Vacina brasileira é estrela de mais de 200 estudos contra COVID na UFMG

UFMG integra rede nacional de pesquisadores e, entre mais de duas centenas de pesquisas contra o coronavírus, batalha para ter seu imunizante em 2022

Desde o início da pandemia, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) se mobiliza e integra uma rede de pesquisadores dos ministérios da Saúde e da Ciência, Tecnologia e Inovações que trabalham no enfrentamento do novo coronavírus. Em várias áreas do conhecimento, da produção de vacinas aos impactos econômicos e sociais, mais de 200 estudos são realizados na universidade em parceria com outras instituições e fundações de fomento.

Em destaque está a vacina Spintec, uma das três em estágio mais avançado no Brasil, que terá o desenvolvimento das fases 1 e 2 dos testes clínicos em adultos saudáveis sem exposição prévia à COVID-19 viabilizados pela Prefeitura de Belo Horizonte.

Essas etapas, que devem ser concluídas até o final deste ano, são requisitos necessários para os ensaios de fase 3, quando é feita a testagem em massa, e finalmente a aprovação da vacina pela Anvisa. Conforme termo assinado no fim do mês passado, a PBH fará o repasse de R$ 30 milhões em parcelas que serão disponibilizadas conforme o desenvolvimento dessas fases, via Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep).

A condução dos estudos da Spintec está a cargo do Centro de Tecnologia em Vacinas (CT Vacinas), sob a coordenação dos professores da UFMG Ricardo Gazzinelli, Ana Paula Fernandes, Santuza Teixeira e Flávio da Fonseca, e conta com a parceria do Ministério da Ciência e Tecnologia e da Fundação Oswaldo Cruz em Minas.
A plataforma tecnológica usada no desenvolvimento da fórmula consiste na combinação de diferentes proteínas para formar uma única, artificial. Esse composto, chamado de “quimera”, é injetado no organismo em duas doses, para induzir a resposta imune. Por não usar exclusivamente a proteína S do vírus, na qual se dá a maioria das mutações, as chances de sucesso desse imunizante no combate às novas variantes são bastante elevadas.
Quando inoculado em camundongos, juntamente com um adjuvante vacinal já testado em humanos, o composto foi capaz de induzir 100% de proteção para a COVID-19. Atualmente estão sendo feitos ensaios de tolerabilidade (para detectar possíveis efeitos colaterais) e imunogenicidade (para confirmar a geração de anticorpos) em primatas.
A expectativa é de que a fase de testes clínicos seja alcançada entre o fim do ano e o ínício de 2022. Com isso, espera-se seguir para a fase 3, de testes em massa, no primeiro semestre do ano que vem. Conforme a professora Ana Paula Fernandes, uma das coordenadoras do CT Vacinas à frente do desenvolvimento da Spintec, o trabalho ainda demandará novos investimentos.
“Ainda não temos recursos disponíveis para a fase clínica 3, mas esperamos consegui-los de diferentes frentes, públicas e privadas. A depender dessas verbas, concluiremos a fase 3 no primeiro semestre do ano que vem para que a vacina esteja em condições de ser produzida e chegar ao braço da população no final de 2022.”
Com informações de Gustavo Werneck – ESTADO DE MINAS GERAIS