Constantemente a informação médica sofre alterações e novas descobertas são feitas. De acordo com um estudo publicado na revista médica da Academia Americana de Neurologia, seguir uma dieta rica em vegetais verdes folhosos, frutas, grãos, azeite e peixe pode diminuir o risco de desenvolver Alzheimer. Os pesquisadores da Rush University Medical Center, em Chicago, observaram uma correlação entre quem pratica este tipo de dieta e a presença de placas amiloides e emaranhados de tau no tecido cerebral de adultos mais velhos após a morte. A hipótese é de que esses regimes consigam rejuvenescer o órgão em até 18 anos. Estudos anteriores mostraram que dietas à base de plantas, ricas em nutrientes e compostos bioativos essenciais para a saúde do cérebro, como a Mind, a Dash e a mediterrânea, estão associadas a declínio cognitivo mais lento, risco reduzido de demência e melhor cognição.
O estudo observacional acompanhou idosos desde o momento em que se inscreveram no Projeto Memória Rush e Envelhecimento (MAP) até a morte. Na iniciativa, foram coletadas informações regulares sobre hábitos alimentares e ocorrência de Alzheimer. A equipa de pesquisadores analisaram dados de 581 pessoas com, em média, 84 anos, sem diagnóstico de demência quando entraram na pesquisa e que concordaram em doar o cérebro após morrerem — o óbito se deu, em média, sete anos depois. Depois de averiguar se os participantes tinham um gene ligado a um maior risco de Alzheimer e considerar fatores de risco, como idade da morte, sexo e ingestão total de calorias, a equipe constatou, na autópsia dos cérebros, que as pessoas que consumiam com maior frequência os grupos alimentares indicados pela dieta mediterrânea apresentavam quantidades de placas e emaranhados semelhantes a serem 18 anos mais jovem. No caso da Mind, essa média foi equivalente a 12 anos.
Com tratamentos limitados para reverter a perda de memória ou a demência, entender o papel dos fatores de risco modificáveis, como a dieta, pode ter um impacto na saúde pública.
Na minha visão, essa descoberta destaca a relevância de cultivar bons hábitos como medida preventiva contra demências. Compreender o impacto da dieta e outros fatores modificáveis pode ser fundamental para promover a saúde cerebral e prevenir o desenvolvimento de condições neurodegenerativas e envelhecer com mais qualidade. Mas não podemos esquecer que fatores genéticos devem ser levados em consideração por serem mais determinantes.