RESUMO
INTRODUÇÃO: A morbimortalidade do transplante de células tronco hematológico (TCTH) ocorre devido às complicações infecciosas e constituem o maior problema clínico em receptores de TCTH.O papel do uso de biomarcadores em pacientes após TCTH ainda é controverso.
OBJETIVOS: Avaliar os valores séricos de biomarcadores interleucina 6 (IL-6), procalcitonina (PCT) e proteína C reativa (PCR) e fatores para óbito após TCTH.
METODOLOGIA: Estudo prospectivo conduzido em pacientes submetidos a TCTH em hospital universitário. Dados demográficos e clínicos, como idade, sexo, doença de base, tipo de transplante e condicionamento, mucosite, DECH, infecção (sítio, microrganismos e evolução clínica) e biomarcadores: IL-6, PCT e PCR) foram avaliados no dia na neutropenia constatada sem febre, no evento febril, 24 horas e 72 horas após o início da febre e 48 horas ou 5 dias se persistência da febre. Os dados clínicos e laboratoriais foram processados pelos programas SPSS e STATA, foram realizadas curvas ROC para determinar os pontos de corte dos biomarcadores. Os pacientes foram comparados quanto ao desfecho óbito até 30 dias do TCTH. As variáveis categóricas foram avaliadas utilizando o teste do Qui-quadrado e o teste T exato de Fisher. As variáveis contínuas foram avaliadas utilizando o teste não-paramétrico de Mann-Whitney. Variáveis com p <0,15 foram colocadas no modelo da análise multivariada (MV).
RESULTADOS: 296 pacientes com idades entre 15 e 70 anos, neutropênicos, submetidos a TCTH autólogo 216 (73%) e 80 (20%) alogênico foram avaliados. Cento e noventa (64,2%) pacientes apresentaram febre após o transplante e infecção microbiologicamente documentada em 78 (26,4%). Vinte e três casos (7,8%) evoluíram para óbitos. Os fatores de risco associados com óbito na análise bivariada foram idade, transplante alogênico, transplante não aparentado, DECH, infecção por Gram-negativo, IL-6>140 pg/mL e PCR≥120 mg/L e os protetores foram Linfoma e acompanhamento ambulatorial. As variáveis independentes na análise MV associadas com óbito foram transplante alogênico e não aparentado, infecção por Gram-negativos, DHL≥390 UI/L, ureia ≥25 mg/dL e PCR ≥120 mg/L.
CONCLUSÃO: Dos biomarcadores avaliados, apenas a PCR ≥ 120 mg/L foi independentemente associada ao óbito, outros fatores de risco encontrados foram: tipo de transplante (alogênico e não aparentado), infecção por Gram-negativo, DHL≥390 UI/L e ureia ≥25 mg/dL. Esses achados reforçam a importância da prevenção de infecção por Gram-negativos nesta população de pacientes e mostram que a PCR é uma ferramenta barata e útil no acompanhamento dos pacientes.
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Dra. Karin Schmidt Rodrigues Massaro¹
Rodrigo Macedo²
Bruno Stuart de Castro³
Prof. Dr. Frederico Dulley4
Profa. Dra. Maria Aparecida Shikanai Yasuda5
Profa. Dra. Silvia Figueiredo Costa6
1 Médica doutora do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Brasil
2 Biomédico, São Paulo, Brasil
3 Biomédico, São Paulo, Brasil
4 Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, médico responsável pelo Transplante de Medula Óssea da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Brasil.
5 Professora Titular do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Brasil
6 Médica Livre-Docente do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, LIM54, Brasil