end up creating several expenses for public health. This review article intends to show the promising techniques for diagnosis of those patients, mainly the molecular, using the polymerase chain reaction, as well as showing the advantages and disadvantages of the implementation of techniques on clinical routine.

Keywords: Toxoplasmosis, Toxoplasma gondii, imunossupressed, polymerase chain reaction, diagnosis.

 

 

 

  1. Introdução

O Toxoplasma gondii é um protozoário intracelular obrigatório que infecta mundialmente cerca de um terço da população humana¹. Foi descoberto por acidente em 1908 por Nicolle e Manceaux na Tunísia enquanto os pesquisadores buscavam estudar casos de Leishmania sp, neste mesmo ano o parasita foi encontrado no Brasil por Splendore². O T. gondii está diretamente ligado aos felinos, uma vez que o seu ciclo biológico se completa no intestino delgado dos mesmos³, os tornando os hospedeiros definitivos do parasita. Um gato que está infectado pode liberar milhões de oocistos em suas fezes sem apresentar qualquer sintoma da doença, estes oocistos irão sobreviver no meio ambiente por meses se as condições de temperatura e umidade forem favoráveis².

Quando os gatos ingerem animais contaminados, como por exemplo os ratos, os bradizoítos serão liberados no intestino do felino, irão infectar as células da mucosa e se diferenciarão em gametócitos masculinos e femininos; os gametas vão se fundir e formar os oocistos que serão excretados nas fezes dos gatos, contaminando o solo, a água e os alimentos; animais e humanos que consumirem estes alimentos ou esta água poderão ser infectados, completando assim, o ciclo do T. gondii4.

A infecção nos humanos começa quando há o consumo de carne mal-cozida contaminada com os cistos ou quando há contato direto com as fezes dos gatos contaminados5. No intestino há a ruptura dos cistos, que invadem a parede intestinal, são ingeridos pelos macrófagos para então se tornar taquizoítos que se multiplicam rapidamente, estes matam as células onde estão e infectam outras. Quando há a resposta do sistema imunológico, os parasitas entram nas células dos tecidos e se diferenciam em bradizoítos, que é uma forma de multiplicação lenta4.

O consumo de carne mal-cozida seria um dos possíveis motivos pelos quais o Rio Grande do Sul possui uma prevalência alta de toxoplasmose ocular, principalmente no Noroeste do estado. Isso poderia ser explicado pela colonização europeia expressiva e junto com ela alguns hábitos de criar porcos e consumir sua carne, nem sempre bem cozida, assim como salames e outros defumados, por exemplo. Os descendentes destes imigrantes que mantiveram estes hábitos de vida e alimentares estariam, teoricamente, mais expostos à doença6. No Brasil a prevalência do parasita em humanos possui uma ampla gama que vai de 64,9% a 91,6% dependendo da região estudada7.

Em indivíduos imunocompetentes a toxoplasmose raramente causa sintomas ou outros problemas sérios, apenas entre 10 e 20% dos casos são sintomáticos e relatam linfadenopatia cervical. Os mais afetados pelo parasita são as gestantes, os recém-nascidos de gestantes contaminadas e os imunossupressos, uma vez que seu sistema imunológico está depreciado¹. Como a gestação é apontada como uma forma de imunossupressão8, as complicações nestas pacientes também serão abordadas neste artigo de revisão. Em gestantes, a infecção com o parasita pode causar aborto ou trazer complicações severas ao feto como, por exemplo, coriorretinite e retardo no desenvolvimento. Em imunossupressos pode causar encefalite e infecções sistêmicas, levando à morte¹.

