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Artigo científico

A CONTRIBUIÇÃO DA AUTOMAÇÃO NAS ANÁLISES CLÍNICAS E A DEFICIÊNCIA DO PROFISSIONAL

AUTORES:

¹Francisco Eduardo Ferreira Alves. Biomédico pela Faculdade Santa Maria; Mestre em Ciência e Tecnologia em Saúde pela UEPB; Especialista em Hematologia clínica pela UNILEÃO.

²Cícero Lasaro Gomes Moreira. Biomédico pela Faculdade Santa Maria; Especialista em Hematologia Clínica pela UNILEÃO.

RESUMO

 

O cenário laboratorial dos últimos anos passou por mudanças significativas no que diz respeito não somente à gestão administrativa, mas também a diversos fatores que corroboram com o aumento da eficiência dos processos, diminuição de erros e, consequentemente, gestão de qualidade. A inclusão da automação laboratorial se destaca como uma dessas modificações, visando a otimização de cada um dos processos laboratoriais juntamente com a avaliação de falhas em cada uma das fases processuais dentro do laboratório, desde a pré-analítica até a pós. Este artigo tem como objetivo levantar uma observação sobre a importância deste processo, suas etapas e vantagens e a forma como o profissional lida atualmente com essa implementação e exigências.

Palavras-chave: Automação. Laboratório. Otimização. Profissional.

 

  

THE CONTRIBUTION OF AUTOMATION IN CLINICAL ANALYZES AND THE PROFESSIONAL’S DISABILITY

 

ABSTRACT

 

The laboratory scenario in recent years has undergone significant changes with regard not only to administrative management, but also to several factors that corroborate with the increase in the efficiency of processes, reduction of errors and, consequently, quality management. The inclusion of laboratory automation stands out as one of these modifications, aiming at the optimization of each of the laboratory processes together with the evaluation of failures in each of the procedural phases within the laboratory, from pre-analytical to post. This article aims to raise an observation about the importance of this process, its steps and advantages and the way the professional currently deals with this implementation.

Keywords: Automation. Laboratory. Optimization. Professional.

 

 

INTRODUÇÃO

 

O laboratório clínico vem sofrendo bruscas modificações e evoluções nas últimas décadas. Com a tecnologia, os métodos de diagnósticos tornam-se cada dia mais sensíveis e eficazes, o que gera também um maior custo e uma política de mercado mais competitivo. Com isso, é necessário que os profissionais da clínica laboratorial também passem por um processo de renovação, aprendendo a lidar com todo a tecnologia na qual são inseridos.

Automação vem do latim automatus, que significa mover-se por si. Em suma, pode-se definir a automação como a aplicabilidade de técnicas mecânicas – ou computadorizadas – que possuam como objetivo principal o resultado de um processo mais eficaz, por meio de um menor gasto de mão de obra, tempo, valor e, também, com a finalidade de obter maior segurança.

 

HISTÓRIA DA AUTOMAÇÃO EM ANÁLISES CLÍNICAS

 

O setor laboratorial pode ser considerado pioneiro em relação à área médica, pois foram os primeiros a atuar na promoção do conceito de qualidade. Nos laboratórios clínicos, a automação teve seu ponto de evolução na década de 1940, nos Estados Unidos, quando em meio a uma crise sanitária, o número de exames solicitados cresceu exorbitantemente, e os profissionais disponíveis para o trabalho diminuíram bastante. Acompanhando esse processo, naturalmente os custos operacionais também aumentaram consideravelmente, o que trouxe a necessidade imediata de uma atitude para amenizar a situação atual. Inicialmente, utilizaram-se de pipetas semiautomáticas, calorímetros fotoelétricos e fotômetros, porém não foi suficiente para resolver o problema, apenas proporcionar um paliativo para amenizar a carga de trabalho dos profissionais envolvidos.

Já na década de 1950, Leonard T. Skeggs Jr., bioquímico dos Estados Unidos, trouxe à tona a estimativa de que em 10 anos os atuais 35 mil exames realizados por mês no Hospital Veterans Administraation de Ohio chegariam a dobrar e que, assim, seria praticamente impossível conseguir manter a qualidade em suas realizações e diagnósticos com apenas quatro analistas, que era o número de profissionais trabalhando na época em seu laboratório. A partir dessa necessidade, Skeggs construiu um protótipo do equipamento que viria a revolucionar a rotina laboratorial, nomeado AutoAnalyzer. Por esta criação o bioquímico é conhecido como fundador das análises clínicas automatizadas.

