Lendo vários artigos sobre diabetes, me deparei com uma informação super relevante, que muitos pacientes diabéticos têm alterações dos níveis do hormônio estimulante da tireóide (TSH). Para mim, como bioquímica, é um tanto óbvio, mas será que a maioria das pessoas sabem disso?
Segundo inúmeros estudos, pessoas tanto com diabetes mellitus tipo 1 (DM1), como tipo 2 (DM2) têm muito mais chances de ter doenças na tireoide. Outro fato bastante interessante é de quem tem hipotireoidimo não tratado ou não diagnosticado, por exemplo, poder ter uma piora do controle metabólico na DM2 e nem saber que isso está acontecendo…Uma loucura!
Por isso é tão importante que seja incluída a dosagem do TSH nos exames de rotina de um paciente diabético, independentemente do tipo.
Sabe outra coisa interessante que também li, e serve de ponto de atenção, é sobre um dos efeitos adversos observados em quem usa a metformina, que é a alteração dos níveis de TSH, pois essa medicação pode alterar o funcionamento da tireóide. Essa substância é muito prescrita a diabéticos por ser um hipoglicemiante. Daí já sabemos que diabetes e alterações nos hormônios tireoidianos tem tudo a ver.
Mas afinal qual a relação da tireóide com a diabetes? Qual a importância da inclusão da dosagem de TSH no acompanhamento de pacientes diabéticos?
Calma, vamos por partes. O TSH é produzido pela hipófise, que estimula a glândula tireóide a produzir os hormônios T3 e T4. Quando temos alguma alteração na tireóide, a consequência será a alteração dos níveis de TSH (mecanismo de feedback negativo).
Quando os valores de TSH estão elevados, significa que a concentração do T3 e T4 no sangue está baixa (hipotireoidismo). Já quando temos baixas concentrações de TSH, os níveis de T3 e T4 estão em alta (hipertireoidismo).
O TSH é utilizado para avaliar a função da tireóide para mais ou para menos, ou em qualquer doença que altere o seu funcionamento.
O T3 e T4 que são hormônios tireoidianos (HT) exercem uma ação definida sobre o metabolismo orgânico e, é claro, o da glicose, atuando sobre as inúmeras vias de sinalização.
Em condições normais, influenciam nos níveis de insulina e glucagon, além de atuar na absorção intestinal de glicose, na gliconeogênese e na captação da glicose pelos tecidos adiposo e muscular.
A disfunção da tireóide e a diabetes tipo 2 (DM2), por exemplo, são endocrinopatias comuns, que associadas refletem na sensibilidade insulínica.
O hipotireoidismo clínico (HC) ou o hipotiroidismo subclínico (HSC) podem afetar de forma severa o controle metabólico da DM2. Por conta da alta prevalência das duas condições, é recomendado o rastreamento de hipotireoidismo em pacientes portadores de DM2.
Os hormônios tireoidianos (T3 e T4) influenciam claramente a homeostase da glicose e são fundamentais na regulação da energia corporal. Os seus efeitos são claramente evidentes em condições de disfunção tireoidiana.
Pegando como exemplo o hipotireoidismo, nessa condição, temos uma diminuição da captação de glicose pelos tecidos e da produção de insulina, levando a um quadro de hiperglicemia. Como consequência disso, temos um aumento do depósito de lipídeos no tecido adiposo, ganho de peso, além do aumento dos níveis de triglicerídeos no sangue. Isso leva o organismo a um estado de resistência à insulina e uma disfunção na produção da insulina, aumentando drasticamente o risco de desenvolvimento de DM2.
Agora vejam vocês a cascata em reação. Se eu tenho disfunção da tireóide, posso desenvolver diabetes, que por sua vez aumenta o risco de disfunções renais e cardiovasculares.
Por isso é tão importante que façamos periodicamente os exames laboratoriais para checarmos o funcionamento dos órgãos e glândulas vitais. Cuidem do nosso bem maior que é nossa saúde!
Até a próxima!
As principais referências utilizadas foram
https://www.scielo.br/j/abem/a/PPHB55tCKYHKHjt3g8Ghjyh/?format=pdf&lang=pt https://www.sempr.org.br/files/1023/HipotireoidismDiabetes.pdf https://www.revistas.usp.br/revistadc/article/view/143655/141865 https://revistas.pucsp.br/index.php/RFCMS/article/view/21026
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