No mês de setembro é realizada uma campanha internacional de conscientização sobre o tratamento de doenças mentais e preservação da vida chamada “Setembro Amarelo”, uma das principais condições que podem desencadear o suicídio é a depressão.
De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde, mais de 300 milhões de pessoas sofrem de depressão mundialmente, mas apesar dos números alarmantes os tratamentos medicamentosos atuais trazem apenas resultados parciais, pois focam em apenas um pilar da depressão: Os neurotransmissores.
Grande parte dos medicamentos atuais contra a depressão focam apenas em estimular o aumento dos níveis de neurotransmissores relacionados a sensações de bem estar e felicidade, como a serotonina e noradrenalina, o que, apesar de trazer um alívio, não traz resultados tão expressivos para os pacientes.
Um ponto muito importante, e endossado cientificamente, em relação à depressão é a neuroinflamação. A relação entre a inflamação no corpo e o desenvolvimento ou agravamento da depressão tem sido bastante reforçada por estudos neurocientíficos.
A inflamação é um processo natural do corpo humano desenvolvido durante a evolução como uma forma de proteção contra patógenos, lesões e toxinas, no entanto, com as fortes mudanças atuais no estilo de vida, estresse, má alimentação e excesso do uso de redes sociais, tem feito com que as motivações por trás da inflamação não sejam mais, primariamente, infecções ou feridas, e sim do nosso estilo de vida.
Essa inflamação excessiva pode agir como uma espécie de gatilho para a depressão em pessoas com maior propensão para desenvolvê-la, além de aumentar a anedonia – sintoma depressivo comum que causa a redução do prazer e satisfação – sendo também relacionada à redução da dopamina e redução de conexões funcionais entre o córtex pré-frontal e o corpo estriado ventral, afetando fortemente o sistema de recompensa do cérebro e estimulando decisões impulsivas.
Estudos também apontam que pacientes depressivos possuem mais citocinas inflamatórias, tendência à inflamação e maior número de proteína C reativa – substância produzida pelo fígado em resposta direta à inflamação.
A inflamação também está ligada a uma deterioração da barreira hematoencefálica, responsável pela proteção do cérebro a moléculas potencialmente prejudiciais vindas do sangue, fazendo com que essas moléculas liberem agentes inflamatórios que atingem o cérebro, gerando a neuroinflamação.
Toda essa cadeia de eventos, que pode ser catastrófica à saúde mental, em especial aos indivíduos que possuem propensão a depressão, pode ser prevenida com alterações no seu principal fator desencadeante, o estilo de vida.
Hábitos saudáveis que vão na contramão do estilo de vida moderno, como a prática constante de atividades físicas, uma dieta rica em alimentos menos inflamatórios, cuidados com a microbiota intestinal, um sono de qualidade, maior envolvimento social, redução de açúcar e aumento do consumo de alimentos com vitamina D e complexo B.
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Sobre Dr. Fabiano de Abreu
Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues, é um Pós-doutor e PhD em neurociências eleito membro da Sigma Xi, The Scientific Research Honor Society e Membro da Society for Neuroscience (USA) e da APA – American Philosophical Association, Mestre em Psicologia, Licenciado em Biologia e História; também Tecnólogo em Antropologia e filosofia com várias formações nacionais e internacionais em Neurociências e Neuropsicologia. Pesquisador e especialista em Nutrigenética e genômica. É diretor do Centro de Pesquisas e Análises Heráclito (CPAH), Cientista no Hospital Universitário Martin Dockweiler, Chefe do Departamento de Ciências e Tecnologia da Logos University International, Membro ativo da Redilat, membro-sócio da APBE – Associação Portuguesa de Biologia Evolutiva e da SPCE – Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação. Membro das sociedades de alto QI Mensa, Intertel e Triple Nine Society. Autor de mais de 200 artigos científico e 15 livros.
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Créditos – Foto: Divulgação / MF Press Global