Já em 1990, houve a definição do controle de qualidade, garantia e gestão total da qualidade. Na década, a evolução tecnológica ainda auxiliou a implementação dos conceitos da qualidade, sempre em busca de uma melhoria mais eficaz e contínua, o que solicitou diretamente uma maior análise de cada um dos processos e fases da realização de exames laboratoriais, sejam aspectos técnicos, administrativos ou organizacionais.

 

MODIFICAÇÕES LABORATORIAIS

           

            No século passado, ao mesmo tempo em que a tecnologia surgia rompendo barreiras e tornando-se protagonista em todos os setores, a área laboratorial teve a percepção da sua importância para amenizar a questão da propagação de doenças infecciosas. A inserção da automação na medicina laboratorial, nas últimas décadas, foi reconhecida como essencial para a busca de eficiência das empresas do setor e gerou uma expansão a todos os setores e fases dos processos dos laboratórios clínicos. A evolução permitiu, ainda, que empresas de distintos portes pudessem implementar algum tipo de automação em seus processos.

Os laboratórios trabalham divididos em departamentos, organizados por serviços como bioquímica, endocrinologia, hematologia. Esse modelo é considerado pouco eficiente, porém a integração entre as áreas gera redução de custos laboratoriais e, portanto, tende a aumentar com o uso da automação na fase pré-analítica. A automação laboratorial consiste em integrar hardware e software e evoluiu de uma operação baseada em aspectos mecânicos, em 1970, para um sistema orientado por informações mais complexas na década de 1990.

Nas últimas duas décadas, os laboratórios sofreram transformações radicais, o que trouxe, também, novas responsabilidades. Essas transformações são consequências diretas do aumento populacional, assim como crescimento de profissionais e técnicos de laboratórios e uma grande demanda de serviços. A automação, vindo logo em seguida da mecanização, é uma realidade atual em diversos locais do mundo. Quando utilizado da forma correta, o sistema de automação pode trazer benefícios desde a exatidão do processo, até segurança e economia, conforme na tabela a seguir.

 

TABELA 1: Benefícios da automação para a clínica laboratorial

BENEFÍCIO MOTIVO
Segurança para os pacientes Minimização de erros; Maior velocidade de entrega em resultados
Controle de qualidade total Maior nível de precisão e segurança; Maior agilidade e eficiência para a fase analítica
Eliminação de erros Maior segurança para as empresas e pacientes
Superação de antigas expectativas Maior velocidade de entrega dos resultados; Menor quantidade de novas coletas por erros
Redução de custos operacionais Otimização dos recursos laboratoriais; Facilidade na verificação de resultados; Maior produtividade pessoal; Padronização de processos; Segurança dos colaboradores; Velocidade de produção aumentada; Menos atividades com pouco valor
Aumento de produtividade Tempo menor para diagnóstico

 

Um sistema para a automação de equipamentos gera uma possibilidade de erros quase nula. Além disso, a produtividade é muito superior. Quanto mais bem estruturada a empresa, organizada e mantendo um bom relacionamento com o mercado e com seus pacientes, mais alto será seu grau de sucesso.

 

O PAPEL DA AUTOMAÇÃO NAS FASES OPERACIONAIS

 

A inserção de um sistema de automação laboratorial ocasiona impactos positivos em todo o processo operacional. Ronan Pereira cita como exemplo que na fase pré-analítica a automação pode estar adotada em um cadastro do paciente ou no preparo das amostras até a distribuição das mesmas para áreas analíticas. Com a utilização de softwares é possível ainda obter um banco de dados que favoreça – e facilite – os processos que virão na fase a seguir.

A fase analítica é o período onde a automação está mais ativa e, dessa forma, gera uma maior eficácia relacionada a produção laboratorial. O laboratório ganha não apenas tempo na execução das tarefas, mas também uma maior facilidade para os profissionais envolvidos nos processos, podendo depositar sua atenção na interpretação dos diagnósticos.

