Uma das doenças mais antigas no mundo, a hanseníase continua sendo alvo de preconceito e discriminação, fatores que contribuem para um diagnóstico tardio, uma vez que muitos dos doentes deixam de procurar os serviços de saúde por vergonha e medo.
Para alertar a sociedade sobre a importância do diagnóstico precoce, desde 2016, o Ministério da Saúde oficializou o mês de janeiro para a conscientização sobre a hanseníase e a cor roxa para pontuar as campanhas educativas sobre a doença. Durante todo o mês a campanha Janeiro Roxo intensifica ações de sensibilização e busca-ativa.
Em 2021, de acordo com dados da Sespa, foram 140 casos novos de hanseníase em todo o oeste paraense. Só nos 13 municípios do Baixo Amazonas, foram 72 casos, número maior que o registrado em 2020, quando a região contabilizou 45 casos.
Em Santarém, foram notificados 35 novos casos de hanseníase no ano passado.
A doença tem como principal manifestação, manchas na pele, que podem ter coloração branca ou avermelhada, além de formigamento e perda de sensibilidade à dor e ao calor. Nas formas mais graves, compromete terminações nervosas, principalmente nos pés e mãos, formando a conhecida “mão de garra”.
De acordo com a médica infectologista Cirley Lobato, o tratamento é fundamental para quebra da cadeia de transmissão da doença. Toda a medicação é fornecida de forma gratuita pelo SUS nas unidades básicas de saúde. O primeiro comprimido é ministrado na frente do profissional de saúde, os demais, em casa. O tratamento varia de 6 meses a um ano e não deve ser interrompido antes do prazo estipulado pelo médico.
Transmissão da doença
A doença pode ser transmitida quando uma pessoa com hanseníase, sem tratamento, elimina o bacilo para o meio exterior, infectando outras pessoas suscetíveis, ou seja, com maior probabilidade de adoecer. A forma de eliminação do bacilo pelo doente é pelas vias aéreas superiores, ou seja, por espirro ou tosse, e não pelos objetos utilizados pelo paciente. Também é necessário um contato próximo e prolongado.
Os doentes com poucos bacilos – paucibacilares (PB) – não são considerados importantes fontes de transmissão da doença, devido à baixa carga bacilar. Já as pessoas com muitos bacilos – multibacilares (MB) – constituem o grupo contagiante, mantendo-se como fonte de infecção enquanto o tratamento específico não for iniciado.
A médica infectologista Cirley Lobato explica que a hanseníase apresenta longo período de incubação, ou seja, o tempo em que os sinais e sintomas se manifestam desde a infecção. Geralmente, esse período dura em média de dois a cinco anos.
Cirley reforça que o diagnóstico precoce, o tratamento oportuno e a investigação de contatos que convivem ou conviveram, residem ou residiram, de forma prolongada, com caso novo diagnosticado de hanseníase são as principais formas de prevenção.
Em Santarém, o atendimento especializado para pacientes que tiveram comprometimento por causa da hanseníase, necessitando de fisioterapia, por exemplo, e outras incapacidades físicas é realizado pela Unidade de Referência de Especialidades em Saúde (URES).
FONTE: G1 – Por Sílvia Vieira, g1 Santarém e Região