 

  1. Gestantes e Recém-Nascidos

As gestantes que já tiveram contato com o parasita antes de engravidar e que já tenham desenvolvido imunidade não irão transmitir a infecção ao feto, a não ser que haja uma reativação da doença durante a gestação, o que é comum em pacientes com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), em mulheres que estejam recebendo corticóides, que possuam alguma outra doença hematológica maligna ou estejam recebendo qualquer outro tipo de imunossupressor. Os danos causados irão depender da virulência da cepa do parasita, da integridade do sistema imune da gestante e do período gestacional em que a mulher está9,10. O fato de que os sintomas na mãe sejam brandos não significa que isso se aplica ao feto e, quanto mais cedo na gestação a mãe se contaminar com o T. gondii ou reativar a doença, mais graves serão os danos causados ao feto1,10.

Caso a infecção ocorra no primeiro trimestre da gestação as chances de contaminação do feto são baixas (15%), pois a placenta possui dimensões pequenas tornando mais difícil o acesso do T. gondii a esse tecido, entretanto, caso a infecção se estabeleça as consequências podem ser gravíssimas uma vez que é nesse período gestacional que ocorre a organogênese, podendo ocorrer inclusive a morte fetal. No segundo trimestre com o aumento da placenta, a chance de infecção fetal também aumenta (30%), mas como a organogênese já ocorreu as consequências serão menos graves, nesse caso poderá ocorrer a Tétrade de Sabin (retinocoroidite, calcificações cerebrais, retardo mental e hidrocefalia com macro ou microcefalia). Já no terceiro trimestre a chance de infecção fetal é de 60% mas as consequências causadas não são tão graves, a criança poderá nascer normal e em alguns dias ou meses após o parto existe a possibilidade de que ela desenvolva febre, manchas pelo corpo e cegueira8,10. O Ministério da Saúde (MS) preconiza que o tratamento seja realizado com espiramicina, alternada ou não com sulfadiazina, ácido folínico e pirimetamina dependendo da idade gestacional e infecção fetal11. É importante salientar que este tratamento, mesmo com a reposição do ácido folínico, pode causar teratogênese, mostrando a importância de iniciar o tratamento apenas quando se tem certeza de que há realmente uma infecção ativa8. Em 2010 foi aprovada a lei estadual n° 13.592 onde, no Estado do Rio Grande do Sul, tornou-se obrigatório o exame de toxoplasmose em gestantes e recém-nascidos dos hospitais públicos e privados que dispõem do Sistema Único de Saúde (SUS)12.

Um artigo de Quadros et al. (2015) mostra que na França, em 8 anos houve uma redução da prevalência de toxoplasmose de 10,5% com a implantação de medidas de higiene e mudança dos hábitos alimentares das gestantes13, isso mostra que se o SUS investir em políticas de prevenção e de conhecimento da toxoplasmose por parte da população a prevalência da doença tende a cair com o passar dos anos. Em Londrina, no Paraná, foi implantado no ano de 2006 o “Programa de Vigilância da Toxoplasmose Congênita”, que em 4 anos reduziu em 63% o número de gestantes infectadas e em 42% o número de crianças encaminhadas aos serviços de referência, aumentando a disponibilidade de vagas para que pacientes com outras doenças sejam atendidos14.

De acordo com o Manual Técnico de Gestação de Alto Risco, do Ministério da Saúde (2012), recomenda-se a triagem por meio da detecção de anticorpos da classe IgG e IgM na primeira consulta de pré-natal, caso a gestante tenha sorologia negativa para IgM e IgG no primeiro exame deverá ser realizado um acompanhamento sorológico a cada dois ou três meses15. Estudos que apontam que a gestação é uma forma de imunossupressão não descartam a reativação de infecção latente também em gestantes8, e ainda mostram a necessidade da utilização de outras técnicas no diagnóstico, pois a detecção de anticorpos tanto na mãe quanto no feto atingem um percentual de detecção de apenas 89,9% devido às mudanças hormonais na mãe e à imaturidade do sistema imunológico do recém-nascido16, nota-se também que a sensibilidade e especificidade da IgM não é de 100% como costuma-se pensar, ela varia de 77,5% a 99,1% e 93,3% a 100%, respectivamente8. Outros estudos também mostram que existem falhas na produção de IgM e IgG nas primeiras semanas da infecção, tornando difícil a correta detecção da parasitemia tanto no feto quanto na mãe17. Além disso, a detecção de IgM também só se mostra eficaz em 75% das crianças testadas18. A incerteza no diagnóstico pode condenar o feto a sequelas gravíssimas, que além de afetar a família afetariam a sociedade como um todo, pois os gastos gerados ao sistema público de saúde são indiscutivelmente elevados8.