Na fase pós-analítica, a automação busca gerar melhorias no momento da liberação de resultados diretamente para o paciente. Neste momento, há uma possível redução de erros de transcrição, como no momento de um resultado manual o profissional está sujeito ao equívoco; quando automatizado, o processo ganha uma maior precisão. Outro ponto bastante positivo da automação nesta fase é o tempo que se economiza, aumentando também a produtividade do processo. Dessa forma, as vantagens não se resumem apenas à clínica, mas também ao paciente não somente pela redução do tempo de espera, mas também por receber resultados mais confiáveis.

Diversos fatores foram os reais motivadores para a rápida expansão e evolução da automação no ramo da medicina laboratorial, como fatores de mercado, uma intenção de gerar melhor assistência à saúde pública ou privada, até fatores internos próprios do ambiente financeiro das instituições.

Em relação à operação, os fatores internos motivadores que se pode citar são maior segurança e planejamento de capacidade de produção, produtividade do processo (throughput), possíveis com a eliminação de atividades consideradas como não necessárias, buscando a simplificação e a padronização dos processos, o que visa diretamente à redução na quantidade de documentação das atividades.

 

A AUTOMAÇÃO E O PROFISSIONAL

 

Como cita Campana (2011), a medicina diagnóstica é participativa em 70% das decisões clínicas e o crescimento na utilização de exames laboratoriais é cada vez maior diante da sua importância na área da saúde. Essa atuação envolta em novas tecnologias demanda uma expectativa e pressiona o mercado a buscar novas estratégias de atuação dentro da área.

Diante disso, a pressão por mudanças reais e práticas acontece em cada um dos pontos do setor. Desde o cliente, que cria uma expectativa e exigência muito maior em relação ao serviço oferecido; os fornecedores e fontes pagadoras do serviço em relação a custos e valores; a comunidade médica que, de qualquer forma, acaba, com o passar do tempo e as evoluções constantes, depositando cada vez mais confiança nos exames laboratoriais e seus respectivos diagnósticos; e, por fim, toda dinâmica de mercado, que gera uma tensão entre as empresas em relação a concorrentes e competições na busca de melhores soluções e retornos para os clientes.

Em relação ao profissional da clínica laboratorial, é importante que uma maior atenção seja dedicada a todos, pois a automação é um sistema de implantação bastante cara e, se não alinhada a um treinamento e capacitação impecável para os operadores do sistema, trará muito mais ônus do que bônus à empresa. Plebani (2018), descreve o atual cenário da medicina laboratorial como promissor, onde os profissionais têm a oportunidade de dedicar seu tempo para a gestão de qualidade, criando uma ampla rede de dados de comunicação entre as demais instituições e trazendo ainda mais benefícios aos pacientes.

As maiores desvantagens envolvendo o setor profissional da automação estão relacionadas ao treinamento adequado que é necessário para o manejo de um sistema de automação e a manutenção que o equipamento necessita, normalmente planejado e cuidadoso – o que nem sempre é possível.  Qualquer que seja o grau de automação de uma empresa, é sempre preciso também que seja mantido um laboratório que opere manualmente, nunca somente de forma equipada-automatizada, principalmente porque os métodos manuais são os com mais baixo custo e ágeis de realizar um pequeno número de distintos exames urgentes que possam surgir fora de horários comuns.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O processo de automação em análises clínicas promoveu um grande avanço no diagnóstico e na prevenção de doenças, gerando uma otimização na eficiência dos laboratórios e buscando gerar segurança para os pacientes. Com isso, houve a expansão da gestão de qualidade, pois diante de toda modernização se faz necessário profissional capacitado para transmissão desses avanços no setor da saúde – que vise não apenas vantagens para o mercado da empresa, mas também para atender às necessidades da sociedade.

A efetivação da automação laboratorial é muito forte para os próximos anos, uma vez que visa atingir a diferentes tipos de empresas, com o emprego de novas ferramentas e modelos diversos onde for mais necessário. O sucesso de qualquer procedimento como esse está na busca em alinhar a estratégia da empresa ao bom funcionamento e à realidade profissional dos operadores e funcionários. Bem como atingir aos maiores benefícios do procedimento de automação, que são a qualidade e objetividade dos exames, atingindo totalmente às necessidades dos pacientes.

 

 

REFERÊNCIAS

 

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