Por: Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues
A busca pela felicidade tem sido uma constante na história da humanidade, e a neurociência moderna oferece novas perspectivas sobre como essa emoção complexa é gerada e mantida no cérebro. A felicidade, conforme descrita na literatura, é um fenômeno subjetivo influenciado por fatores biológicos, psicológicos e sociais. No entanto, um dos pilares centrais para a obtenção e manutenção da felicidade parece residir na homeostase, ou seja, no equilíbrio interno que o corpo e a mente devem alcançar para gerar sensações de bem-estar e satisfação.
O conceito de homeostase se refere à capacidade do organismo de manter um ambiente interno estável, mesmo diante de mudanças externas. Esse equilíbrio é essencial para o funcionamento adequado dos sistemas neurofisiológicos que regulam as emoções e, consequentemente, a felicidade. Estudos neurocientíficos têm mostrado que a liberação de neurotransmissores, como dopamina, serotonina e oxitocina, desempenha um papel crucial na geração de sensações de prazer e felicidade. Estes neurotransmissores são modulados por diferentes fatores, incluindo a homeostase do organismo. Por exemplo, a dopamina, frequentemente associada ao prazer e à recompensa, é liberada em níveis adequados quando o corpo está em equilíbrio; excesso ou deficiência podem levar a desordens emocionais e comportamentais (Rodrigues, 2021).
A homeostase não se restringe apenas ao nível bioquímico, mas também se estende ao equilíbrio mental e emocional. Pessoas com alto quociente de inteligência (QI), por exemplo, tendem a ter uma maior capacidade de autorregulação emocional e de adaptação a diferentes situações, o que contribui para um melhor estado de equilíbrio interno. Estudos indicam que indivíduos com alto QI apresentam uma maior massa cinzenta em áreas do cérebro relacionadas à emoção e à cognição, como o precuneus, região envolvida na percepção subjetiva de felicidade. Esses indivíduos são capazes de experienciar menores níveis de tristeza e têm uma maior resiliência emocional, o que lhes permite manter um estado de bem-estar mais constante (Rodrigues, 2021).
Ademais, o papel da inteligência na felicidade é multifacetado. Além de facilitar a homeostase emocional, a inteligência está associada a uma maior capacidade de resolução de problemas e à obtenção de sucesso em diferentes aspectos da vida, o que, por sua vez, alimenta o ciclo de satisfação e bem-estar. A inteligência permite que os indivíduos lidem de forma mais eficaz com os desafios e adversidades, mantendo um equilíbrio psicológico que é essencial para a manutenção da felicidade.
Em síntese, a felicidade é um estado complexo e multifacetado que depende tanto de fatores biológicos, como a homeostase e a neuroquímica cerebral, quanto de fatores psicológicos e sociais, como a inteligência e as interações interpessoais. O equilíbrio entre esses fatores é fundamental para a geração e a manutenção de estados duradouros de bem-estar e satisfação. Assim, a compreensão dos mecanismos subjacentes à felicidade pode fornecer insights valiosos para o desenvolvimento de estratégias de promoção de saúde mental e qualidade de vida.
Referências:
Rodrigues, F. de A. (2021). Neurofisiologia filosófica da felicidade: O segredo da felicidade está na homeostase; pessoas de alto QI têm mais chances de encontrar um melhor equilíbrio. Archives of Health, 2(1), 154-165. https://doi.org/10.46919/archv2n2-002.
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