Atualmente estão disponíveis no mercado diferentes testes diagnósticos para detecção de infecção por SARS-CoV-2, cada um validado para um determinado contexto clínico. Por se tratar de um tema de crescente e rápido acúmulo de conhecimento, é necessário que os médicos e demais profissionais da saúde mantenham-se constantemente atualizados. No dia 25 de janeiro de 2021, a Organização Mundial da Saúde publicou um documento com atualizações, baseadas nas evidências mais recentes, sobre o manejo clínico da Covid-19.
A seguir, sintetizo os principais pontos das recomendações atuais para diagnóstico laboratorial:
- Todos os pacientes com suspeita de Covid-19 devem ser testados, de preferência por método de amplificação de ácidos nucleicos, como RT-PCR de amostras de trato respiratório superior (TRS). Pode ser necessário testar mais de uma vez. Deve-se considerar, ainda, testagem para outros patógenos, desde que indicados pelas diretrizes locais, conforme o quadro clínico.
- Testes de anticorpos anti-SARS-CoV-2 não são recomendados para diagnóstico de quadro de Covid-19 em curso.
- Amostras TRS possuem maior positividade na 1a semana de doença. Amostras de trato respiratório inferior (TRI), como de aspiração traqueal, têm mais chance de serem positivas após a 1ª semana de doença, podendo ser consideradas quando amostras de TRS são negativas, em pacientes intubados. Deve-se evitar a coleta de amostras através de escarro induzido devido ao risco de aerossolização.
- Em pacientes com Covid-19 grave, amostras de TRS negativas não excluem o diagnóstico, de forma que nova amostra de TRS ou TRI, deve ser considerada.
- Existem diversos kits de testes rápidos (TR) para detecção de antígeno do SARS-CoV-2 no mercado internacional. Para poderem ser usados no diagnóstico, eles devem apresentar, em relação ao RT-PCR, pelo menos sensibilidade ≥ 80% e especificidade ≥ 97%. Além disso, eles devem ser utilizados apenas em situações ou localizações onde o RT-PCR não esteja disponível.
- Em situações de testagem de contatos assintomáticos, TR para detecção de antígenos de via respiratória podem ser usados na investigação comunitária, ainda que com menos evidências para utilização nesse contexto. Testes negativos não permitem a cessação da recomendação de isolamento para os contactantes.
- Não é recomendada testagem com TR em pacientes assintomáticos que não sejam contactantes de casos confirmados de Covid-19.
- Se testes RT-PCR forem repetidamente negativos, em pacientes com alta probabilidade pré-teste, amostras sanguíneas podem ser coletadas, uma na fase ativa e outra na fase de convalescência (entre 2 e 4 semanas após). Este método pode promover o diagnóstico retroativo em caso de positivação de anticorpos ou aumento dos seus títulos.
- Em pacientes graves e internados, recomenda-se também a coleta de hemoculturas, de preferência antes do início de eventual antibioticoterapia empírica.
- Deve-se lembrar que outras infecções como as causadas por influenza, bactérias, e M. tuberculosis, representam diagnósticos diferenciais ou associados, devendo ser consideradas nos contextos clínicos adequados.
Autor(a):
Médico pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) ⦁ Doutorando em Clínica Médica do Laboratório de Tecido Conjuntivo do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) ⦁ Médico da Estratégia de Saúde da Família (ESF) ⦁ Membro da Sociedade Brasileira de Neurologia ⦁ Atua em pesquisa na área de glicosaminoglicanos com ênfase nas áreas de inflamação, coagulação e oncologia ⦁ Possui experiência em Cuidados Intensivos, Atendimento de Urgência e Emergência e Atenção Primária à Saúde ⦁ Atuou em Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e em Centros de Terapia Intensiva e Departamento de Emergência (Hospital Municipal Salgado Filho, Hospital Unimed Rio, HUCFF, Hospital Pró-Cardíaco) ⦁
Trabalhou também em importantes projetos de extensão, atuando de Pesquisa, Ensino e Promoção da Saúde, tendo desenvolvido habilidades de gestão de pessoas, marketing, ensino, pesquisa e publicação enquanto exercia cargos como Coordenador de Publicação e Pesquisa e Vice-presidente do Comitê Local da UFRJ da International Federation of Medical Students Associations (IFMSA) e Coordenador de Publicação e Pesquisa do Ambulatório de Promoção da Saúde.
Referências bibliográficas:
- Covid-19 Clinical management: living guidance. Update 1.4. World Health Organization. 2021. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/WHO-2019-nCoV-clinical-2021-1
- Antigen-detection in the diagnosis of SARS-CoV-2 infection using rapid immunoassays: interim guidance. World Health Organization. 2020. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/antigen-detection-in-the-diagnosis-of-sars-cov-2infection-using-rapid-immunoassays
FONTE: PEBMED