Economic management qualimetry in clinical laboratories in Brazil
Humberto Façanha da Costa Filho[1] – Autor
Paulo Vinicio Estivalett Prestes2 – Coautor
RESUMO – O objetivo do estudo é medir a qualidade da gestão econômica (identificação, quantificação, diagnóstico das deficiências e plano de ações) em laboratórios clínicos no País. A perda na qualidade da gestão implica na redução da produtividade, competitividade e aumento no risco de insolvência. Normalmente os gestores laboratoriais se envolvem mais com as questões técnicas, em função da formação acadêmica, contudo, ao se tornarem gestores ou empresários, surge a necessidade imperiosa de conhecer os fundamentos da ciência econômica para a tomada de decisões profissionais com eficiência. O estudo é composto por vinte e quatro laboratórios localizados em onze Estados da Federação e quatro regiões. Resultados: a “Qualidade média da gestão econômica em laboratórios clínicos no Brasil”, no estudo representada pela letra “Q”, evidenciou o valor de -36,88%. O melhor resultado obtido foi de -4,71% (benchmark) e o pior resultado -79,71%. O valor de -36,88% significam que em média, os gestores laboratoriais percebem que a qualidade da gestão econômica dos seus laboratórios está 36,88% aquém do esperado. Portanto, em síntese, isto mostra uma oportunidade de melhoria potencial nos resultados operacionais, de mais de um terço dos seus valores atuais, somente com aporte de gestão econômica, sem exigência de novos investimentos. O estudo identificou a existência de problema, materializado por: carência significativa de gestão econômica profissional nos laboratórios clínicos.
PALAVRAS-CHAVE – Laboratório. Gestão econômica. Qualidade. Qualimetria.
SUMMARY – The aim of this study is to measure the quality of economic management (identification, quantification, diagnosis of deficiencies and action plan) in clinical laboratories in the country. The loss in management quality implies a reduction in productivity, competitiveness and an increase in the risk of insolvency. Usually laboratory managers become more involved with technical issues, due to academic training, however, when becoming managers or entrepreneurs, the imperative need arises to know the fundamentals of economic science for making professional decisions efficiently. The study consists of twenty-four laboratories located in eleven States of the Federation and four regions. Results: the “Average quality of economic management in clinical laboratories in Brazil”, in the study represented by the letter “Q”, showed the value of -36.88%. The best result was – 4.71% (benchmark) and the worst result – 79.71%. The value of – 36.88% means that on average, laboratory managers realize that the quality of the economic management of their laboratories is 36.88% lower than expected. Therefore, in summary, this shows an opportunity for potential improvement in operating results, of more than a third of its current values, only with the contribution of economic management, without requiring new investments. The study identified the existence of a problem, materialized by: significant lack of professional economic management in clinical laboratories.
KEYWORDS – Laboratory. Economic management. Quality. Qualimetry.
INTRODUÇÃO
A qualidade em serviços atualmente é considerada como um dos mais relevantes diferenciais competitivos do ambiente de negócios na área das análises clínicas (FAÇANHA, H.C.F.; PRESTES, PVE.; FAÇANHA, V.C., 4). A gestão econômica dos laboratórios é um serviço prestado internamente para a organização, pois impacta diretamente na competitividade e no risco de insolvência. Então, se serviços com qualidade são importantes para o cliente externo, não deixarão de ser para os clientes internos, neste caso, em última análise, o próprio laboratório clínico. Seu método de gestão econômica irá definir o futuro: perene ou com alto risco de insolvência. Portanto, faz todo o sentido um estudo para metrificar a situação da gestão econômica em laboratórios do Brasil, com o objetivo de identificar se a causa fundamental dos elevados riscos de insolvência já quantificados (FAÇANHA, H.C.F.; PRESTES, R.M.; PRESTES, PVE.; FAÇANHA, V.C., 1), não se origina em deficiências na gestão econômica dessas empresas. Os laboratórios são do ponto de vista de seus proprietários, em essência, uma alternativa de investimento de risco (SANTOS, 2), portanto, avaliar o maior risco que é o da insolvência constitui, no mínimo, uma atitude preventiva fundamental para não só preservar o valor investido, como para buscar o devido retorno esperado (PIMENTEL, ALEX, 3). A avaliação do risco faz parte do método de gestão econômica adotado pelos laboratórios, donde se conclui que a metrificação (identificação, quantificação, diagnóstico das deficiências e plano de ações) desta é de suma importância para a estimativa das perspectivas futuras das