A alimentação natural (AN) é um tema que, há alguns anos, está em evidência no universo pet, mas ainda gera muitas dúvidas nos tutores.
A médica-veterinária com pós-graduação em nutrição de cães e gatos, Beatriz Gaibina Rebouças de Carvalho, explica que a alimentação natural tem como base alimentos obtidos de plantas ou animais, que são minimamente processados e não sofrem alteração em sua composição.
Segundo a profissional, ela possui algumas indicações. “Esse tipo de dieta é recomendado para animais que necessitam de um aporte nutricional específico ou possuem alergia alimentar a alguma proteína específica presente nas rações. Também é uma alternativa quando há alterações, como vômito e episódios de diarreia, após ingerir a ração e para tratar comorbidades”, esclarece.
Breatriz comenta que a AN pode trazer diversos benefícios, como menor queda e mais brilho nos pelos, melhora na consistência e diminuição do volume das fezes e absorção mais eficaz dos nutrientes presentes nos alimentos.
Além disso, o cardápio personalizado para o paladar do pet é outra vantagem. Inclusive, não existe uma “receita” única para todos os animais. Dessa forma, a médica-veterinária explica que, quando um tutor opta pela alimentação natural, deve sempre consultar um nutrólogo veterinário para a criação de uma dieta específica para o seu cão ou gato.
“O nutrólogo irá levar em consideração diversos fatores para elaborar um plano alimentar, como idade, raça, estado reprodutor, nível de atividades físicas e doenças preexistentes. A partir disso, saberá quais são os nutrientes essenciais diários necessários para o animal”.
Como funciona a alimentação natural na prática?
Por mais que a AN seja muito benéfica, requer dedicação dos tutores. Por isso, antes de optar por ela, é preciso considerar alguns fatores.
“O tutor deve analisar o valor final do cardápio e o tempo que irá levar para prepará-lo ou se fará a encomenda em empresas especializadas. Também é preciso considerar se possui espaço no freezer e na geladeira para armazenar os alimentos prontos e até como será a logística para fornecer as refeições”, cita.
A profissional também esclarece que, após instituído um cardápio, no momento do preparo, é preciso pesar todos os alimentos em balanças de precisão ou com colheres medidoras e respeitar o tempo de cozimento de cada um. “Depois de tudo estar pronto, deve-se fazer o armazenamento em sacos plásticos, que possam ser congelados, ou em potes herméticos de plástico e vidro”.
De acordo com Beatriz, as marmitinhas podem ficar na geladeira com temperatura de 2ºC a 8ºC por até três dias. É, ainda, permitido mantê-las congeladas e fazer o descongelamento sempre no dia anterior que forem ofertadas ao pet.
Outro ponto importante sobre a alimentação natural é a suplementação. “Todo animal que faz uso de AN precisa de suplementação. Diferente das rações, nenhum cardápio oferece os nutrientes completos que o cão ou gato precisa ingerir diariamente”, cita.
Os compostos que precisam ser suplementados variam. Segundo ela, o mais comum é fazer a suplementação com ácido fólico, biotina, cálcio, cobre, ferro, fósforo, vitaminas A, B, C, D e E, entre outros.
Acompanhamento do animal que recebe AN
Conforme explica a nutróloga, todo animal que faz uso de alimentação natural deve realizar consultas nutricionais. O indicado é que as consultas ocorram uma vez ao ano se for um pet adulto e sem comorbidades ou a cada seis meses no caso de cães de meia idade (a partir dos seis anos) e idosos.
Com relação ao cardápio, a médica-veterinária comenta que, se o pet se adaptar bem à dieta e não apresentar seletividade alimentar, não é necessário trocá-lo. “Porém, se o animal tiver seletividade, é possível modificar a dieta a cada cinco meses para agradar mais o paladar do paciente”, finaliza.
Matéria – Revista Cães&Gatos