Em Bernardino do Campo, no estado de São Paulo, em um estudo realizado com amostras de soro de 308 gestantes, a prevalência de anticorpos IgM foi de 5,84% e a de IgG foi de 65,59%, sendo que 28,57% das gestantes ainda corriam risco de desenvolver a doença durante a gestação e prejudicar o feto19. No Paraná a prevalência de IgG positiva foi de 51,7%. A positividade de IgM foi detectada em 29 mulheres (1,3%) sendo que 28 delas possuíam IgG de alta avidez, indicativo de infecção anterior à gestação, não oferecendo riscos ao feto. Uma das gestantes que possuía IgG de alta avidez teve os anticorpos detectados apenas após a 16ª semana de gestação, o que não exclui a possibilidade de que ela tenha se contaminado com o parasita logo no início da gravidez e que o feto possa vir a desenvolver problemas20. No Noroeste do Rio Grande do Sul, foram analisadas amostras de 2.126 gestantes, sendo que 74,5% apresentaram anticorpos específicos anti-T. gondii, e 3,6% foram IgM reagentes. Em 25,1% das gestantes não foram identificados anticorpos, o que as torna suscetíveis à infecção durante a atual gestação ou em gestações futuras5. Estudos realizados na cidade de Santo Antônio da Patrulha, também no Rio Grande do Sul, apontam uma prevalência de toxoplasmose em gestantes de 53,3% sendo que 46,7% estavam suscetíveis à infecção, neste estudo não foram detectados anticorpos IgM21. Em Hong Kong, na Argélia e na França foram encontradas prevalências de toxoplasmose em gestantes de 9,8%, 49% e 83%, respectivamente5.

 

  1. Transplantados e HIV Positivos

A infecção por T. gondii e suas complicações em pacientes com Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) é considerada uma das maiores causas de mortalidade e complicações sistêmicas17. Embora seja rara em pacientes que recebem transplantes de órgãos sólidos, quando se manifesta a toxoplasmose disseminada é conhecidamente mortal, quando se manifesta traz complicações severas que em sua maioria levam a óbito, principalmente quando a terapia com cotrimazol é iniciada mais tarde do que deveria22. Nestes pacientes imunossupressos a toxoplasmose pode causar graves problemas, que serão fatais se não forem reconhecidos e tratados da forma correta e rapidamente. Normalmente nestes pacientes a infecção ocorreu antes de eles se tornarem imunossupressos, ficando em estado de latência e se reativando com o comprometimento do sistema imunológico, uma vez que são as imunidades celular e humoral que irão diminuir a velocidade de multiplicação do parasita (que assume forma cística de resistência) bem como sua ação patogênica nos tecidos9. Com a baixa capacidade de geração de anticorpos várias complicações podem surgir17, e sem o combate ao parasita cada vez mais danos poderão ser causados pela infecção16.

Um relato de caso feito por Patrat-Delon et al. (2010) mostra que um paciente que recebeu um transplante de coração possuía sorologias indicativas de infecção passada, bem como o doador do órgão, ambos possuíam IgG positiva de alta avidez e IgM negativas. Ao realizar o transplante foi feita uma profilaxia padrão, que normalmente é utilizada contra Pneumocystis sp, antes do início da terapia de imunossupressão. Essa terapia padrão, ao ser interrompida para o início da imunossupressão, facilitou que o T. gondii se multiplicasse e causasse uma infecção disseminada no paciente. O paciente em questão seguiu com inúmeras complicações causadas tanto pelo T. gondii quanto por outros patógenos e precisou ficar internado em uma clínica de reabilitação por mais de um ano22. Normalmente os transplantes de coração e coração-pulmão associados estão mais ligados à transmissão do T. gondii a receptores de órgãos soronegativos23,24, já os transplantes de medula óssea estão associados à reativação da doença passada, sendo estes os que possuem uma maior taxa de mortalidade22.