organizações. A qualimetria da gestão econômica auxilia os gestores das organizações a tomarem decisões com maior nível de informações qualificadas, aprimorando as vantagens estratégicas (DAMODARAN, 5). A identificação das causas raízes que podem levar a insolvência devem proporcionar aos executivos os fundamentos para estabelecer um plano de ações visando o controle do risco (OLIVEIRA, ERNANI TADEU, 6). Mas só um plano não resolve, é necessário implantar e monitorar os resultados, corrigindo eventuais desvios. O objetivo final está acima da luta pela sobrevivência da empresa, a meta é torná-la mais competitiva, assegurando lucratividade para os acionistas. A perda para os laboratórios significa prejuízo, lucro menor ou redução de ativos. As variáveis produção/vendas, receitas e custos são determinantes para estabelecer o risco de insolvência (BRUNI, ADRIANO LEAL; FAMÁ, RUBENS, 7), sendo fundamental estarem presentes na qualimetria da gestão econômica. Neste estudo, que envolveu laboratórios de diversas regiões do País, foi utilizada uma ferramenta basilar para viabilizar a pesquisa. Esta ferramenta, a Escala Qualigest, por nós desenvolvida, correlaciona em uma matriz aquilo que convencionamos chamar “7 Dimensões da qualidade” englobando variáveis da produção/vendas, receitas, custos fixos e marginais, adequação das instalações frente à demanda, competitividade empresarial e risco de insolvência, com um conjunto de “46 Declarações”. Estas declarações são em última análise, asserções integrantes de um questionário padrão que foi respondido pelos gestores e proprietários dos laboratórios integrantes da amostra do estudo. Isto permite a padronização da coleta de dados, tornando os resultados comparáveis entre si. As variáveis produção/vendas, receitas, custos e margem operacional são informações chaves em simulações utilizadas para examinar os efeitos de riscos contínuos (DAMODARAN, 5), e foram empregadas no presente estudo, através dos conceitos contidos nos indicadores de desempenho que constituem o critério para avaliar o risco de insolvência e a competitividade, fatores fundamentais em qualquer estudo de qualimetria da gestão econômica. Os cálculos destes indicadores levam em conta as seguintes variáveis: número de exames realizados, valor/preço dos exames, produção, receitas à vista e faturada, custos fixos e variáveis, inadimplência e receita recebida (DA COSTA FILHO, DA COSTA, 8). Portanto, o critério estabelecido para avaliar qualidade da gestão econômica de laboratórios clínicos através deste conjunto de indicadores, tem a capacidade de atingir diversas dimensões do negócio dos laboratórios clínicos, quais sejam: volume do mercado (número de exames), qualidade do mercado (valor/preço dos exames), ineficiência do parque produtivo (custo unitário variável – marginal dos exames), controle dos custos fixos (produtividade ou ineficiência dos custos fixos) e relação receita produzida x receita recebida (inadimplência, glosas, eficiência do faturamento e prazo médio) (SCHMIDT, PAULO; SANTOS, JOSÉ LUIZ DOS; MARTINS, MARCO ANTONIO, 9). Concluindo, considerando o conjunto do elenco de variáveis levadas em conta, bem como a padronização do método da pesquisa e o tamanho da amostra, estes fatores devem assegurar a possível acuracidade inerente a esse tipo de estudo, contudo, respeitando as limitações inerentes ao método. Esta pesquisa pode ser classificada como não-experimental, ex-post facto, KERLINGER (1980: 130) que cita: “… na qual não é possível manipular variáveis ou designar sujeitos ou condições aleatoriamente” (KERLINGER, FRED NICHOLS, 10). Uma segunda classificação é de pesquisa quantitativo-descritiva, subtipo estudo de relação de variáveis, enfoque de TRIPODI et alii (1981: 38) os quais explicitam: “Com respeito aos métodos empíricos empregados, os estudos quantitativo-descritivos diferem dos estudos experimentais na medida em que não usam escolha aleatória para designar sujeitos aos grupos experimental e de controle. Além disso, eles não empregam a manipulação experimental de variáveis independentes.” (1981: 40) “O investigador colhe sistematicamente informações sobre uma variedade de variáveis, as quais são suficientemente definidas para que possam ser medidas” (TRIPODI, TONI et alii., 11). Esta classificação adapta-se ao presente estudo, na medida em que serão trabalhados dados existentes, os quais vinculam-se às variáveis definidas por indicadores de desempenho devidamente relacionados a competitividade e ao risco de insolvência, tornando válidas as conclusões sobre a qualimetria da gestão econômica em laboratórios clínicos no Brasil. Esta é a essência do propósito deste artigo.
[1] MSc em Administração – UFRGS, Engenheiro Eletricista – UFSM e Engenheiro de Segurança do Trabalho – UPF. 2 Gestor Financeiro – Universidade Anhanguera Passo Fundo
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