Tumores ósseos são condições raras. Algumas estimativas demonstram, por exemplo, que eles representam apenas 0,2% de todos os cânceres. Ainda assim, devido à complexidade das variações em que pode se apresentar, a doença impõe desafios especiais a médicos ortopedistas. Inclusive porque mesmo não sendo câncer nos ossos, os tumores benignos podem comprometer a estrutura deles.
As neoplasias são mais recorrentes em crianças, o que tem exigido inovações nos tratamentos. O tumor primário, que se desenvolve no próprio osso, é o menos comum. A maior incidência de tumores ósseos acontece em situações de metástase – originando-se de outro órgão. Entre os tipos de câncer que mais provocam metástase óssea estão os tumores de mama, próstata, pulmão, rim, bexiga e o melanoma.
Incidência
Câncer nos ossos ocorrem, em maior número, em crianças, adolescentes e adultos jovens – com idade até 30 anos. Além disso, é na infância que os tumores se apresentam mais agressivos. As lesões são mais comuns na região do joelho, perto do fêmur e da tíbia. “Cerca de 50% dos tumores ocorrem nessa região, pois é a zona do corpo que mais cresce. A diferenciação celular acelerada nessa fase da vida contribui para a neoplasia”, explica o médico Osvaldo André Serafini, chefe do Grupo de Tumores Ósseos do Serviço de Ortopedia e Traumatologia do Hospital São Lucas (HSL) da PUCRS, em Porto Alegre (RS).
Segundo Serafini, os tumores malignos causam dor mesmo quando o paciente está em repouso. Já os benignos até podem ser doloridos, mas em geral são assintomáticos. O tumor benigno mais comum é o osteocondroma, que surge na cartilagem com uma proeminência na perna e aumenta acompanhando o crescimento da criança. “É uma saliência dura, perto do joelho, e que não mexe. Os tumores benignos são descobertos por acaso: a criança se machuca ou quebra algum osso e então vemos o tumor no raio X”, explica Sefarini.
Em crianças, a dor tumoral é comumente confundida com a dores do crescimento. O alerta, segundo o médico do Hospital São Lucas da PUCRS, é em relação ao aumento de volume de alguma região do corpo. “Essa confusão faz com que os pacientes cheguem, em média, já com seis meses de lesão tumoral no consultório. É preciso lembrar que criança não tem dor nas costas como adultos. Se tiver, normalmente está ligada a infecção ou tumor”, afirma.
Tipos de câncer nos ossos
- Osteossarcoma: esse tipo de câncer nos ossos primário é o mais comum em crianças. Seu desenvolvimento acontece a partir das próprias células ósseas e tem mais ocorrência em ossos grandes, como os dos braços e o fêmur.
- Condrossarcoma: trata-se de um câncer que se desenvolve nas células da cartilagem, podendo atingir traqueia, costela e crânio. Dos tipos primários, é aquele prognóstico mais distinto, pois pode ocorrer em diversas regiões do corpo.
- Sarcoma de Ewing: é o segundo tipo de câncer mais comum em crianças e em pessoas brancas.
- Tumor ósseo de células gigantes: caracteriza-se pela proliferação de células gigantes multinucleadas. Trata-se de uma neoplasia benigna com propriedades agressivas, já que tendem a se estender pelos tecidos adjacentes.
- Cordoma: esse tipo de tumor maligno é raro. Quando se manifesta, no entanto, é agressivo, devido à alta taxa de recorrência e metástase. Instala-se geralmente no crânio e na coluna vertebral.
Diagnóstico
Em adultos, o câncer nos ossos costuma se manifestar até os 30 anos – ou então na faixa dos 50. O diagnóstico geralmente ocorre em decorrência de outras manifestações:
- Em fratura patológica, quando o osso apresenta anormalidade e quebra, evidenciando o tumor. Esse é o principal sintoma de metástase.
- Outro tumor frequente que se manifesta por sintomas secundários é o mieloma múltiplo, que também é descoberto por fratura e dor persistente.
Em geral, tumores ósseos são descobertos através de:
- Radiografias: “É a melhor forma de identificar o câncer ósseo, já que é o exame mais acessível e barato”, comenta.
- Ressonância magnética: utilizada como avaliação complementar. “Como o câncer ósseo geralmente vem acompanhado de metástase no pulmão, realizamos a varredura para promover o rápido estadiamento”, explica.
TRATAMENTO
O tratamento para câncer nos ossos pode incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou uma combinação das várias terapias, de modo a remover o tumor e destruir as células cancerígenas, caso seja possível e, normalmente é realizado no Instituto Nacional do Câncer mais próximo do local onde a pessoa mora.
O câncer ósseo pode ser curado, mas é necessário que ele seja diagnosticado precocemente, para evitar que se espalhe por vários ossos. Alguns sintomas que podem indicar sua presença são dor nos ossos da coluna, costelas e pernas, além de inchaço nas pernas e nas mãos, dificuldade em movimentar-se ou fraturas frequentes, por exemplo.
Como tratar o câncer nos ossos
O tratamento do câncer ósseo depende do tipo de tumor, do tamanho e da sua localização, sendo que os principais tipos de tumores malignos de origem óssea são os condrossarcomas, osteossarcomas e o tumor de Ewing. Desta forma:
- Tratamento do Condrossarcoma: afeta as cartilagens e o tratamento mais indicado é a cirurgia para remoção do tumor, pois na grande maioria dos casos a quimioterapia e radioterapia não têm o efeito desejado;
- Tratamento do Osteossarcoma: o osteosarcoma, normalmente, é tratado com a realização de quimioterapia durante 3 meses antes de fazer a cirurgia para remover o tumor;
- Tratamento do Tumor de Ewing: o tratamento é complexo e engloba a combinação de radioterapia, quimioterapia e cirurgia.
Uma outra possibilidade é usar medicamentos à base de anticorpos monoclonais como Herceptin e Zometa.
O objetivo dos tratamentos é destruir as células cancerígenas e remover o tumor, sem ser necessário amputar o membro afetado, sendo em alguns casos é possível colocar um implante metálico ou usar o osso de um doador para manter a funcionalidade do membro e fazer as atividades do dia-a-dia.
A alimentação é muito importante para facilitar o trabalho do sistema imunitário e vencer o câncer. Os alimentos mais indicados são ricos em vitaminais e minerais, sendo importante restringir o consumo de alimentos ricos em gordura e açúcar para ajudar na desinflamação do organismo.
Com informações de Secad e Tua Saúde.