Imunização ante vacinação
Immunization before vaccination
Recebimento dos originais: 20/12/2020
Aceitação para publicação: 24/01/2021
Fabiano de Abreu Rodrigues
Mestre e PhD em Psicologia da Saúde pela Université Libre des Sciences de l’Homme de Paris; Mestre e PhD em Ciências da Saúde nas áreas de Psicologia e Neurociências pela Emil Brunner World University; Mestre em Psicanálise Freudiana e Lacaniana pelo Instituto e Faculdade Gaio. Especialização em Propriedades Elétricas dos Neurônios em Harvard. Especialização em Nutrição Clínica pela TrainingHouse. Pós Graduação em Neurociência pela Faveni e Neuropsicologia pela Cognos. Neurocientista, neuropsicólogo, psicanalista, jornalista e filósofo. Membro da SPN – Sociedade Portuguesa de Neurociências – 814, da SBNEC – Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento – 6028488, e da FENS – Federação Européia de Neurociências – 814. : Rua Costinha, Bairros, Castelo de Paiva, Aveiro, Portugal. E-mail: deabreu.fabiano@gmail.com
RESUMO Propõe-se o seguinte artigo demonstrar de que forma os testes serológicos podem ser aliados na realização dos processos da vacinação contra a covid-19. Em período de escassez de doses da vacina, não sendo suficientes até para os grupos prioritários, os testes serológicos podem funcionar como um pré teste, procurando traços de imunidade no indivíduo e, dessa forma recoloca-lo na cadeia de vacinação. Assim, a imunidade de grupo é atingida mais rapidamente, numa melhor gestão de recursos. Outro ponto a referir é a relação entre os testes serológicos e o nível de ansiedade experienciada pelos indivíduos que esperam pela imunização. Um indivíduo com consciência de que já teve contacto com o vírus da covid-19 e, consequentemente, possui proteção por determinado período de tempo. Esse factor contribui para baixar ou não os níveis de ansiedade já que, como sabido o sistema imunológico tem forte caráter emocional.
Palavras chave: imunológia; teste serológico; vacinação; ansiedade
ABSTRACT It is proposed in the following article, demonstrate how serological tests can be allied in the process of vaccination against covid-19. In periods of shortage of vaccine doses, not being enough even for priority groups, serological tests can work as a pre-test, looking for traces of immunity in the individual and thus put him/her back in the vaccination chain. Thus, group immunity Will be achieved more quickly, in a better resource management. Another point to note is the relationship between serological tests and the level of anxiety experienced by individuals waiting for immunization. An individual who is aware that he has already had contact with the covid-19 virus and consequently has protection for a certain period of time. This factor contributes to lowering or not the levels of anxiety because, as we know, the immune system has a strong emotional character.
Keywords: immunology; serological test; vaccination; anxiety
1 INTRODUÇÃO Primeiramente é necessário esclarecer alguns conceitos fulcrais para o entendimento deste trabalho. Saber como funciona o nosso sistema imunológico, de que forma é adquirida a imunidade, de que se trata um teste serológico e como este funciona. Seguidamente tentar compreender a correlação entre o fator ansiedade e o próprio sistema imunológico e como os testes serológicos podem aplacar, para alguns indivíduos, dúvidas que os possam desequilibrar internamente. Há ainda a pretensão de explicar como os testes serológicos podem ser utilizados para ajudar os países a compreenderem o nível de imunidade de grupo e a elaborar os planos de vacinação. Após debate, segue em conclusão de que forma um indivíduo sujeito a pressões e dúvidas, lidando com grande nível ansiedade pode ver o seu sistema imunológico afetado.
- Os testes sorológicos têm por premissa verificar se uma pessoa está protegida contra uma doença infecciosa. Importante será referir que esta pode ou não apresentar sintomas. Estes testes, após colheita de sangue e utilizando o soro sanguíneo procuram a presença de anticorpos específicos capazes de neutralizar antigênicos ou substâncias produzidas pelos agentes infecciosos ou tóxicos. Enquanto o indivíduo não é vacinado, os testes podem ser realizados, em determinados períodos de tempo, para saber se este teve em contato com o vírus e, em caso de a resposta ser positiva. Os testes sorológicos podem revelar-se úteis em diferentes aspectos, primeiramente no conhecimento geral do patamar da doença, depois numa fase avançada, funcionar como um indicador de que as pessoas capazes de regressar a um quotidiano sabendo quem já possui algum grau de proteção e terceiro ajudar na concretização e elaboração dos planos de vacinação.
