A síndrome de burnout passou a ser considerada uma doença ocupacional por conta da nova classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS) desde 1º de janeiro.
Sensação de esgotamento, sentimentos negativos e eficácia profissional reduzida, podem ser sinais da síndrome de burnout. Também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, a doença pode surgir por conta da sobrecarga de trabalho.
O diagnóstico, muitas vezes, demora para acontecer porque as pessoas não percebem como a quantidade de tarefas pode fazer mal para a saúde mental. A empresária Kiany Fernandes foi diagnosticada com a doença há três anos, quando trabalhava com desenvolvimento de projetos em uma grande empresa.
“Na verdade já tava com vários projetos ao mesmo tempo, agenda de reuniões, fora os estudos porque eu tava acabando o MBA, certificações fora, então a gente quer fazer tudo de uma vez só, não é? E fora a pressão que a gente sofre de ser tudo isso. É o tempo inteiro provar quem é melhor, quem faz mais, quem entrega mais, e aí a gente vai se deixando de lado”, relembra.
Ela conta que por conta da doença chegou a ter paralisia facial e crises de pânico e de ansiedade. “Meu corpo já estava avisando há muito tempo antes e eu não tava ouvindo ele, primeiro porque eu não levava a sério, eu não era ligada a essa parte psicológica, para mim, era muito na prática, né, o que eu preciso fazer para resolver, vamos lá, não tenho tempo para isso, então realmente quando eu tivesse diagnóstico foi um tapa na cara para eu procurar ajuda de um psiquiatra, um psicólogo”.
A empresária explica que se sentia incapacitada e percebia o preconceito das pessoas ao redor. “As pessoas tendem a te julgar como um ser que não é mais capaz, não é mais competente, e a gente não está falando de competência, a gente não está falando de capacidade, a gente está falando de uma doença, assim como uma gripe, você tem uma gripe, você se cuida, você se trata, e você volta a fazer o que você sempre fez ou não, se você decidir não”, diz.
Após se redescobrir durante tratamento psicológico, Kiany mudou totalmente de área e virou empresária no ramo de lingeries. “Durante o processo de terapia eu consegui ter um autoconhecimento e consegui achar propósito, então quando você acha propósito não tem para onde você fugir. A terapia me ajudou a descobrir o que eu queria pra mim, e a loja me ajudou a me sentir competente e útil de novo”, pontua.
Doença ocupacional
A síndrome de burnout passou a ser considerada uma doença ocupacional por conta da nova classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença foi oficializada como estresse crônico de trabalho que não foi administrado com sucesso.
O psiquiatra André Gordilho explica que a doença não é tão nova assim e foi descrita pela primeira vez em 1974.
“Ele na verdade está sendo classificado agora, a CID 1, e que está começando a valer agora a partir de janeiro. É conhecido também como a síndrome do esgotamento profissional, né, que tem essas características da pessoa se sentir muito cansada, desanimada do trabalho, esgotada mentalmente, com dificuldade, inclusive, as vezes, de raciocinar, ficar mais irritado, mais agressivo, e vem sintomas ansiosos, depressivos. A característica do burnout é que ele está diretamente associado ao ambiente de trabalho, e esse ambiente de trabalho sendo o fator principal da causa do desenvolvimento desses sintomas. Antigamente não era considerada uma doença ocupacional, uma doença do trabalho, agora que vem sendo”, pontua.
FONTE: G1