A reativação da doença também pode ocorrer em pacientes HIV positivos que não seguem o tratamento corretamente, e com pessoas recebendo quaisquer terapias imunossupressoras. Existem casos, embora raros, de infecção primária após o transplante, sendo estes os pacientes que não apresentavam nem IgM e nem IgG positivas antes da imunossupressão. No caso de um transplante de órgão sólido, o órgão pode estar contaminado com a forma latente do parasita em forma cística, o bradizoíto, que comumente fica em forma de latência no coração, no cérebro e no músculo esquelético16,23, após o transplante o protozoário será carreado pelo órgão até o receptor, que por estar imunossupresso irá desenvolver sintomas graves como, por exemplo, encefalite, miocardite e infecção sistêmica, e em raros casos pneumonia25. Um estudo feito por Robert-Gangneux et al. (2015) mostrou que a detecção do T. gondii em imunossupressos foi muito maior nos pacientes que não eram portadores do vírus HIV, sendo estes pacientes os que receberam algum transplante e estão em tratamento com imunossupressor24. De acordo com Weiss e Dubey (2009) a incidência de toxoplasmose devido a transplantes de órgãos é atualmente desconhecida, pois não há um registro definitivo feito destes casos1,24, mas alguns estudos retrospectivos são mostrados na Tabela 1. O número de mortes por toxoplasmose vistos neste estudo não são expressivos, mas como diversos pacientes foram perdidos para acompanhamento muitos casos podem ter ficado sem o diagnóstico final da doença e, como observado anteriormente, não existe um registro definitivo dos casos, tornando estes números pouco fidedignos23. Como o diagnóstico definitivo da encefalite toxoplásmica nos imunossupressos se dá através de técnicas histopatológicas extremamente invasivas, a padronização de novas técnicas seria de extrema utilidade26.

De acordo com um estudo realizado em 1990, o T. gondii causou pneumonia em 5% dos pacientes com AIDS em estágio avançado com uma taxa de mortalidade de 35%1. Em Pelotas, no Rio Grande do Sul, um estudo com 250 pacientes HIV positivos detectou uma prevalência de anticorpos IgG de 80% entre os mesmos, mas não foi detectada positividade para IgM. Esta prevalência foi mais alta do que a encontrada em gestantes (54,8%) e doadores de sangue (57,5%) na cidade. A prevalência entre os imunossupressos encontrada neste estudo foi similar à encontrada no Pará (82,9%) e na Bahia (77,3%)27. Estes pacientes são provavelmente aqueles que seguem o tratamento do HIV de forma correta, e mesmo que possuam a forma latente do T. gondii, o parasita ainda não achou o momento propício para causar a reinfecção. Um problema que os pacientes que já tiveram toxoplasmose e foram tratados enfrentam é que a maioria dos medicamentos utilizados no tratamento não são efetivos contra as formas císticas do parasita, assim os bradizoítos ficarão nos tecidos em forma cística aguardando o momento apropriado para se multiplicar novamente e reinfectar o paciente28.

Uma rápida detecção da doença faria o tratamento ser iniciado precocemente, evitando sequelas e aumentando a sobrevida destes pacientes em até 60%25, diminuindo também seu tempo de permanência no hospital e os gastos desnecessários com internação e tratamento28.