- Falando em imunidade, genericamente é a proteção, inata ou adquirida, contra um agente infeccioso ou tóxico. Estes agentes podem ser toxinas, fungos, vírus, bactérias ou parasitas.
De cada vez que o nosso organismo contacta com um agente estranho e patogénico inicia-se a imunização no caso específico da covid-19, as respostas alteram conforme a idade e o estado de saúde. Por norma, em indivíduos mais novos e sem doenças associadas manifesta-se de forma ligeira, contudo, as pessoas mais velhas e/ou doentes crónicos podem desenvolver respostas mais severas e tendem a desenvolver casos clínicos de evoluções mais graves que se refletem numa maior mortalidade.
- Existem dois tipos distintos de Imunidade: inata e adquirida.
A capacidade do nosso corpo de proteger-nos contra agentes invasores é chamada de imunidade. Esta pode ser classificada de duas formas: inata e adquirida. A imunidade inata é a que o indivíduo possui desde o seu nascimento. Nela temos barreiras naturais agindo, como pele e mucosas, e também agentes internos, como leucócitos e células fagocíticas. Nesse tipo temos uma resposta inespecífica. A imunidade adquirida ocorre ao longo do desenvolvimento do indivíduo e é mais especializada. Para ser desenvolvida, necessita do contato com um agente invasor, o qual desencadeará uma série de eventos que levam à ativação de determinadas células e à síntese de anticorpos. A imunidade adquirida pode ser classificada em humoral ou mediada por células. Aquela é mediada pelos anticorpos, e esta, pelos linfócitos T.
- O emocional interfere de forma mais ou menos alargada no nosso sistema imunitário isto porque, indivíduos que experienciam níveis mais agravados de ansiedade ou estresse têm maior tendência a adoecer. A ansiedade que se potencializa mediante o receio, a incógnita, a agonia e outros sentimentos negativos que desregulam os nossos neurotransmissores. Eles são os mensageiros químicos responsáveis pela regulação do nosso sono, sede, humor, atenção, memória, motivação, músculos, sentidos, etc. A disfunção nesses mensageiros resulta em inúmeras doenças.
A pandemia da covid-19 mostrou toda a sua expressão nestes últimos meses, os números de infetados e mortos acumulam a cada dia e a vacina para alcançar a tão desejada Imunidade de grupo parece ser a única solução eficaz. A vacina foi tentada utilizando diferentes métodos como vírus vivos atenuados, vírus inativos, vírus manipulados geneticamente, proteínas recombinantes, adjuvantes imunológicos, ácidos nucleicos (ADN e ARN), moléculas semelhantes a vírus (mas sem material genético viral) e pépticos (complexos de aminoácidos). Contudo a sua produção é demorada e, embora conseguida em tempo recorde há uma série de condicionantes que são necessários ter em conta. A vacina apesar de ser vista como uma garantia de proteção ainda não se sabe exatamente quanto tempo esta nos dará proteção e ficará presente no nosso organismo ou com que periodicidade devemos ser imunizados ou a vacina ser modificada para fazer face à alteração É nesta fase que os testes sorológicos podem revelar-se úteis. Primeiramente consegue-se, através deles, saber o grau de imunidade de grupo de uma população através de amostragem. Numa realidade mais individual, o teste indica ao indivíduo se já teve contato ou não com o vírus e qual o seu grau de Imunidade. Partindo desta realidade o indivíduo não tem a necessidade tão urgente da vacinação. Em caso de escassez de doses de vacina, ou em situação hospitalar com os profissionais de saúde, estes podem adiar a toma e a vacina ser aplicada a grupos mais preocupantes. Para outros indivíduos, mais suscetíveis à ansiedade, saber a sua realidade pode ajudar a lidar com o estresse e dessa forma reduzir os impactos negativos que podem ocorrer no seu sistema imunitário uma vez que, é sabido que