Sabemos que a importância do laboratório vai muito além de apenas fazer exames. O resultado de um teste pode ser decisivo para a vida de uma pessoa.
Pare e reflita na quantidade de processos que acontecem de forma simultânea: coleta de amostras, interação com os pacientes, processamento, análises e muito mais! Como garantir que tudo isso está operando de maneira adequada?
É preciso adotar estratégias para assegurar a qualidade do serviço, e garantir resultados precisos e confiáveis.
De forma geral, o Controle Interno de Qualidade – CIQ visa a monitorar o desempenho ajudando a identificar possíveis erros e, consequentemente, permite a elaboração de ações corretivas e preventivas.
Claro, o maior beneficiado é o paciente, mas o laboratório eleva seu patamar de atuação e faz crescer o orgulho e a satisfação nos profissionais que prestam o serviço, pois há confiança na execução e liberação dos exames. Além do que, a realização do CIQ é obrigatória pela RDC 786/2023, vigente a partir de agosto, que dispõe sobre os requisitos técnico-sanitários para o funcionamento de Laboratórios Clínicos.
O monitoramento dos erros presentes no processo analítico, são potencializados quando utilizadas duas ferramentas em conjunto: o Controle Interno e Controle Externo, onde cada uma possui afinidade maior para detecção de diferentes erros.
O laboratório consegue mensurar o Erro Aleatório do seu processo, com o controle interno. Já com a aplicação do controle externo, é possível estimar o Erro Sistemático. O erro aleatório atrelado a um fator de confiança e somado ao erro sistemático representa o erro total de determinado exame.
Com base nessa informação o laboratório consegue comparar com as diferentes referências que existem (Variação Biológica, Rilibak, CLIA, RCPA, por exemplo) e definir o tamanho dos erros que serão admissíveis na rotina, como erro total permitido, erro aleatório permitido e erro sistemático permitido.
O laboratório passa a conhecer e dimensionar os seus erros relacionando os dados gerados com o uso do controle interno com os dados gerados no controle externo, ficando assim, mais fácil definir metas de melhoria e estratégias para o acompanhamento.
A escolha dos controles deve ser por materiais com características próximas às amostras biológicas, e deve haver um planejamento do uso de controles com o mesmo lote por pelo menos 6 meses. Esse é um ponto bastante importante, pois ao se utilizar o mesmo controle por longo período, é possível eliminar essa variável, o que auxilia na identificação de forma mais rápida, quando os resultados de controle interno se encontrem fora das especificações aplicadas. Após a definição de quais controles devem ser utilizados, é necessário que o laboratório determine e defina seus valores de controle interno. Os valores de bula devem ser usados somente como referência antes de definir os valores próprios.
Essa prática é necessária pois os valores estipulados pelos fabricantes são compostos por diversos resultados oriundos de rotinas diferentes, equipamentos diferentes, profissionais diferentes, mas que possuem equivalência na metodologia empregada. Dessa forma, espera-se que a amostra de referência ou controle interno possua um desvio padrão (DP) maior, levando a uma faixa de aceitabilidade maior.
Ao se empregar valores próprios, estamos avaliando um único sistema analítico, ou seja, o próprio processo de execução do exame, profissionais envolvidos na atividade, pipetagem, diluição, temperatura, reagentes utilizados e tudo mais que contribua para as incertezas dos resultados produzido pelo laboratório. Ao se utilizar seus próprios resultados, o desvio padrão obtido e o coeficiente de variação serão reduzidos. Assim, qualquer mudança da rotina será facilmente identificada através dos resultados obtidos no controle interno, levando a uma ação mais rápida e assertiva, antes que se torne um problema maior, e alcance até o paciente.
A qualificação constante da equipe técnica é importantíssima, visto que esse é um tema frágil e abordado de maneira rasa nas graduações. Há necessidade de busca por treinamentos mais específicos e direcionados no mercado. O laboratório precisa buscar por empresas qualificadas, instrutores experientes para que todo o conhecimento possa ser difundido e tenhamos cada vez mais exames com qualidade e segurança do paciente.
A qualidade pode ser quantificável e investir esforços inteligentes nesse quesito é inerente às boas práticas em Laboratórios Clínicos. É imprescindível cuidar da qualidade dos resultados, e para isso, é relevante o papel e os esforços do profissional do laboratório. É uma valiosa atitude na contribuição para a excelência do diagnóstico e conduta médica.
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