Por: Danielle Borges Germano e Helena Varela de Araújo
INTRODUÇÃO
O Mieloma Múltiplo (MM) é uma neoplasia hematológica rara, representando apenas 1% dos tumores malignos e 10-15% das neoplasias hematológicas.(1-3) É caracterizada pela proliferação clonal de células plasmáticas malignas que comprometem a medula óssea (MO).(2,3) Dessa maneira, ocorre produção de imunoglobulina anormal (proteína monoclonal, proteína M), geralmente da classe IgG, seguida de IgA, e posteriormente, com menor frequência IgM, IgE ou IgD. Observa-se também, na maioria dos casos, restrição de cadeia leve da imunoglobulina kappa ou lambda. Dessa maneira, observa-se hiperviscosidade do tecido sanguíneo e danos à órgãos.(4)
A incidência de MM é maior em pacientes idosos com idade média de 70 anos de idade(2,3), sendo pouco frequente em indivíduos <30 anos. Possui frequência ligeiramente mais elevada no sexo masculino.(3)
Configura-se como uma doença com significativa taxa de anormalidades citogenéticas detectadas por cariótipo e/ou por hibridização in situ por fluorescência (FISH).(4)
Os portadores de MM podem variar quanto a sintomatologia desde assintomáticos, havendo casos com sintomas inespecíficos (exemplo: náuseas, vômitos, poliúria, mal-estar e diarreias), até sintomas mais debilitantes como anemia grave, fraturas ósseas e falência.(4,5)
A manifestação de dor óssea é bastante comum pela ocorrência de lesões líticas, manifestações clínicas típicas dessa neoplasia, que ocorrem pela alteração nos processos de formação e reabsorção óssea, pois inicia-se a produção de, por exemplo, IL-1β e IL-6, fatores ativadores de osteoclastos (OAFs), responsáveis pela indução da produção destes.(4)
Em 2003, o Grupo Internacional de Mieloma Múltiplo (International Myeloma Working Group – IMWG) definiu o MM pela presença de lesão óssea como fator determinante no diagnóstico da doença, em conjunto com pico de proteína M e/ou presença de plasmócitos monoclonais.(3)
Entretanto em 2014, os critérios diagnósticos foram alterados para pacientes que apresentam mieloma múltiplo latente (SMM – smoldering multiple myeloma), devido a elevada taxa de progressão para a fase ativa da doença, superior à 80% em 2 anos, onde tais pacientes seriam categorizados como MM de baixo risco, sendo assim tratados adequadamente.(3,6)
Com isso, o mieloma múltiplo deixou de ser uma neoplasia hematológica maligna definida apenas pela presença de sintomas que seguiam os critérios CRAB (calcium, renal, anemia, bone), que avaliavam apenas parâmetros de hipercalcemia, insuficiência renal, anemia e lesões ósseas, para uma doença caracterizada por biomarcadores.(3,6)
Utilizando-se da avaliação de glicoproteínas de superfície celular da família SLAM de receptores envolvidos na regulação imunológica, os pacientes apresentaram infiltração da MO > 60%, relação da cadeia leve livre sérica envolvida/ não envolvida > 100, ou > 1 lesão focal com mais de 5 mm determinada por exame de imagem por ressonância magnética(7), fornecendo assim maior precisão no diagnóstico precoce, estabelecimento da estratégia de tratamento conforme perfil molecular, monitoramento e pesquisa de doença residual mensurável (DRM).
Com isso, em função de sua importância na saúde mundial, viu-se a necessidade de um conhecimento mais aprofundado sobre os mecanismos moleculares. A utilização da imunofenotipagem possibilitou o estudo de populações plasmocitárias normais e anômalas durante o diagnóstico e acompanhamento durante a terapia. (continua…)
LEIA O ARTIGO NA ÍNTEGRA EM NOSSA REVISTA DIGITAL: CLIQUE AQUI