A prevenção e o rastreamento são absolutamente fundamentais para mitigar os danos causados pelo Papilomavírus Humano (HPV). Trata-se de uma infecção sexualmente transmissível que está diretamente associada a casos de câncer do colo do útero, sendo os tipos 16 e 18 responsáveis por 70% dos cânceres cervicais. No Brasil, em 2020, houve lamentavelmente 6.627 óbitos relacionados a essa neoplasia. Ademais, essa enfermidade pode desencadear outras complicações sérias para as mulheres, como câncer anal, vulvar, vaginal ou orofaríngeo, além de doenças cardiovasculares.
Diante desse quadro complexo, é imperativo adotar de maneira diligente os procedimentos laboratoriais de análise e prevenção.
A realização periódica da análise citológica do trato vaginal possibilita o monitoramento de alterações relevantes nas células, bem como a detecção de lesões imperceptíveis ainda em estágios iniciais. Quando diagnosticadas e tratadas precocemente, é possível prevenir futuros problemas decorrentes de tumores invasivos.
No entanto, esse panorama tem se transformado com o avanço da pesquisa molecular do HPV. Atualmente, existem diversas estratégias moleculares de rastreamento para o HPV, mas é importante ressaltar que a captura híbrida e a PCR se destacam nesse contexto. A captura híbrida se divide em grupos A e B, sendo o A considerado de alto risco e o B de baixo risco. Essa técnica indica a presença do vírus. Por outro lado, a PCR não apenas diferencia os tipos de HPV, mas também realiza a subtipagem, com ênfase nos subtipos 16 e 18, que são responsáveis por 70% dos casos de câncer do colo do útero. Ademais, a PCR conta com um controle interno endógeno, conferindo segurança na liberação dos resultados e prevenindo falsos negativos, como pode ocorrer na captura híbrida caso a coleta não seja eficiente. O controle interno da reação garante a presença de material biológico e a adequada condução do processo.
Diversas pesquisas já foram publicadas, demonstrando a maior eficiência do PCR na detecção do HPV, considerado um excelente exame preventivo para o câncer do colo do útero. Por exemplo, a detecção do câncer em mulheres submetidas ao teste de DNA-HPV foi antecipada em até dez anos, identificando estágios iniciais da doença. A PCR é capaz de detectar a presença do vírus HPV antes mesmo do surgimento de lesões.
Outro ponto positivo é que os testes moleculares, em especial a PCR, são altamente adequados para serem realizados em larga escala, pois são altamente automatizados, reduzindo as chances de erro e aprimorando a rapidez no diagnóstico, bem como a confiabilidade do exame. A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica considera que a PCR deveria ser o método de escolha para o rastreamento populacional do HPV.
É indubitável a importância de se adotar abordagens laboratoriais mais avançadas e precisas no rastreamento e prevenção do HPV. Consequentemente, exortamos os donos e profissionais de laboratórios de análises clínicas a considerarem a implementação da PCR como método preferencial nesse contexto. A segurança, a eficiência e a capacidade de detecção precoce da PCR são incomparáveis, proporcionando um cuidado mais abrangente e preciso às mulheres, além de contribuir significativamente na luta contra essa doença devastadora.
Artigo em:
https://www.yumpu.com/pt/document/read/68357945/revista-newslab-edicao-178/158