Descobertas abrem fronteiras para otimizar o manejo de pacientes com sepse e pacientes em uso de imunossupressores
Tratar pacientes com sepse pode ser bem complicado. Os clínicos devem identificar o patógeno que está causando a infecção, monitorar cuidadosamente a resposta do paciente aos antibióticos e medidas de suporte e correr contra o relógio para prevenir potenciais falências nos órgãos e morte. A maior parte do tempo, os médicos devem controlar a infecção. O que pode levar a injúrias multi-orgânicas e fatalmente à uma resposta imune sobrecarregada pelo paciente. Os testes atuais não provêm ao clínico a precisão e a informação necessária para rapidamente modificar a abordagem terapêutica. Para sanar essa necessidade não atendida, pesquisadores do Hospital Brigham and Women’s, em Boston, em colaboração com pesquisadores do MIT, desenvolveram uma tecnologia que permite a avaliação da ativação e função dos leucócitos provenientes de uma pequena alíquota de sangue de pacientes com sepse. A abordagem dessa equipe resultou em resultados e implicações químicos que estão detalhados em um paper publicado na Nature Biomedical Engineering.
“Nossa ideia foi desenvolver um teste diagnóstico point-of-care que, ao invés de focar na contagem de leucócitos, informasse sobre o estado de ativação e função desses leucócitos”, disse o autor-correspondente Dr. Bruce Levy, chefe da Divisão de doenças pulmonares e medicina de risco de Brigham.
A nova abordagem usa microfluídica – pequenos canais que alinham as células pelo tamanho, permitindo aos investigadores separar os leucócitos maiores das menores células sanguíneas e outros elementos do sangue. Isso requer apenas quantidades em microlítros de sangue, ao invés de mililitros – em outras palavras, gotas de sangue ao invés de tubos. Graças a essa metodologia, é possível reduzir o risco de anemia iatrogênica entre os pacientes.
Além disso, trabalhando com o time do MIT, os pesquisadores utilizaram uma nova tecnologia para mensuração da atividade elétrica das células, que muda quando os leucócitos estão ativados e pode distinguir os pacientes em processo inflamatório (como a sepse) dos que não estão. Essa mensuração elétrica – conhecida como separação isodielétrica – deu ao time importantes informações sobre a função e ativação do estado das células sanguíneas.
A equipe utilizou amostras de 18 pacientes hospitalizados e 10 pacientes saudáveis, observando as amostras coletadas ao longo do curso de sete dias. Ambos os estados de ativação e função dos leucócitos foram significativamente mais preditivos para o curso clínico do paciente do que as contagens de leucócitos.
Os autores ainda destacam que suas descobertas podem ter implicações para além da sepse. Ter um método para precisamente e de forma acurada mensurar respostas do sistema imune em alíquotas de microlitros de sangue pode ser útil para monitorar pacientes recebendo terapias de modulação imune, incluindo tratamentos com inibidores de check-point para o câncer e tratamentos com drogas imunossupressoras após transplantes de órgãos. Um teste diagnóstico mais preciso para a atividade do sistema imune poderá permitir aos clínicos ajustar as terapias de modulação imune para maximizar os benefícios e diminuir os riscos para os pacientes individualmente.
Mais informações: Leukocyte function assessed via serial microlitre sampling of peripheral blood from sepsis patients correlates with disease severity, Nature Biomedical Engineering (2019). DOI: 10.1038/s41551-019-0473-5 , https://nature.com/articles/s41551-019-0473-5
Com informações de Medical Xpress, traduzido por João Gabriel de Almeida.