quem sofre desse mal tem mais tendência a adoecer. Atualmente a ciência tem demonstrado a eficácia da vacinação através do soro, já que a priori não existe algum tipo de vacinação sem posteriormente ter passado pelo soro, segundo Instituto Butantã (2018) a produção desse agente e de vacinas, assim como o conhecimento associado a esse processo, segue as transformações da ciência contemporânea mais avançada, evoluindo constante e radicalmente há mais de um século. Nesse desenvolvimento, o papel da instituição pública de ciência se dá por meio de pesquisa, produção e inovação. As instituições públicas que vão desde Oxford até Butantã vêm investindo na fabricação soros imunológicos como uma ação contra a covid-19, mesmo que a vacina não seja oficial. O termo soro advém de qualquer imunobiológico produzido, para qualquer pessoa que adquira o soro é necessário que existam anticorpos antes mesmo de forma natural, para Butantã (2018), para que um soro seja eficiente na neutralização dos efeitos tóxicos de um veneno animal ou agente infeccioso é necessário que ele contenha anticorpos específicos, dirigidos contra as principais toxinas responsáveis por seus efeitos. Quando o indivíduo não tem uma imunização suficiente para combater o vírus que entra em contato com organismo, faz com que a doença avance de forma rápida e progressiva no organismo, isso ocorre também na aplicação de anticorpos através da vacina, fortalecendo mais a imunidade das pessoas. Assim, o processo de purificação do plasma para obtenção do soro é realizado em área industrial, utilizando um sistema fechado e automatizado, atendendo às exigências de boas práticas de fabricação e de biossegurança. (Butantã, 2018, s.p). Entende-se que o processo do soro nada mais é que algo ingerido pelos pacientes para que eles se sintam imunizados antes da consolidação da vacina. O sucesso do tratamento depende também da administração da dose adequada, que varia de acordo com a gravidade do envenenamento ou da doença. Quando indicado, o número de frascos/ampolas não depende da idade ou peso corporal do paciente. (Butantã, 2018, s.p). Com isso o sistema nervoso central (SNC) é afetado, segundo Pereira (2020), Estudos mostram que esse tipo de vírus pode invadir e migrar pelo neurónio e pode induzir a uma confusão no sistema imunológico. Ainda, há casos de mieloencefalite necrotizante hemorrágica no cérebro entre os infectados pelo vírus (PEREIRA, 2020, s.p). Quando se trata de soro, não se sabe com que tipo de vírus e organismo estamos trabalhando, ainda não sabe exatamente é se o Sars-Cov-2 (o novo coronavirus) age diretamente, se a presença dele é gatilho para doenças imunes ou uma coincidência com outras doenças. (PEREIRA, 2020). O anticorpo da pessoa é aderido através da antifosfolípide podendo ou não criar uma autoimunidade no sujeito, onde o vírus poderá agredir o SNC causando distúrbios neurológicos ou até as paredes vasculares e arteriais. O sistema imune ou imunológico é uma formação orgânica entre tecidos e células que tem como objetivo combater agentes desconhecidos em nosso organismo. Segundo a biomédica Lemos (2020) a formação do sistema imunológico é responsável por promover o equilíbrio do organismo a partir da resposta coordenada das células e moléculas produzidas em resposta ao patógeno. As reações do sistema imune perante ao agente desconhecido podem ser inatas ou naturais, a resposta imune natural ou inata é a primeira linha de defesa do organismo, já estando presente na pessoa desde o seu nascimento. Assim que o microrganismo invade o organismo, essa linha de defesa é estimulada, sendo caracterizada pela sua rapidez e pouca especificidade. (LEMOS, 2020, s.p).
A ação do sistema de defesa do organismo se dá em três etapas:
- Barreiras física;
- Barreiras fisiológica;
- Barreiras celulares.
