Por: Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues
A performance esportiva de alto nível requer mais do que apenas habilidades físicas e técnicas; ela depende fortemente de fatores psicológicos e emocionais que, quando bem trabalhados, podem resultar em desempenhos acima da média. A integração de conceitos da Psicanálise, Psicologia Educacional e Filosofia da Educação com a Psicologia Esportiva tem mostrado ser uma abordagem promissora para otimizar o rendimento de atletas que convivem com altos níveis de pressão e estresse.
A Psicanálise, desde sua fundação por Sigmund Freud, tem se mostrado uma ferramenta poderosa na compreensão dos impulsos inconscientes que motivam o comportamento humano. Quando aplicada ao esporte, essa abordagem ajuda a identificar e modificar os gatilhos emocionais que podem prejudicar o desempenho do atleta. Por exemplo, o modelo proposto por Freud, em que os impulsos inconscientes se manifestam em comportamentos observáveis, permite que psicólogos esportivos identifiquem padrões de comportamento que levam a quedas de performance e intervenham de maneira direcionada para melhorar o desempenho (Cruz & Rodrigues, 2022).
Além da Psicanálise, a Psicologia Educacional, com suas teorias de aprendizagem, como o Behaviorismo de Skinner, oferece um quadro teórico robusto para entender como os atletas aprendem e automatizam suas habilidades. Skinner argumenta que o comportamento é moldado pela interação entre o indivíduo e o ambiente, onde estímulos e respostas são cruciais. No contexto esportivo, isso significa que o ambiente de treino e a forma como os estímulos (como críticas, recompensas e feedback) são apresentados podem influenciar diretamente a resposta do atleta, ou seja, sua performance em campo (Cruz & Rodrigues, 2022).
Outro conceito vital para a compreensão da performance esportiva é o de “luta ou fuga”, introduzido por Walter Bradford Cannon. Este modelo descreve a resposta fisiológica do corpo ao estresse, um estado que os atletas frequentemente enfrentam durante competições. A capacidade de um atleta de controlar e canalizar essa resposta pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso em momentos críticos. A integração de técnicas para a regulação emocional com estratégias de enfrentamento pode ajudar os atletas a manter a calma e tomar decisões racionais, mesmo sob intensa pressão (Cruz & Rodrigues, 2022).
Além disso, a teoria das mentalidades de Carol Dweck, que distingue entre uma “mentalidade fixa” e uma “mentalidade de crescimento”, oferece insights valiosos para a psicologia esportiva. Atletas com uma mentalidade de crescimento estão mais propensos a ver os desafios como oportunidades de aprendizado e a persistir diante de obstáculos, o que é fundamental para o desenvolvimento contínuo e o sucesso a longo prazo. Esses atletas demonstram maior resiliência e uma melhor capacidade de lidar com fracassos temporários, convertendo-os em oportunidades de crescimento pessoal e profissional (Cruz & Rodrigues, 2022).
Em conclusão, a aplicação interdisciplinar de conceitos da Psicanálise, Psicologia Educacional e Filosofia da Educação na Psicologia Esportiva oferece uma abordagem holística para a otimização da performance esportiva. Ao considerar não apenas os aspectos físicos, mas também os fatores emocionais e cognitivos, esta abordagem proporciona aos atletas as ferramentas necessárias para alcançar e sustentar um desempenho de alto nível. Assim, a combinação de metodologias que promovem a homeostase emocional e mental com práticas de treinamento físico se mostra essencial para o sucesso esportivo.
Referências:
Cruz, L. N., & Rodrigues, F. de A. (2022). A aplicação da alteração de estado emocional na performance esportiva. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do Conhecimento, 5(1), 124-132. https://doi.org/10.38087/2595.8801.127.
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