 

  1. Diagnóstico

O diagnóstico da toxoplasmose é feito principalmente com testes imunológicos de pesquisa de anticorpos IgM (fase aguda) e IgG (fase crônica) no soro do paciente através das técnicas de imunoensaio, como ELISA (enzyme linked immuno assay), ELFA (Enzime linked fluorescent assay) e as de quimioluminescência, como CMIA (chemioluminescent microparticle immuno assay), menos comumente também se pode pesquisar IgE e IgA7, a última costuma ser produzida antes da IgM e pode durar por vários meses, embora de maior custo29, a detecção destes anticorpos em neonatos pode indicar infecção ativa com a produção de anticorpos próprios, uma vez que as mesmas não atravessam a placenta3. Quando apenas IgM e IgG são dosadas é difícil distinguir infecção latente de infecção recente, então se faz necessário o uso de um teste de detecção de avidez de IgG. A presença de IgG de baixa avidez juntamente com a presença de IgM sugere infecção primária. A presença de IgG de alta avidez concomitantemente com dosagens positivas de IgM sugere uma reativação da infecção latente ou da persistência de IgM no soro. Entretanto avidez baixa não significa necessariamente uma infecção recente, pois estes anticorpos de baixa avidez podem permanecer no soro do paciente por alguns meses7 e as IgMs residuais podem permanecer por períodos de até 12 meses17. Outras técnicas que não são muito usadas frequentemente, mas que podem ser utilizadas são as de hemaglutinação (pode levar a falso-positivos devido à reação cruzada), imunofluorescência indireta (permite a titulação das Ig’s, mas seu resultado de IgM não é muito sensível devido à competição com IgG’s, o que pode causar resultados falso-negativos), e a técnica de Sabin-Feldman (identifica o parasita no sangue apenas durante a fase aguda da doença)7,19,29.

Além destes métodos, outro que chama atenção por seus resultados sensíveis principalmente para detecção de cistos em tecidos é o bioensaio23, onde a amostra a ser pesquisada é inoculada em camundongos knockout que depois são analisados para a identificação do parasita em seu líquido peritoneal ou em seus tecidos através de técnicas histológicas e de soroconversão. Entretanto esta técnica consome muito tempo com os animas, é consideravelmente cara e expõe os funcionários ao risco de contaminação18. Ela costumava ser muito utilizada no início do desenvolvimento e padronização de novos métodos, como mostram os estudos de Joss et al. e de Khalifa et al., de 1993 e 1994 respectivamente, para auxiliar na comparação de resultados e avaliação da sensibilidade e especificidade das variações da técnica que estava sendo testada e possuía resultados considerados encorajadores30,31.

 

  1. Métodos Moleculares

Inicialmente, por volta da década de 90, os métodos moleculares não apresentavam sensibilidade e especificidade satisfatórias para a detecção do T. gondii, pois os laboratórios ainda não possuíam o conhecimento necessário a respeito do manejo das amostras e da técnica específica para detecção do parasita32. Após vários estudos em diferentes países essas técnicas têm despontado em vantagens, uma vez que se baseiam na amplificação enzimática in vitro de determinado segmento de DNA do parasita, possibilitando a execução do método com quantidades pequenas de amostras em um curto período de tempo, sendo assim, hoje em dia, muito específicas na pesquisa do T. gondii. Sua elevada sensibilidade jaz na sequência gênica correta a ser amplificada, na ausência de inibidores da enzima, e na amostra de escolha para análise29.

Sabidamente o diagnóstico pelas formas convencionais estabelecidas pelo Center of Disease Control (CDC) se encontra prejudicado nos pacientes imunossupressos devido à baixa capacidade para gerar os anticorpos em títulos elevados o suficiente para serem detectáveis17, 28, 33, 34. Os testes que estão no mercado usam antígenos direcionados especificamente aos taquizoítos, que são menos antigênicos que determinadas proteínas. Estudos têm mostrado que algumas das proteínas expressas pelo parasita poderão induzir uma resposta imune detectável também nos pacientes imunossupressos28.

