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Doença que cria um “segundo esqueleto no corpo” pode ser diagnosticada na sala de parto

Doença que cria um “segundo esqueleto no corpo” pode ser diagnosticada na sala de parto

23/04, comemorou-se os 15 anos de descoberta do gene que causa a FOP

 

A observação do dedo do pé do recém-nascido na sala de parto, pode ser um ato importante para detectar uma doença genética e pouco conhecida, mas que afeta uma a cada um milhão de pessoas: a Fibrodisplasia Ossificante Progressiva (FOP).

O gene que causa essa doença foi descoberto há 15 anos, no dia 23 de abril. Atualmente existem no Brasil e cerca de 100 pacientes diagnosticados e estima-se que existam por volta de 140 pessoas com Fop ainda sem diagnostico.

De acordo com a expert em FOP no Brasil, Dra. Patrícia Delai, o sinal típico para o diagnostico precoce dessa doença é a malformação dos dedos grandes dos pés do bebê. Segundo ela, em 98% dos casos de FOP, os dedos nascem menores e voltados para dentro, como se fossem joanetes em um bebê. Ela argumenta que muitos profissionais de saúde desconhecem essa característica pois, por ser tão raro, é um tema quase nunca conhecido por profissionais de saúde.

Associação espera aprovação de Projeto de lei

A Associação Brasileira de Fibrodisplasia Ossificante Progressiva – FOP Brasil está engajada em uma causa para que seja aprovado o Projeto de Lei 5090/20, do deputado Marcelo Aro (PP-MG) , que  prevê a “obrigatoriedade de exame clínico destinado a identificar a FOP em recém-nascidos, na triagem neonatal da rede pública e privada de saúde, com cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS)”.

Além disso, a FOP Brasil espera garantir a inclusão de um pequeno curso de educação medica continuada sobre FOP no curriculum médico. A Primeira-dama do Brasil, Michelle Bolsonaro abraçou a campanha e é a primeira vez que representantes do governo brasileiro apoiam a FOP Brasil.

 

 

Intervenções no corpo do paciente podem gerar ossos

A Fibrodisplasia Ossificante Progressiva é uma doença genética rara caracterizada pela má formação congênita dos dedos grandes dos pés e pela progressiva formação de ossos dentro dos músculos, tendões e ligamentos em um padrão temporal e espacial bem definidos. “Ou seja, ao longo da vida, surgem nos indivíduos calombos dolorosos que incham e, quando desincham podem ou não deixar ossos em seu lugar”, destaca a Dra. Patrícia.

 

Ainda de acordo com a médica, “esses ossos atravessam as articulações tornando os movimentos impossíveis. Os surtos da doença (flare-ups) podem surgir em qualquer época da vida e a gravidade do comprometimento do corpo do paciente é variável de pessoa para pessoa” conta a especialista.

 

Um ponto fundamental que deve ser levado em consideração é que os portadores da doença não podem tomar nenhum tipo de injeção no músculo, não podem cair, ser submetidos a cirurgias, biópsias, ou qualquer tipo de intervenção muscular, pois poderá ocorrer a formação catastrófica de ainda mais ossos em seu corpo. “Qualquer inflamação no músculo, seja ela causada por uma queda ou uma cirurgia por exemplo, poderá gerar a formação de um novo osso. A principal consequência disso é limitar os movimentos do paciente. Então, à medida que os músculos, tendões vão se transformando em ossos, o paciente vai perdendo a mobilidade”, esclarece a médica.

 

Tratamentos ainda em estudo

Patrícia Delai descobriu a doença há 20 anos em uma paciente que apresentava esses inchaços pelo corpo e que estava progressivamente perdendo os movimentos. Como era uma condição pouco conhecida, ela buscou apoio de médicos estrangeiros para entender melhor a doença e hoje é a médica brasileira de referência no tratamento, e que representa o Brasil em um comitê clinico internacional que visa o cuidado clinico das pessoas com Fop de todo o mundo. Com o intuito de ajudar as pessoas e também gerar mais informação e conhecimento para os médicos, ela atende novos pacientes, sem custo, por meio da FOP Brasil.

 

Ela conta que a medicina desconhece um tratamento ou medicamento que possa curar ou impedir o crescimento dos ossos no corpo. Porém, é importante que os portadores da FOP sejam monitorados e esses pacientes recebem medicações para amenizar a dor e desconforto. “Infelizmente, nada impede o crescimento dos ossos pelo corpo. Ha por volta de 39 drogas em estudo em todo o mundo sendo duas delas já em fase 3. Uma delas em estudo no Brasil. Temos certeza que haverá para as pessoas com Fop um futuro promissor.”, salienta a especialista.

 

Atendimento gratuito

A Dra. Patrícia Delai realiza atendimento gratuito, em seu consultório (localizado em São Paulo – Capital), aos portadores da doença que podem ser agendados pelo WhatsApp da Fop Brasil (51) 9573-1047.

A Associação Brasileira de Fibrodisplasia Ossificante Progressiva – FOP BRASIL, é uma organização sem fins lucrativos, que tem como objetivo de divulgar a doença, educar a sociedade em geral, profissionais da área da saúde e apoiar os pacientes com FOP no Brasil.

Também existe uma associação Internacional –  a ICCFOP que oferece respaldo a todos os pacientes Fop em todo o mundo.