Depois que um paciente é diagnosticado com linfoma – um tipo costumeiramente tratável de câncer que ataca aos linfonodos, baço, timo, medula óssea e/ou outros tecidos – os passos naturais são determinar a possibilidade de sobrevivência do paciente e decidir o melhor curso de tratamento.
Entretanto, os métodos de fazer essa análise permanecem imprecisos ou invasivos, e geralmente envolvem biópsias teciduais. De acordo com um estudo recente, um novo teste de sangue revolucionário desenvolvido pelos cientistas da Universidade de Chicago e Northwestern Medicine, identificou se um paciente com linfoma irá sofrer recidiva depois de receber tratamento e seu tempo de sobrevivência.
Esse teste hematológico não-invasivo é capaz de determinar, em nível molecular, que tipo de tumor o paciente tem, o que pode informar quão longe um paciente conseguirá viver ou quão bem ele irá responder ao tratamento. Isso provavelmente poderá ser uma abordagem conveniente para predizer os resultados clínicos saídos do linfoma, o que proverá a possibilidade de predizer o melhor cuidado para esses pacientes, segundo os autores.
Esta é a mais recente descoberta da tecnologia de testes sanguíneos que os cientistas da Northwestern e colaboradores usaram para detectar pacientes com câncer de fígado ou complicações em diabéticos e agora está sendo testada também para outros tipos de cânceres.
A incidência da taxa de linfoma quase duplicou nos Estados Unidos desde os anos 70. As estatísticas mais recentes indicam que apenas em 2016, houveram mais de 81000 novos casos de linfoma diagnosticados nos Estados Unidos. Ainda que seja um tipo de câncer bastante tratável, determinações sobre como será a sobrevivência do paciente e o curso de tratamento podem variar amplamente.
“O linfoma representa uma preocupação de saúde crescente e importante nos Estados Unidos, então desenvolver novas abordagens para precisar o cuidado com esses pacientes irá auxiliar bastante a qualidade de vida e as consequências a esses pacientes”. disse o co-autor Wei Zhang, professor associado de epidemiologia do câncer e prevenção na Escola de Medicina Feinberg da Universidade Northwestern.
O estudo foi recentemente publicado no journal Blood Advances.
O protótipo dessa nova tecnologia foi desenvolvido por um co-autor desse estudo, Chuan He, na Universidade de Chicago. Zhang, He e Brian Chiu, um epidemiologista do câncer na Universidade de Chicago, e também um co-autor desse estudo, trabalharam juntos para criar um teste hematológico para o prognóstico do linfoma. Com apenas três a cinco mililitros de sangue, o teste não invasivo e clinicamente conveniente analisa o DNA do paciente usando biomarcadores altamente sensitivos para o sangue.
Anteriormente a esse estudo, cientistas detectaram precocemente e de forma mais precisa se pacientes diabéticos teriam complicações vasculares ameaçadoras da vida como doenças cardíacas, aterosclerose e falência renal.
Em um estudo publicado anteriormente usando essa tecnologia, Zhang analisou mais de 3000 amostras de sangue de pessoas com precisão para identificar câncer de fígado em pacientes sem falhar na determinação daqueles que estavam apenas em risco.
Zhang, membro do centro de câncer Robert H. Lurie na Universidade Northwerstern, está atualmente testando essa tecnologia de análise de sangue em outros tipos de cânceres mais comuns, incluindo o mieloma múltiplo e o câncer de cólon. Ele está compreensivamente comparando a tecnologia com biópsia de tecidos em todo tipo de câncer que ele e seus colaboradores estudam.
O objetivo é testar essa tecnologia em pacientes em testes clínicos, diz Zhang, e eventualmente trazer isso à uma verdadeira realidade clínica.
“Idealmente, no futuro, um paciente poderá ter seu sangue testado com essa tecnologia e avaliar diferentes tipos de cânceres”, disse Zhang.
Mais informações: Brian C.-H. Chiu et al. Prognostic implications of 5-hydroxymethylcytosines from circulating cell-free DNA in diffuse large B-cell lymphoma, BloodAdvances (2019).
Material obtido de Medical Xpress. Tradução por: João Gabriel de Almeida.