A trombofilia pode ser decorrente de alterações hereditárias ou adquiridas. As trombofilias hereditárias geralmente se manifestam como consequência de alterações ligadas aos inibidores fisiológicos da coagulação ou de variantes pontuais presentes nos genes de fatores da coagulação ou genes relacionados. Dessa forma, a análise genética é direcionada para a investigação específica de determinadas variantes em homozigose ou heterozigose em diferentes genes, como:
· Variante G1691A no gene do fator de coagulação V, mutação fator V Leiden, quando presente aumenta o risco de trombose venosa devido à resistência à proteína C ativada. Isso resulta em um risco elevado de coágulos, principalmente em veias profundas.
· Variante G20210A no gene do fator de coagulação II, mutação da protrombina, resulta em uma produção aumentada de protrombina e consequente coagulação exacerbada. Essa variante também está ligada a um maior risco de trombose venosa.
· Variante de tamanho 4G na região promotora do gene do inibidor do ativador do plasminogênio tipo 1, polimorfismo do gene PAI-1 (ou SERPINE1), está associada ao risco aumentado de infarto do miocárdio, uma vez que inibe a fibrinólise e podem exacerbar lesões teciduais.
· As variantes C677T e A1298C no gene metilenotetrahidrofolato redutase, polimorfismos no MTHFR, provocam uma série de condições relacionadas à falta ou deficiência da metabolização das vitaminas do complexo B ou da homocisteína, como por exemplo, a hiper-homocisteinemia que está associada a doenças cardiovasculares e trombose.
Contudo, as variantes específicas no MTHFR não estão diretamente relacionadas às formações do trombo, e sim a hiper-homocisteinemia que aumenta o risco para o tromboembolismo venoso. Da mesma forma, o polimorfismo 844ins68 no gene da cistationina beta sintetase, polimorfismo da CBS, está associado ao aumento dos níveis de homocisteína e com aumento do risco para doença arterial coronariana, tromboembolismo venoso e acidente vascular cerebral. Devido ao risco de hiper-homocisteinemia, outras variantes no gene CBS podem ser investigadas por sequenciamento completo do gene.
Que fatores sugerem a suspeita clínica de trombofilia hereditária? Dificuldade para engravidar, gestações complicadas, descolamento de placenta, restrição do crescimento fetal e perdas gestacionais recorrentes, podem estar relacionadas à trombofilia hereditária. Além disso, clinicamente as trombofilias hereditárias constituem um grupo heterogêneo de alterações que geralmente manifestam-se como trombose venosa, caracterizadas por perfis sugestivos: ocorrência em indivíduos jovens (< 50 anos); recorrência; histórico familiar de eventos trombóticos ou de mulheres com infarto fulminante antes dos 50 anos; trombose migratória ou difusa ou em local incomum; ocorrência em gestantes; e evento trombótico desproporcional em relação ao evento desencadeante.
Da mesma forma que para a trombofilia adquirida, a investigação laboratorial deve ser realizada em todas as situações relacionadas a suspeita de trombofilia hereditária. Este estudo, conduzido após o evento trombótico agudo, inclui a quantificação funcional dos inibidores da coagulação, a quantificação da homocisteína plasmática, a dosagem funcional de antitrombina, a dosagem funcional de proteína C, a dosagem funcional da proteína S livre e a investigação dos anticorpos antifosfolípides.
Imagem – O trombo (ao centro) é uma massa de células e fibras que pode bloquear a passagem do sangue numa veia ou artéria — Foto: Getty Images via BBC
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