Os casos de hanseníase registrados em Piracicaba (SP) cresceram em até 75% desde 2020, conforme aponta levantamento da Secretaria de Saúde da cidade, passando de oito, naquele ano, para 14 confirmações da doença infectocontagiosa em 2023. Em 2021, a cidade teve dez casos e, em 2022, foram nove registros.
Quando não tratada, a hanseníase atinge pele e nervos, podendo causar incapacidades físicas e evoluir para deformidades.
A enfermeira e interlocutora do Programa de Tuberculose e Hanseníase de Piracicaba, Poliana Garcia, reforça que, embora a quantidade de casos confirmados no município pareça pequena, o número é preocupante porque a maioria dos ocorrências são diagnosticadas tardiamente nos pacientes, que já apresentam alguma incapacidade instalada.
Janeiro Roxo
Até o próximo dia 31, as secretarias de Saúde intensificam os trabalhos da campanha Janeiro Roxo para a prevenção da hanseníase. Todas as unidades da rede de Atenção Básica realizarão a busca ativa de novos casos, além de orientações relacionadas à doença para a comunidade.
“Cerca de 95% dos casos foram diagnosticados tardiamente, apresentando formas mais graves da doença e, em 60% deles, com algum grau de incapacidade instalada. Por isso a importância da campanha com informação e, também, da participação da população para termos o diagnóstico mais precoce”, lembrou Poliana.
Limeira
A campanha também ocorre em Limeira (SP). A cidade registrou queda nos casos de hanseníase. No ano passado, foram registrados três confirmações da doença. Em 2022, foram quatro registros.
Em 2021, Limeira teve oito casos de hanseníases e cinco em 2020.
Doença negligenciada
A interlocutora do Programa de Tuberculose e Hanseníase de Piracicaba explica que a doença é uma das enfermidades mais antigas conhecidas pela humanidade.
“Classificada como doença negligenciada, a hanseníase permanece como um importante problema de saúde pública no século 21”, alerta Poliana Garcia.
Infecção
A hanseníase é uma infecção causada pelo Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen e afeta principalmente pele, com presença de lesões e nervos periféricos, com alteração de sensibilidade.
A doença pode causar:
- Incapacidades físicas e perda funcional, especialmente nas mãos, pés e olhos
- Quadro pode alcançar limitações graves
Diagnóstico tardio
Em casos com diagnóstico tardio, a doença pode afetar atividades diárias da vida do paciente, como escovar dentes, segurar uma colher, pentear cabelo, entre outras.
Sinais e sintomas
Os sinais de suspeição da hanseníase são:
- manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas, em qualquer parte do corpo
- perda ou alteração de sensibilidade tátil, térmica e dolorosa
- áreas com diminuição dos pelos e do suor
- fisgadas ao longo dos nervos dos braços e das pernas
- diminuição da sensibilidade e da força muscular da face, mãos e pés, devido à inflamação de nervos
Os primeiros sintomas podem levar de dois a sete anos para aparecerem. Portanto, trata-se de uma doença crônica de evolução lenta.
Formas de prevenção
A vacinação com BCG, de acordo com calendário vacinal, vacinação de contatos, diagnóstico e tratamento precoce são as principais formas de prevenção para novas infecções pela Hanseníase.
Como é feito o diagnóstico da hanseníase?
O diagnóstico da Hanseníase é clínico realizado por meio do exame geral e dermatoneurológico para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e comprometimento de nervos periféricos, com alterações sensitivas, motoras e autonômicas.
Onde fazer os exames?
A suspeição é feita pelos profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS), na Atenção Primária, o paciente é encaminhado ao Centro Especializado em Doenças Infectocontagiosas (Cedic) onde será confirmado ou não, o diagnóstico.
Como ocorre a transmissão da doença?
A transmissão ocorre quando uma pessoa com Hanseníase, na forma infectante da doença, ou seja, sem tratamento, elimina o bacilo para o meio exterior, através do aparelho respiratório superior (secreções nasais, gotículas de saliva, tosse, espirro).
A transmissão ocorre através das vias aéreas superiores, por contato com gotículas de saliva ou secreção nasal e se dá por meio do convívio próximo e prolongado com uma pessoa doente que não esteja em tratamento.
Onde encontrar tratamento?
O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza o tratamento e acompanhamento da doença em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e nas unidades de referência. Os medicamentos são seguros e eficazes.
O paciente em tratamento também transmite a doença?
Ainda no início do tratamento a doença deixa de ser transmitida.
Que medicamentos são usados no tratamento?
No tratamento são utilizados três medicamentos denominado Poliquimioterapia Única (PQT-U) e está disponível nas apresentações adulto e infantil, disponibilizada de forma gratuita e exclusiva no SUS.
Matéria – Por Claudia Assencio, g1 Piracicaba e Região
Imagem – Teste rápido para diagnóstico da hanseníase — Foto: Sandro Araújo/Agência Saúde-DF