Proteínas recombinantes têm se mostrado muito promissoras, e acabam utilizando métodos que necessitam de biologia molecular e biotecnologia29,35. Um estudo feito por Arab-Mazar et al. (2016) mostra que a proteína GRA7 expressa pelo parasita, possui maior antigenicidade e expressão do que os antígenos de superfície dos taquizoítos, pois foi desenvolvida por métodos de clonagem gênica, não possuindo as impurezas que os antígenos de mercado possuem, dessa forma interagindo melhor com os anticorpos anti-GRA7 do soro do hospedeiro mesmo ele sendo imunossupresso, pois seriam anticorpos produzidos em grande quantidade e de longa duração. Está se tentando padronizar uma técnica de ELISA baseada na detecção de anticorpos para esta proteína purificada e os resultados se mostram promissores28.

Diversos métodos moleculares vêm sendo testados para chegar a conclusões definitivas a respeito de qual seria o mais adequado para a detecção do T. gondii seja em amostras de sangue, de lavado broncoalveolar (LBA), de líquido amniótico (LA) ou de líquido cefalorraquidiano (LCR), sendo a reação em cadeia da polimerase (PCR) convencional um dos mais utilizados nos fluídos biológicos citados anteriormente29. Com a grande variedade de métodos testados em diversos países, foram testados no Brasil quatro métodos de PCR que tiveram suas especificidade e sensibilidade comparadas, como é mostrado na Tabela 2.

Observando os resultados obtidos pôde-se notar que a real-time PCR se mostrou mais sensível e específica que as outras três técnicas testadas, isso pode ser explicado pela diminuição de etapas da técnica, evitando maior tempo de manipulação da amostra e assim, evitando possíveis erros relacionados a isso36.

Na França foi observado que o T. gondii é melhor detectado na PCR quantitativa utilizando o gene REP-529 ao invés do até então utilizado gene B137, o primeiro se repete cerca de 200 vezes no genoma do parasita enquanto que o segundo se repete apenas 35 vezes23, porém estudos mostraram que há variações no número de repetições de ambos os genes dependendo da cepa do parasita estudada38. Assim, devido ao seu maior número de repetições, o REP-529 tornaria possível detectar precocemente uma baixa carga parasitária nas amostras do paciente. Entretanto, na América do Sul os resultados não foram reprodutíveis, acredita-se que as cepas de T. gondii que possuímos aqui sejam diferentes e mais patogênicas do que as européias, sendo assim o gene B1 foi mais sensível e específico para os casos daqui do que o gene REP-52939, entretanto o gene B1 também apresenta a desvantagem de amplificar determinadas regiões dos cromossomos humanos, tornando necessária uma avaliação cuidadosa dos resultados17. O gene B1 acabou gerando duas vezes mais resultados falso-negativos do que o gene REP-529 em um estudo realizado por Hierl et al. na Alemanha em 200434. A grande diversidade de cepas já isoladas do parasita (cerca de 1500) acaba fazendo com que nem todas as técnicas de PCR padronizadas e testadas na Europa funcionem aqui e vice versa, por esse motivo ressalta-se a importância dos trabalhos feitos no Brasil29, nota-se também que as altas sensibilidades encontradas nas técnicas de PCR executadas aqui no Brasil e em Cuba (de 69 a 83%) podem estar relacionadas à alta virulência do parasita23.

Devido à alta prevalência de toxoplasmose na França, acabou sendo criado um guia de controle de qualidade para que as diversas técnicas moleculares utilizadas nos laboratórios sigam determinadas normas para evitar resultados falso-positivos e falso-negativos40. A grande dificuldade de padronização das técnicas está no fato de que a grande maioria delas é desenvolvida in house e cada laboratório adota uma metodologia diferente41. Na Líbia, Gashout et al. (2016) conseguiram padronizar uma técnica de semi-nested-PCR que foi capaz de detectar concentrações mínimas do T. gondii nos fluídos corporais analisados, mostrando especificidade e sensibilidade elevadíssimas, fazendo com que a realização de PCR na rotina clínica se torne algo cada vez mais próximo42.

