Além de dor, a doença que atinge aproximadamente 12% das mulheres em idade reprodutiva pode causar infertilidade
O mês de março chegou e com ele diversas campanhas chamando atenção para o Março Amarelo, onde o alvo é a endometriose. Segundo estudos recentes divulgados pelo Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia (ACOG), a endometriose atinge uma em cada 10 das mulheres em idade reprodutiva. Só em nosso país são cerca de 6 milhões de portadoras. Porém, esses números provavelmente são muito maiores, já que o diagnóstico ainda é falho e demorado.
A doença possui como uma de suas mais marcantes características um caráter evolutivo, ou seja, começa com lesões superficiais, facilmente tratáveis, e evolui até atingir quadros graves como acontece na endometriose profunda intestinal ou quando atinge os ovários, tornando o tratamento bem mais complexo.
“É essencial que o diagnóstico seja feito o mais precocemente possível. Infelizmente ocorre em todo o planeta um intervalo médio de aproximadamente 7 anos desde os primeiros sintomas até o diagnóstico”, lamenta Fernando Prado, ginecologista e obstetra especialista em reprodução humana.
Apesar de muita gente acreditar que a endometriose não tem cura, quando tratada por meio de medicamentos ou por laparoscopia e todas as lesões removidas, pode-se dizer que a mulher está completamente curada. “Com tratamento adequado a doença dificilmente retorna. O que causa esta confusão é o fato de que uma vez com endometriose, existe marcante propensão a tê-la novamente e esse retorno da doença fatalmente acontece caso a mulher continue a menstruar como antes, sem as medicações e tratamentos corretos”, informa Prado.
Fora a dor que incomoda muito, as mulheres portadoras de endometriose acham erroneamente que raramente conseguem engravidar. Segundo o estudo da Sociedade Europeia de Reprodução Humana e Embriologia, publicado em 2013, cerca de 60% das mulheres afetadas pela endometriose conseguirão engravidar. As 40% restantes, de fato, deverão passar por tratamento, seja por meio de videolaparoscopia ou técnicas de reprodução assistida como a fertilização in vitro.
Como a endometriose pode ser ‘silenciosa’, o ideal é que as mulheres procurem um especialista tão logo comecem a sentir cólicas ou dor nas relações sexuais.
Fernando Prado – Médico ginecologista e obstetra, especialista em reprodução humana, doutor pelo Imperial College London e pela Universidade Federal de São Paulo, diretor técnico da Neo Vita e diretor do setor de embriologia do Labforlife.