O desenvolvimento de medicamentos inovadores para transtornos psiquiátricos está em foco novamente, com o KarXT, vendido como Cobenfy, liderando a nova geração. O remédio foi recentemente aprovado nos Estados Unidos para o tratamento da esquizofrenia, utilizando um mecanismo de ação diferente dos medicamentos tradicionais. Agora, pesquisadores avaliam seu potencial para tratar outras condições, como a doença de Alzheimer, segundo pesquisa publicada na revista científica Nature.
Por décadas, as drogas para esquizofrenia concentraram-se em reduzir a atividade da dopamina, tratando sintomas como alucinações e delírios. O KarXT se destaca ao atuar nos receptores muscarínicos, oferecendo benefícios antipsicóticos e cognitivos. Essa abordagem foi inicialmente explorada nos anos 1990, quando um dos componentes do KarXT, o xanomeline, demonstrou reduzir sintomas psicóticos em pacientes com Alzheimer. No entanto, efeitos colaterais graves, como náuseas e vômitos, dificultaram sua aprovação na época.
Uma nova abordagem e menos efeitos colaterais
O KarXT combina xanomeline com trospium, uma substância que bloqueia os receptores muscarínicos no corpo, reduzindo os efeitos adversos fora do cérebro. Esse avanço tornou o tratamento viável, com testes clínicos mostrando resultados promissores em termos de eficácia e segurança para pacientes com esquizofrenia.
A reativação do interesse por medicamentos muscarínicos já motivou o desenvolvimento de outras drogas semelhantes. Entretanto, o fracasso recente de um estudo clínico com o emraclidine, um concorrente focado exclusivamente no receptor M4, gerou dúvidas sobre a eficácia de medicamentos que não combinam múltiplos alvos, como o KarXT.
Desafios e possibilidades no tratamento do Alzheimer
Os receptores muscarínicos, presentes em todo o corpo, apresentam um desafio técnico: como criar medicamentos que atinjam somente o cérebro sem efeitos colaterais sistêmicos. Pesquisadores estão explorando moduladores alostéricos, que atuam em áreas específicas do receptor, para melhorar a precisão e minimizar riscos.
A potencial aplicação do KarXT no Alzheimer desperta expectativas, especialmente porque a doença também afeta cognição e processos neurológicos associados aos receptores muscarínicos. Estudos adicionais serão necessários para validar sua eficácia nesse contexto, mas especialistas como Jeffrey Conn, da Universidade Vanderbilt, acreditam que esta é uma oportunidade única de inovação em psiquiatria.
O impacto de medicamentos como o KarXT pode redefinir o tratamento de transtornos neurológicos e psiquiátricos, abrindo novas possibilidades para condições complexas, como Alzheimer e esquizofrenia.
Matéria – Exame, nIA Bot