A cirurgia bariátrica pode trazer outros benefícios para a saúde além da perda de peso em pessoas com obesidade. De acordo com um estudo publicado no JAMA Network Open neste mês, o procedimento pode, ainda, melhorar a função cognitiva, melhorando a memória e a atenção.
A pesquisa incluiu 133 participantes, com idades entre 35 e 55 anos, com idade média de quase 47 anos. Cerca de 80% das pessoas eram mulheres. Para fazer o estudo, os pesquisadores usaram testes neuropsicológicos, exames de ressonância magnética e testes laboratoriais para avaliar a cognição no início do estudo e, depois, 6 meses e 24 meses após a cirurgia bariátrica.
Os dados de peso dos participantes foram coletados por meio do peso corporal, circunferência da cintura, índice de massa corporal (IMC), pressão arterial e porcentagem de perda total de peso corporal.
Segundo os pesquisadores, os resultados do estudo mostraram que 11% dos participantes mostraram uma melhora na memória de trabalho; 31% demonstraram melhora na memória episódica; 24% apresentaram melhor na fluência verbal; 40% conseguiram melhorar a atenção, e 43% na melhora na cognição global.
Além disso, os pesquisadores também relataram que um exame de neuroimagem do lobo temporal mostrou alterações na estrutura em muitos pacientes. Segundo os cientistas, o córtex temporal – envolvido em processos como memória, reconhecimento de linguagem e objetos e processamento de visão e som – apresentou maior espessura cortical após a cirurgia e permaneceu assim durante o acompanhamento de dois anos.
Por fim, o estudo também mostrou que a pressão arterial foi significantemente mais baixa nos seis e 24 meses após a cirurgia. O uso de medicamentos para comorbidade também foi substancialmente menor no primeiro ano após o procedimento.
O trabalho apresenta algumas limitações: a pesquisa não incluiu grupo de controle, o que dificulta a conclusão de as mudanças ocorreram, de fato, devido à cirurgia bariátrica ou se foi apenas uma relação observacional. Outra limitação é que a maioria dos participantes eram mulheres e, por isso, os resultados não podem ser generalizados para toda a população. Portanto, mais estudos são necessários para embasar essas descobertas.
Matéria – Gabriela Maraccini, da CNN