“Tratamentos menos invasivos podem ajudar as mulheres a se recuperarem mais rapidamente e a retomarem suas atividades normais mais rapidamente”, afirma Shannon Laughlin-Tommaso, MD, obstetra-ginecologista da Mayo Clinic e co-autor principal do artigo.
Um estudo recente mostrou que quase 60% das mulheres submetidas à histerectomia por miomas não receberam um tratamento menos invasivo primeiro. O procedimento, mesmo poupando os ovários, aumenta os riscos de doenças cardiovasculares, depressão, ansiedade e maior mortalidade, segundo a especialista. Esses riscos são maiores em pessoas que removem o útero em idade jovem.
“A histerectomia é o único tratamento definitivo, pois os pacientes não terão sangramento ou miomas no futuro. Para pacientes e médicos, isso simplifica a tomada de decisões porque eles não precisam determinar qual tratamento será mais eficaz ou se os sintomas retornarão”, observa Laughlin-Tommaso, em entrevista à CNN.
“A histerectomia também está universalmente disponível nas práticas de obstetrícia e ginecologia, enquanto algumas das alternativas à histerectomia não estão, portanto, o acesso pode ser um problema. Felizmente, a terapia médica está disponível em todo o mundo. A preocupação com a histerectomia, especialmente em uma idade jovem, são os riscos a longo prazo de doenças cardiovasculares, depressão, ansiedade e aumento da mortalidade”, acrescenta.
O que são miomas uterinos?
Miomas uterinos são tumores benignos que se formam no útero e podem afetar significativamente a qualidade de vida de pacientes.
Os miomas são formados por tecido muscular e conjuntivo e podem variar de tamanho, sendo desde pequenos nódulos até massas volumosas que podem distorcer e até mesmo aumentar o tamanho do útero.
A origem dos miomas ainda é desconhecida dos médicos, porém seu surgimento pode ter influência genética e estar relacionado ao estímulo hormonal na idade fértil. Os fatores de risco para o desenvolvimento de miomas incluem idade, sendo mais comum em mulheres entre 30 e 50 anos, histórico familiar, obesidade e fatores hormonais.
Quais são as alternativas menos invasivas para o tratamento?
De acordo com a Febrasgo, o tratamento do mioma uterino pode variar de acordo com a localização, tamanho e quantidade de miomas. A federação recomenda que a retirada cirúrgica do mioma deva ser indicada apenas quando os tumores tiverem um volume considerável ou se oferecerem risco para mulheres grávidas ou para o bebê no momento do parto.
“Aqueles que não tiveram sucesso com outras terapias de miomas ou sangramento intenso também podem considerar a histerectomia. Para pacientes que desejam preservar a fertilidade, oferecer uma alternativa à histerectomia é extremamente importante”, afirma Laughlin-Tommaso.
Essas alternativas incluem terapias médicas, dispositivos intrauterinos (DIU), ablação por radiofrequência, ablação por ultrassom focalizado e embolização da artéria uterina.
No entanto, é importante que o mioma seja detectado precocemente, já que, nas fases iniciais, ele tende a ser menor e menos extenso. Consequentemente, alternativas que não são cirúrgicas passam a ser mais viáveis no tratamento.
Quais são os sintomas de miomas uterinos e como é feito o diagnóstico?
Segundo a Febrasgo, geralmente, os sintomas mais comuns relacionados aos miomas uterinos incluem sangramento intenso e anormal, dor, compressão de órgãos ao redor do útero — como bexiga e intestino –, dificuldade para engravidar e, em alguns casos em gestantes, aborto espontâneo, além de anemia.
“É especialmente importante em mulheres jovens com sangramento menstrual intenso e anemia considerar miomas. Sintomas de volume, como pressão pélvica, frequência urinária, constipação, também podem ocorrer. Quando os miomas aumentam, alguns pacientes podem apresentar um abdômen saliente”, explica Laughlin-Tommaso.
O diagnóstico de miomas uterinos pode ser feito através do ultrassom pélvico. Exames de sangue também podem ajudar a investigar possíveis causas e verificar se há anemia devido aos sangramentos intensos.
Matéria – Gabriela Maraccini, da CNN