Autoras: Helena Varela de Araújo, Rafaele Loureiro de Azevedo e Bruna Garcia Nogueira
Na tradução literal, CELL vem do inglês célula, enquanto SORTING significa classificação. Assim, o termo cell sorting é utilizado para designar uma técnica refinada, capaz de selecionar células específicas, de forma mais pura possível, a partir de parâmetros pré-definidos pelo citometrista no equipamento.
O equipamento de sorting, chamado de cell sorter, nada mais é do que um citômetro com essa capacidade refinada.
A técnica consiste em adquirir uma amostra, geralmente heterogênea, contendo células de diferentes linhagens ou com características divergentes entre si. A partir da aquisição, como em um citômetro de fluxo convencional, o citometrista marcará as populações de interesse e, a partir desta marcação, informará ao equipamento que ele deverá coletar as células marcadas dentro de um tubo ou de uma placa. Vale dizer que, dependendo da configuração do equipamento, pode-se configurá-lo para separar mais de um tipo celular.
Por exemplo, em uma amostra temos uma linhagem celular positiva para CD44 e outra negativa para o mesmo marcador. Utilizando o cell sorter, é possível selecionar somente as células CD44 positivas e direcioná-las para um tubo/placa secundário. Além disso, caso seja necessário, pode-se selecionar células CD44+ para um tubo e células CD44- para outro tubo ao mesmo tempo (Figura 1).
Figura 1 – Esquema representando sorting de uma amostra inicial com células CD44+ e CD44-
SSC = parâmetro Side Scatter.
Após a aquisição das células de interesse, pode-se prosseguir com cultivos celulares estéreis a partir de coleta em placas ou analisar de forma mais específica características celulares, agora de uma amostra homogênea contendo apenas as células de interesse.
Os cell sorters possuem, além da capacidade analítica dos citômetros convencionais, uma configuração que permite a separação de populações celulares puras e homogêneas a partir de uma amostra heterogênea. Para isso, utilizam o método eletrostático para gerar vibração na célula de fluxo do equipamento. Dessa maneira, o fluido constante de amostra começa a formar gotas que contenham em seu interior uma única célula. Posteriormente, essas gotas receberão carga positiva ou negativa a depender de qual célula está presente nela. Ao passarem por placas de deflexão, essas gotas serão direcionadas para o tubo de coleta correspondente, conforme configuração prévia (Figura 2).
Figura 2 – Princípio do cell sorter
AUTORAS:
Helena Varela de Araújo – biomédica graduada pela UFRN e pela University of Kent. Especialista em hematologia e citometria de fluxo pelo Hospital Albert Einstein. Tem MBA em Gestão de Saúde e diploma em Comunicação e Marketing. Assistente técnica do laboratório de citometria de fluxo do Whitehead Institute, MIT. Fundadora, administradora, criadora de conteúdo e professora do @HemoFlow.
Rafaele Loureiro de Azevedo – Bióloga graduada pela Universidade Estácio de Sá, CRBio/RJ 121828/02-D. Especialista em hematologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestre em Imunobiológicos por BioManguinhos/Fundação Oswaldo Cruz. Atualmente é analista de inovação e operações farmacêuticas da Fiocruz/RJ. Tem experiência em Controle de Qualidade, Citometria de Fluxo e expressão de anticorpos monoclonais in vitro. É criadora de conteúdo e professora do @HemoFlow.
Bruna Garcia Nogueira – farmacêutica graduada pela UnB, CRF/SP 95286. Especialista em Hematologia pelo Hospital Albert Einstein, com aperfeiçoamento em Citometria de Fluxo pelo Hospital das Clínicas da FMUSP. Analista especializada em citometria de fluxo no Hospital Albert Einstein. Criadora de conteúdo e professora do @HemoFlow