Por: Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues
A superdotação, tradicionalmente definida por um QI elevado, tem sido objeto de crescente interesse na neurociência, com pesquisas recentes sugerindo que ela representa mais do que apenas habilidades cognitivas superiores. O artigo “Superdotação: Uma Neurodivergência Evolutiva ou um Aprimoramento Cognitivo?” propõe que a superdotação seja compreendida como uma neurodivergência evolutiva, um conceito que a posiciona como um avanço no desenvolvimento neurológico, em vez de um mero desvio da norma.
Essa perspectiva desafia a visão convencional da superdotação, enfatizando que ela não se limita a um alto QI, mas engloba um conjunto de características cognitivas e emocionais aprimoradas. Indivíduos superdotados demonstram intensa curiosidade intelectual, pensa- mento crítico e analítico, criatividade, sensibilidade emocional, intuição e perfeccionismo. Essas características, sustentadas por diferenças neurobiológicas observadas em estudos de imagem cerebral, sugerem um desenvolvimento cerebral distinto que se traduz em capacidades excepcionais.
A neurociência tem revelado diferenças estruturais e funcionais no cérebro de indivíduos superdotados, como maior ativação do córtex pré-frontal e uma conectividade funcional interhemisférica mais eficiente. Essas descobertas reforçam a ideia de que a superdotação não é apenas um conjunto de habilidades elevadas, mas uma manifestação de um desenvolvimento neurológico único, proporcionando vantagens significativas em termos de capacidade cognitiva e emocional.
A compreensão da superdotação como uma neurodivergência evolutiva tem implicações profundas para a educação e a sociedade. Em vez de tentar “normalizar” as diferenças neurológicas, devemos reconhecer e valorizar a diversidade neurológica como uma fonte de potencial humano. Na educação, isso significa criar ambientes de aprendizado que estimulem a curiosidade, a criatividade e o pensamento crítico dos alunos superdotados. Na sociedade, significa reconhecer e valorizar as contribuições únicas que esses indivíduos podem oferecer.
Em suma, a superdotação, como uma neurodivergência evolutiva, representa um aprimoramento das capacidades cognitivas e emocionais humanas. Essa perspectiva inovadora não apenas amplia nossa compreensão sobre a superdotação, mas também nos convida a celebrar a diversidade neurológica e a reconhecer o potencial transformador que ela oferece à humanidade.
Referência:
Rodrigues, F. A. A., Padilla, J. E. C., Silva, A. P., Amaral, C. A. F., & Marques, F. N. (2024). Superdotação: Uma Neurodivergência Evolutiva ou um Aprimoramento Cognitivo?. Clinical and Biomedical Research, 8(4), 468-479. https://doi.org/10.37811/cl_rcm.v8i4.12286
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