Em um caso de reativação da toxoplasmose em um paciente que recebeu transplante de células tronco, a PCR em tempo real (rt-PCR) e a PCR associada ao ELISA mostraram-se eficazes para detecção precoce da doença e para a avaliação da eficácia do tratamento, os sintomas clínicos, neste caso, apareceram uma semana depois da positividade da PCR, mostrando que estas técnicas podem ser utilizadas no diagnóstico precoce antes que haja complicações, no acompanhamento da evolução de casos de pacientes que estejam em alto risco de desenvolver toxoplasmose e na monitorização terapêutica, principalmente quando o paciente precisa ter um tratamento com baixas doses dos medicamentos ou precisa postergar o início das medicações por complicações sistêmicas43. Isso seria de extrema valia nos pacientes que recebem transplante de órgãos sólidos, pois não são todos os medicamentos contra o T. gondii que eles podem receber devido à toxicidade que poderia levar à rejeição do órgão transplantado, ou até mesmo a complicações hepáticas, sendo essa uma situação extremamente delicada22.

 

  1. Considerações Finais

Por enquanto parece ser relativamente inviável tornar o diagnóstico molecular o padrão ouro para detecção de toxoplasmose devido ao alto custo inicial para a implantação na saúde pública, algo que se sabe não ser possível. Em 2002, Bastien já defendia a ideia de que o desenvolvimento de novas técnicas deveria visar a utilização na rotina hospitalar44. Numerosos testes têm sido desenvolvidos desde então, e muitos outros já se encontram disponíveis no mercado, mas nenhum deles foi validado com uma quantia considerável de amostras clínicas45, pois ainda não foi estabelecido um consenso definitivo a respeito da melhor técnica17. O interessante é que conforme a demanda aumente ao longo dos anos, o custo destes métodos diminuirá, tornando assim possível a detecção precoce do T. gondii nos pacientes imunossupressos e em pessoas com perfil sorológico de difícil interpretação, principalmente nas gestantes que possuem IgM positiva com IgG de alta avidez, pois as técnicas permitiriam diferenciar entre IgMs persistentes e reinfecção recente46. A rt-PCR, embora permaneça cara, se mostrou útil para quantificar a carga parasitária18, mas parece se adequar melhor para monitorar a eficácia do tratamento43 e também auxiliar na detecção da parasitemia nas gestantes, evitando uma intervenção terapêutica desnecessária46, a PCR quantitativa também se mostra útil nestes casos, uma vez que pode detectar a parasitemia de forma bastante precoce e ajudar na tomada de decisões e manejo terapêutico47.

É de extrema importância que cuidados sejam tomados tanto para a padronização da técnica quanto na análise das amostras posteriormente, não podendo existir inibidores da técnica, pois assim muitos resultados falso-negativos seriam encontrados26. É importante lembrar que as amostras de sangue nem sempre são a melhor escolha diagnóstica, pois em sua maioria elas irão detectar apenas se houver uma passagem do parasita pelo sangue, não sendo capazes de detectar, por exemplo, pneumonia e encefalite causadas pelo T. gondii, sendo que nestes casos pode-se utilizar como amostra biológica o LBA e o LCR, respectivamente17. O diagnóstico de toxoplasmose ocular também pode ser feito utilizando amostras de humor aquoso, uma vez que o sangue total não fornece a sensibilidade necessária nestes casos48,  podendo se observar que a PCR não tem relação com a presença de lesões oculares e o grau de parasitemia, tendo uma positividade baixa nas crianças com menos de dois meses de vida38. Ao implementar estas medidas se evitariam procedimentos invasivos em pacientes que, na maioria das vezes, encontram-se em uma situação de saúde muito delicada, principalmente os que têm suspeita de encefalite e de toxoplasmose disseminada.

