Congresso termina nesta quarta com divulgação da Carta de Belo Horizonte
Foram quase 100 horas dedicadas a discussão de doenças negligenciadas, que são causadas por agentes infecciosos ou parasitários, no Brasil existem 18 das 21 listadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os palestrantes abordaram resultados ou o andamento de pesquisas científicas para desenvolver vacinas, novos tratamentos, novos testes de diagnóstico para doenças como leishmanioses, hanseníase, dengue, zika, febre chikungunya, febre amarela, doença de chagas, as helmintoses (ascaridíase, teníase e esquistossomose), sífilis e HIV, entre outras, para um público de mais de 3 mil pessoas, composto por profissionais da saúde, pesquisadores e estudantes. “É esse o papel do nosso congresso: reunir a comunidade científica para apresentar seus resultados e nas discussões surgirem novas parcerias, novos projetos, novas colaborações para continuar respondendo a esse grande desafio de saúde pública representado pelas doenças infecciosas e parasitárias, que são o campo das doenças negligenciadas num país continental como o Brasil”, afirma o presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Sinval Pinto Brandão Filho.
O MEDTROP-PARASITO 2019 é a realização simultânea do 55º Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, do XXVI Congresso Brasileiro de Parasitologia, da 34a Reunião de Pesquisa Aplicada em Doença de Chagas e da 22ª Reunião de Pesquisa Aplicada em Leishmanioses e do CHAGASLEISH 2019. A última vez que esse evento foi realizado em conjunto foi há 40 anos, como ressalta o presidente da Sociedade Brasileira de Parasitologia, José Roberto Machado e Silva, e conclui que foi uma oportunidade para resgatar essa parceria histórica e a colaboração entre as áreas.
O congresso foi realizado nas dependências do Campus Pampulha da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Foram utilizados 16 auditórios e 25 salas da universidade. A reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, afirma que “a universidade é uma instituição de pesquisa e que tem esse compromisso com a sociedade que é resolver os problemas que estão aí colocados. Para nós foi uma grande satisfação sediar um evento que compartilha desses pressupostos de que política pública se faz com pesquisa, com investimento sustentável, que é a missão da UFMG e de todas as outras universidades públicas do país”.
O tema do congresso foi “Convergência e inclusão: em busca de soluções sustentáveis para o diagnóstico, tratamento e controle das doenças tropicais”. Foram realizadas 53 conferências, 65 mesas redondas e 19 miniconferências que abriram perspectivas para a integração da ciência, educação e tecnologia. “Conseguimos o objetivo do congresso que é a inclusão, a convergência, favorecer a pesquisa translacional e mais do que isso: a relação translacional entre as instituições e os assuntos que as pessoas queriam abordar”, analisa uma das presidentes da comissão pela Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, professora Dra. Rosália Morais Torres.
Uma das presidentes da comissão pela Sociedade Brasileira de Parasitologia, professora Dra. Grasielle Caldas D’Ávila Pessoa, acrescenta que “a nossa casa recebeu nos últimos três dias 3500 congressistas, 497 palestrantes que discutiram ciência com brilhantismo, em 13 eixos diferentes, das 8 às 18 horas, de forma muito intensa os mais diferentes problemas na área da medicina tropical e da parasitologia”.
Ângelo Lindoso, um dos presidentes da comissão pela Reunião de Pesquisa Aplicada em Leishmanioses e do CHAGASLEISH, fala que “o evento trouxe uma resposta muito boa para a população que participou e, quiçá, a gente possa com essas respostas, com essas discussões científicas, transformar em resposta para a sociedade e em programas de controle de leishmaniose, trazendo novas evidências de diagnóstico, de tratamento, do entendimento das doenças, e, principalmente, do controle dessas doenças totalmente negligenciadas que afligem uma população totalmente negligenciada e esquecida”.
Um dos resultados do congresso foi a divulgação d Carta de Belo Horizonte, elaborada durante a quarta edição do Fórum Social Brasileiro para Enfrentamento de Doenças Infecciosas e Negligenciadas, expressando as reivindicações debatidas e acordadas entre os participantes, que pode ser acessada no link https://www.nhrbrasil.org.br/atividades/noticias/161-carta-de-belo-horizonte-traz-demandas-do-forum-social.html.
Um dos pontos altos do congresso foi o anúncio do Ministro da Saúde, Luiz Henrique
Mandetta, logo na abertura, de um aporte de R$ 50 milhões para pesquisas em doenças transmissíveis e negligenciadas. São R$ 24 milhões para pesquisas sobre doenças transmissíveis e negligenciadas; R$ 10 milhões para pesquisas sobre malária e R$ 16 milhões para destinados à tuberculose, no âmbito do BRICS (bloco econômico de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). As chamadas serão publicadas no site do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
O evento contou ainda com 17 stands de instituições parceiras, como da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e do Ministério da Saúde. A realização do MEDTROP-PARASITO 2019 foi da Airá Eventos.
Mais informações: www.medtrop-parasito2019.com.br