por: Dr. Roberto Yano
Em um mundo cada vez mais adaptado às tecnologias e à vida sedentária, a prática de passar longas horas sentado tornou-se comum. Seja no trabalho, no lazer ou em casa, esse comportamento frequente tem levantado preocupações sobre seus impactos na saúde, especialmente no sistema cardiovascular. Um novo estudo, publicado no Journal of the American College of Cardiology (JACC), trouxe evidências alarmantes: há um limite para o tempo diário que podemos passar sentados sem prejudicar o coração.
O risco silencioso de longas horas sentado
O hábito de permanecer sentado por períodos prolongados reduz significativamente a circulação sanguínea, aumentando o risco de problemas cardíacos. Isso ocorre porque a falta de movimento compromete a eficiência do fluxo sanguíneo, favorecendo o acúmulo de gorduras nas artérias e contribuindo para condições como hipertensão, obesidade e diabetes.
Esses fatores, isoladamente, já são considerados ameaças ao coração. No entanto, o impacto cumulativo de todos eles, associados ao sedentarismo, pode sobrecarregar ainda mais o sistema cardiovascular. Além disso, estudos mostram que pessoas que passam mais de 10,5 horas por dia sentadas enfrentam maior risco de desenvolver insuficiência cardíaca, derrame e até ataques cardíacos, mesmo cumprindo a recomendação mínima de 150 minutos semanais de exercícios físicos.
O “tempo-limite” para a saúde do coração
A pesquisa conduzida pelo Hospital Geral de Massachusetts acompanhou quase 90.000 indivíduos durante sete dias, utilizando rastreadores de atividade física para medir o tempo médio que passavam sentados. O estudo revelou que a média diária de 9,4 horas sentadas já apresenta riscos, mas ultrapassar o limite de 10,5 horas por dia aumenta significativamente a probabilidade de complicações cardiovasculares.
O dado mais preocupante é que esses riscos não são totalmente neutralizados pela prática regular de exercícios. Isso indica que, embora atividades físicas sejam fundamentais, elas não compensam os efeitos nocivos do sedentarismo prolongado ao longo do dia.
Prevenção: pequenas mudanças com grande impacto
Felizmente, existem maneiras simples e eficazes de combater os efeitos negativos de ficar sentado por longos períodos. A chave está em adotar pequenas mudanças na rotina:
Levantar-se a cada hora para se alongar ou dar uma breve caminhada.
Incorporar atividades físicas leves, como caminhadas, alongamentos ou mesmo exercícios de força moderada.
Melhorar a ergonomia do ambiente de trabalho, incentivando posturas mais dinâmicas e o uso de mesas ajustáveis.
Fazer pausas regulares no trabalho para movimentar o corpo e estimular a circulação.
Essas atitudes simples ajudam a melhorar o fluxo sanguíneo, equilibrar os níveis de colesterol e aliviar a sobrecarga cardiovascular. A combinação de pausas regulares e exercícios planejados não só reduz os riscos à saúde, como também promove maior bem-estar e produtividade.
Uma mudança de paradigma
Mais do que um alerta para a saúde do coração, esses estudos revelam a necessidade de mudar hábitos e reavaliar a relação com o sedentarismo. Vivemos em um ambiente que favorece longos períodos de inatividade, seja por comodidade ou exigências profissionais. No entanto, ao adotarmos pequenas ações ao longo do dia, podemos reduzir significativamente os riscos e melhorar nossa qualidade de vida.
Não se trata apenas de evitar doenças graves, mas de investir em longevidade e vitalidade. O movimento regular é uma das formas mais acessíveis e eficazes de cuidar do coração — e do corpo como um todo. Afinal, mesmo em um mundo acelerado, encontrar tempo para se mover pode ser a diferença entre saúde e complicações futuras.