Com o surgimento do HIV e o aumento do número de pacientes portadores do vírus, bem como o aumento de pacientes transplantados e imunossupressos por diversas outras doenças, ainda existe um número grande de pessoas em risco de desenvolver complicações causadas pela toxoplasmose, e novas técnicas moleculares se fazem muito necessárias no diagnóstico destes pacientes imunossupressos, neonatos e gestantes, já que uma detecção precoce e uma resolução de casos sorológicos complicados diminuem e muito a morbimortalidade que o T. gondii pode causar17.

Estudos mostram que a prevalência de encefalite toxoplásmica pode chegar a 40% em HIV positivos, sendo que destes pacientes, entre 10 e 30% morrerão por complicações da doença que não é diagnosticada precocemente28, mesmo com o advento da terapia antirretroviral altamente ativa (HAART) e a diminuição dos casos de encefalite toxoplásmica, o número de casos tem se mantido estável ao longo dos anos24, novos métodos não devem ser deixados de lado, visto que ainda assim diversos pacientes optam por não seguir o tratamento devido aos efeitos colaterais causados por ele33,49. O mesmo acontece em casos de gestantes que têm um perfil sorológico de difícil interpretação ou que possuem resultados sorológicos indeterminados ou duvidosos, um diagnóstico mais fidedigno poderia vir a reduzir as complicações causadas ao feto caso sofresse contaminação vertical.

O uso da PCR concomitantemente com técnicas radiológicas e o diagnóstico clínico seria de extrema importância e utilidade33. Os custos seriam altos, mas seriam facilmente recuperados ao diminuir o tempo de hospitalização e os gastos prolongados com medicamentos. Nos Estados Unidos, os gastos anuais com o tratamento e hospitalização de pacientes com toxoplasmose chegam a 7,7 bilhões de dólares, sendo que esta quantia é tão grande principalmente devido às complicações causadas ao feto pela transmissão via placenta8. Embora demorado, com certeza haveria um retorno financeiro ao evitar tratamentos e internação prolongados dos pacientes em maior risco26. Entretanto, para a utilização faz-se necessário que os métodos diagnósticos de ponta sejam aprovados e liberados para o uso pelo SUS e mão-de-obra qualificada seja contratada para a realização das técnicas.

 

  1. Conflito de Interesses

Os autores declaram que não existem conflitos de interesses.

 

  1. Referências Bibliográficas

 

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TABELA 1 – Toxoplasmose relacionada ao transplante de órgãos sólidos *
PAÍSES ÓRGÃOS TRANSPLANTA-DOS N° DE PACIEN-TES N° PACIENTES COM TOXOPLASMOSE ADQUIRIDA APÓS TRANSPLANTE N° DE MORTES POR TOXOPLASMOSE
UKα Coração e Fígado 580 12 4
EUAβ Coração 1.551 8 4
Suíça Coração e Fígado 219 17 0
Espanha Coração, Fígado e Rim 14.875 24 3
Itália Coração 119 12 0

 

* Em todos os países acima citados houveram pacientes perdidos para acompanhamento, tornando estes números apenas estimados; α Reino Unido; β Estados Unidos;

Tabela adaptada de Robert-Gangneux e Dardé (2012)23

 

 

TABELA 2 – DESEMPENHO de quatro métodos diferentes de pcr (%)

técnica Sensibilidade Especificidade VPP* VPN**
pcr convencional 84,7 100 100 82
nested-pcr 98,3 90,2 93,5 97,4
multiplex-nested pcr 96,6 100 100 95,3
real-time pcr 98,3 100 100 97,6

Se: Sensibilidade; Esp: Especificidade; VPP: valor preditivo positivo; VPN: valor preditivo negativo.

* Entende-se por Valor Preditivo Positivo a chance do paciente ter a doença caso o resultado do teste seja positivo; **Entende-se por Valor Preditivo Negativo a chance do paciente não ter a doença caso o resultado do teste seja negativo

Tabela adaptada de Teixeira et al. (2013)36

 

 

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