Uma segunda linha de proteção proporcionada pelo sistema imunológico é importante para a defesa contra agentes malignos, Lemos (2020) ainda ressalta que, a imunidade adquirida ou adaptativo, apesar de ser a segunda linha de defesa do organismo, possui grande importância, já que é por meio dela que são geradas as células de memória, evitando que infecções pelo mesmo microrganismo ocorram ou, caso ocorram, sejam mais brandas. Tanto vírus como as bactérias impulsionam a formação do sistema imune em nosso corpo, são substâncias patogênicas que traz consigo seus derivados. As vacinas mais seguras são aquelas que causam reações mínimas e leves de forma rápida, as bactérias são extremamente importantes por causar as reações imunológicas em nosso organismo, de forma inata ou natural. Quando o sujeito entra em contato pela primeira vez com substâncias desconhecidas, o sistema imune começa a formar anticorpos no intuito de combater o agente, porém o processo é demorado fazendo com que a pessoa de baixa imunidade desenvolva doenças contrária da vacina. Como os testes são realizados para aprovação de uma vacina? A priori, são consideradas quatro fases do processo de analise e testes e por fim se aprovado ou não. Segundo Morales (2020) as fases para a fabricação da vacina são: Fase 1: a substância é testada em humanos. Pequenos grupos de 20 a 100 indivíduos são analisados, e verifica-se neste momento a dosagem e os efeitos colaterais. Cerca de 70% dos compostos aprovados na fase pré-clínica são reprovados na fase 1. Fase 2: os testes agora são realizados em grupos de 100 a 300 pessoas. O objetivo agora é verificar a eficácia da futura vacina e os seus possíveis efeitos colaterais. Fase 3: é a última fase dos testes clínicos, nos quais a vacina é testada em grupos de 300 a 3 mil pessoas. De cada 10 compostos que chegam até esta fase, 7 são reprovados. Fase 4: com a vacina já em comercialização, ocorre um acompanhamento de grupos de pessoas que receberam doses do composto. Este procedimento visa a verificar se a vacina está atingindo sua eficácia desejada.
Após aprovada a vacina, os órgãos máximos de saúde em todo mundo como ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), autoriza a compra e aplicação dessas substâncias. Em tempos de pandemia como do novo coronavirus (Sars-Cov-2), o anúncio da vacina gera ansiedade principalmente para pessoas que são consideradas de risco. Essa ansiedade traz algumas complicações entre elas a baixa imunidade, é importante entender que essa ansiedade tem uma ligação direta com o sistema nervoso central (SNC), para Visnari; Alves e Neto (2008) as relações entre o sistema imune e o sistema nervoso central (SNC) advém de trabalhos clínicos que mostraram que estados físicos e psicológicos de humanos, tais como períodos que antecedem as provas, problemas em família, luto e desemprego, estão intimamente ligados à atividade de neutrófilos e macrófagos, e, entre outros, à redução na atividade de células natural killer (NK) e na resposta de linfócitos a mitógenos. Fica claro que ansiedade advém de uma perspectiva do futuro e de suas consequências, é o caso do anúncio da vacinação contra a covid-19, onde existem pessoas que aumentam o sistema imunológico por acreditarem que os testes realizados com elas, são eficientes e estão imunes, diferente de outras que esperam ansiosamente pelo “milagre” da vacina, desencadeando problemas patológicos na pessoa. 2 CONCLUSÃO Conclui-se portanto que dada a complexidade da imunização de grupo de uma forma rápida e eficaz, os testes serológicos devem ser usados para encontrar o percentual de população que já contatou com o vírus e serem um aliado nas campanhas de vacinação priorizando quem nunca teve contacto. Desta maneira, a quebra das cadeias de transmissão será mais eficaz. Há ainda a possibilidade de conceder a um indivíduo mais ansioso a possibilidade de saber com exatidão a sua situação imunológica e dessa forma apaziguar a ansiedade crescente. Ansiedade essa que pode afetar o sistema imunitário e colocar o indivíduo com mais predisposição para adoecer. Obviamente, haverá consequências positivas ao nível da saúde mental uma vez que quanto mais dúvidas forem solucionadas mais informada será uma população e, evidentemente menos disposta a acreditar em desinformação. Nesse aspeto será também uma sociedade mais serena e sã.
REFERÊNCIAS
LEMOS, Marcela (2020). Sistema imunológico: o que é e como funciona. Disponível em:._ Acesso em: 23/01/2021.
PEREIRA, Pablo (2020). Coronavirus tem potencial para invadir o sistema nervoso central.
Publicado na revista internacional Brazilian Journal of Development ISSN: 2525-8761
Link do artigo: https://www.brazilianjournals.com/index.php/BRJD/article/view/23698
DOI: https://doi.org/10.34117/bjdv7n1-634
Link do vídeo sobre o artigo: https://www.youtube.com/watch?v=HosrdX_1la8&feature=youtu.be