O bebê tem experiência auditiva desde a barriga da mãe. Por isso, é fundamental que a criança seja testada a partir do 1º dia de nascimento até 1 mês de idade
Os bebês possuem percepção auditiva desde a 25ª semana de vida intrauterina. É fundamental, portanto, que o exame de Triagem Auditiva Neonatal Universal (TANU), o chamado Teste da Orelhinha, seja realizado entre o 1º dia de nascimento até 1 mês de vida, oportunizando o diagnóstico e a intervenção precoces em caso de perda auditiva. O teste é um direito garantido pela Lei Federal 12.303, desde 2010.
No Brasil, 11 de novembro é o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez, como símbolo de luta pela educação, conscientização e prevenção para os problemas causados pela surdez. Em crianças, quase 60% da perda auditiva pode ser evitada por meio de medidas como imunização para prevenção da rubéola e meningite, melhoria da atenção materna e neonatal, e triagem e tratamento precoce de otite média – doenças inflamatórias do ouvido médio, aponta o primeiro Relatório Mundial de Audição da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado em 2021.
Segundo o relatório, uma vez que se tenha o diagnóstico, a intervenção precoce é decisiva. O tratamento médico e cirúrgico pode potencialmente reverter a perda auditiva, assegurando um melhor desenvolvimento para a vida presente e futura da criança. E nos casos de surdez irreversível, o tratamento adequado e a reabilitação podem evitar consequências adversas.
Uma parcela significativa da população é afetada pela deficiência auditiva. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 5% da população, mais de dez milhões de pessoas, tem algum problema relacionado à surdez. Entre as crianças, a cada mil, três possuem problemas auditivos, segundo dados do Ministério da Saúde.
Teste e sinais de alerta
Todas as crianças que nascem devem passar pela Triagem Auditiva Neonatal Universal, mesmo que não apresentem indicadores de riscos de surdez. O otorrinolaringologista Rodrigo Guimarães Pereira (CRM Paraná 15627), do Hospital Pequeno Príncipe, explica que a surdez de herança genética gera sintomas inespecíficos nos primeiros meses de vida, o que torna difícil a detecção do problema nesse período somente pela observação do comportamento.
Os órgãos de saúde recomendam que a identificação dos sinais de perda auditiva ocorra no 1º mês de vida; o diagnóstico, até 3 meses; e o início do tratamento, aos 6 meses de idade. “É a experiência auditiva desde a barriga da mãe que permite chegarmos ao 1º ano de vida com capacidade para desenvolvermos a linguagem. Se ficamos privados desta percepção todo este tempo, há prejuízos para a recuperação da função auditiva e para o desenvolvimento da criança”, alerta o especialista do Pequeno Príncipe.
Quando a surdez não é identificada no Teste da Orelhinha, alguns sinais dessa deficiência podem ser percebidos a partir do comportamento da criança nas diferentes fases de desenvolvimento.
- Recém-nascidos: não reagem aos sons, mesmo a barulhos altos como batida de porta e latido de cachorro. Se a criança está dormindo, ela não acorda com objetos caindo no chão ou um grito, por exemplo. Nesses casos, seria natural que a criança reagisse com um sobressalto (pulo com os braços abertos).
- Com 6 meses de idade: a criança começa a perceber sons laterais. A própria família pode fazer testes domiciliares, como provocar barulho do lado oposto ao que a criança está olhando, com batida de palmas ou estalar de dedos. A tendência é que ela se vire para o lado da fonte sonora.
- Perto de 1 ano de idade: inicia-se o desenvolvimento da linguagem. A criança começa a perceber e gerar sons inteligíveis, geralmente onomatopaicos: mama, papa, au-au. A ausência desses elementos pode ser um sinal de perda auditiva, assim como a falta de atenção aos sons ou a necessidade de aumentar o volume dos aparelhos sonoros como a televisão, acima do que a família está habituada a ouvir.
Graus de perda auditiva e tratamentos
A deficiência auditiva pode ser congênita, quando a criança nasce com o problema, ou ser adquirida durante a vida. As causas abrangem aspectos genéticos, traumas ou doenças adquiridas. Em qualquer dessas situações, são diferentes os graus de deficiência auditiva, classificados de forma geral em: grau leve, moderado, severo e profundo.