O uso de dispositivos invasivos para tratamento de Covid-19 deixa os pacientes mais susceptíveis a infecções por bactérias hospitalares, que normalmente são bastante resistentes. O uso de ventilação mecânica, por exemplo, facilita o desenvolvimento de pneumonia bacteriana, complicação que pode deixar o paciente em uma situação ainda mais delicada.
A vacina pneumocócica protege contra a bactéria pneumococo, que é responsável por causar a doença de forma bacteriana. E ao receber a vacina, a pessoa garante uma proteção contra as formas graves da doença. Em pesquisas clínicas, a eficácia da vacina foi de aproximadamente 89%.
De acordo com a Responsável Técnica de Vacinas do Laboratório Lustosa, Marta Moura, existem três vacinas (Pneumo 10, 13 e 23) com indicações e esquema de doses bem precisos. A vacinação de rotina está indicada apenas às crianças com até 5 anos e adultos a partir dos 60. No entanto, pessoas de qualquer idade que apresentem maior risco para a doença pneumocócica também precisam se vacinar. A vacina é contraindicada apenas para pessoas que apresentaram anafilaxia após usar algum componente da vacina ou após dose anterior da vacina.
“Com a liberação do distanciamento nos bares, estádios de futebol e shows, mesmo com o avanço da vacinação de Covid-19, o risco de contaminação ainda é relevante. A palavra flexibilização pode gerar a impressão de que estamos seguros em relação à doença, mas ainda não estamos. Manter as medidas de prevenção à Covid-19 e às suas complicações são as formas mais seguras de proteção”, destaca Marta.
Entenda – O Streptococcus pneumoniae é o agente infeccioso que mais comumente causa pneumonia bacteriana em crianças e adultos, muitas vezes chamado de “doença pneumocócica invasiva”. Isso quer dizer que a bactéria invadiu partes do corpo geralmente livres de microrganismos, como a corrente sanguínea (bacteremia) e os tecidos e fluidos que rodeiam o cérebro e medula espinhal (meningite). Quando isso acontece, é geralmente muito grave, provoca hospitalização e até a morte. Por ser uma doença bacteriana, a transmissibilidade é diferente da Covid-19, que por ser vírus tem a transmissibilidade maior.
A pneumonia ainda é uma das principais causas de mortes no Brasil e no mundo. No Brasil, embora a taxa de mortalidade da pneumonia esteja em queda (redução de 25,5% entre 1990 e 2015), a quantidade de internações e o alto custo do tratamento ainda são desafios para a saúde pública e a sociedade como um todo. Entre janeiro e agosto de 2.018, 417.924 pacientes foram hospitalizados por causa da pneumonia, totalizando gastos totais de mais de R$ 378 milhões com serviços hospitalares.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Doença Pneumocócica (DP) é responsável por 15% de todas as mortes de crianças menores de 5 anos (com destaque para as menores de 2 anos) em todo o mundo. É também a maior causa de mortalidade infantil por doença prevenível por vacinas. Entre adultos a partir dos 50 anos e, principalmente a partir dos 60 anos de idade, a pneumonia pneumocócica também é uma das principais causas de internação e morte.
O Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês) informa que, anualmente, cerca de um milhão de adultos contraem pneumonia pneumocócica e 5% a 7% morrem da doença. Em suas piores formas, a doença pneumocócica mata uma em cada quatro ou cinco pessoas acima de 65 anos, infectadas pelos pneumococos.
As principais formas de prevenir a doença são recomendações simples: lavar as mãos, não fumar, não usar bebidas alcoólicas, evitar aglomerações e se vacinar. Em caso de contágio, a imunização diminui a intensidade dos sintomas, além de evitar as formas graves da doença e a mortalidade para esse tipo específico de pneumonia.