A partir deste ano, a esporotricose humana começou a fazer parte da Lista Nacional de Notificação Compulsória e deve ser registrada no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Isso significa que os casos precisam ser reportados às autoridades de saúde pública de forma obrigatória. Com a medida, será possível monitorar a incidência da zoonose e implementar medidas de prevenção para a saúde pública.
A esporotricose humana é uma micose, também conhecida como “doença do jardineiro”. Normalmente é adquirida pela implantação do fungo Sporothrix na pele ou mucosa por meio de um trauma decorrente de acidentes com espinhos, palha ou lascas de madeira, arranhadura ou mordedura de animais doentes, principalmente gatos. A incidência é maior em regiões tropicais e subtropicais, especialmente em áreas rurais.
Apesar de mais comum na pele, o Sporothrix pode atingir os olhos. “A esporotricose ocular pode se manifestar de diferentes formas, dependendo da gravidade da infecção e da resposta do sistema imunológico do paciente. A inflamação da conjuntiva, conhecida como conjuntivite, pode levar a secreção purulenta e vermelhidão. Além disso, a inflamação da córnea, chamada de ceratite, pode causar dor, sensibilidade à luz e visão turva”, explica o Dr. Dr. Victor Massote, oftalmologista especialista em catarata e retina do Hospital de Oftalmologia OCULARE.
Outra manifestação possível é a uveíte, que é a inflamação da úvea, podendo levar a dor intensa e comprometimento visual. Em casos mais graves, a esporotricose ocular pode levar a uma infecção do humor vítreo, conhecida como endoftalmite, que pode levar a grave comprometimento ocular, com risco de dano permanente à visão.
Diante de tantas complicações que a doença pode causar, o diagnóstico precoce é fundamental para garantir um tratamento personalizado e eficaz. O diagnóstico é feito por um oftalmologista ou especialista em doenças infecciosas, que pode solicitar exames laboratoriais para confirmar a presença do fungo. O tratamento pode incluir a administração de medicamentos antifúngicos, terapia tópica e, em alguns casos, cirurgia. “Descobrir a doença em seu estágio inicial é importante, pois permite evitar a disseminação da doença para outras partes do corpo e prevenir a perda permanente da visão, que pode ocorrer se a doença não for tratada de forma adequada”, alerta o oftalmologista.
Medidas preventivas incluem uso de equipamentos de proteção individual, lavar as mãos regularmente e evitar tocar os olhos após manipular materiais potencialmente contaminados (plantas, solos ou madeira). Evitar, também, contato direto com gatos doentes e levá-los ao veterinário ao notar feridas na pele.
A esporotricose ocular é uma doença tratável, e quanto antes for diagnosticada, melhores são as chances de recuperação sem sequelas. Fique atento aos sintomas e proteja sua saúde ocular!
Imagem: NAV DASA – Fonte: Dra. Luisa Frota Chebabo – Infectologista