Noites em claro? Seu cérebro pode estar envelhecendo mais rápido

O sono de qualidade é um dos principais pilares de uma boa saúde cerebral e a falta dele prejudica em vários níveis o funcionamento cerebral, afirma o Pós PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela

Dormir bem é muito mais do que descansar o corpo, é dar ao cérebro a oportunidade de se reorganizar, reparar conexões e consolidar memórias. De acordo com o Pós PhD em neurociências, Dr. Fabiano de Abreu Agrela, noites mal dormidas têm um custo alto para a mente.

“A privação de sono acelera processos neurodegenerativos, reduz a capacidade cognitiva e, com o tempo, pode levar o cérebro a envelhecer de forma precoce. Durante o sono, principalmente nas fases profundas, o cérebro realiza funções essenciais para a regeneração celular e a limpeza de resíduos tóxicos, como a beta-amiloide, proteína associada ao desenvolvimento do Alzheimer”.

“É durante o sono que o cérebro ativa o sistema glinfático, responsável por eliminar substâncias que, se acumuladas, danificam os neurônios”, explica o neurocientista. Esse processo, segundo ele, é vital para manter a integridade das conexões sinápticas e o bom desempenho cognitivo”

“Quando há privação ou fragmentação do sono, esse sistema de “limpeza” não funciona adequadamente, o que pode gerar inflamação cerebral crônica e comprometer o metabolismo neuronal”, explica Dr. Fabiano de Abreu.

Privação de sono e envelhecimento precoce
Pesquisas recentes em neurociência mostram que dormir menos de seis horas por noite, de forma recorrente, está associado à redução do volume cerebral em áreas como o hipocampo, responsável pela memória e aprendizagem, e o córtex pré-frontal, envolvido na tomada de decisões e no controle emocional.

Dr. Fabiano de Abreu explica que essa perda estrutural é comparável ao envelhecimento natural acelerado.

“A privação de sono prolongada reduz a neuroplasticidade, ou seja, a capacidade do cérebro de se adaptar, aprender e se recuperar de lesões. Além disso, a falta de sono afeta a produção de neurotransmissores como dopamina, serotonina e acetilcolina, fundamentais para o equilíbrio emocional e o foco”, explica.

Cérebro cansado, corpo em risco
Os efeitos da privação de sono não se limitam ao sistema nervoso. Dormir pouco aumenta o risco de doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade e depressão, condições que também estão associadas ao envelhecimento precoce do organismo.

“O sono regula o metabolismo, a pressão arterial e os hormônios do estresse. Quando o corpo não entra em repouso adequado, o sistema nervoso simpático fica constantemente ativado, como se estivéssemos em alerta. Isso desgasta o organismo e o cérebro paga o preço”, ressalta Dr. Fabiano.

Um fator de longevidade cerebral
Para o Dr. Fabiano de Abreu Agrela, cuidar do sono é investir na longevidade cognitiva. Ele destaca que dormir bem não é um luxo, mas uma necessidade biológica:

“O sono é o principal aliado da neuroproteção. Sem ele, o cérebro envelhece antes do tempo, perdendo sua capacidade de se regenerar e de aprender. Dormir é, literalmente, uma forma de manter a juventude do cérebro”.