As zoonoses representam um dos principais desafios da saúde pública brasileira, em razão de sua ampla distribuição geográfica, impacto socioeconômico significativo e da estreita relação entre a saúde humana, animal e ambiental. Nesse contexto, os testes rápidos têm se destacado como ferramentas estratégicas para o diagnóstico precoce, a vigilância epidemiológica e o controle dessas enfermidades. A incorporação dessas tecnologias reforça o conceito de Saúde Única (One Health), fundamental para o enfrentamento de doenças de origem animal no país.
Zoonoses como prioridade em saúde pública
O Brasil convive com diversas zoonoses endêmicas, como leishmaniose, leptospirose, toxoplasmose e outras enfermidades parasitárias e infecciosas que afetam simultaneamente animais e seres humanos. A identificação precoce dos casos, especialmente em reservatórios animais, é essencial para reduzir a transmissão, orientar intervenções sanitárias e apoiar ações de vigilância epidemiológica e controle populacional.
Avanço dos testes rápidos no diagnóstico
Os testes rápidos, particularmente os imunocromatográficos de fluxo lateral, possibilitam a obtenção de resultados em poucos minutos, sem a necessidade de infraestrutura laboratorial complexa ou pessoal altamente especializado. Na medicina veterinária, esses testes têm sido amplamente utilizados como ferramentas de triagem em campo, contribuindo para decisões clínicas mais ágeis e para o direcionamento adequado de exames confirmatórios, como ELISA e métodos moleculares.
Integração com o conceito One Health
A aplicação dos testes rápidos está diretamente alinhada à abordagem One Health, que integra ações voltadas à saúde humana, animal e ambiental. A detecção precoce de infecções em animais domésticos e de produção permite a adoção de medidas preventivas antes da ocorrência de casos humanos, fortalecendo os sistemas de vigilância epidemiológica e reduzindo o impacto das zoonoses sobre a saúde coletiva.
Limites e desafios na aplicação
Apesar das vantagens operacionais, os testes rápidos apresentam limitações relacionadas à sensibilidade e especificidade, especialmente em animais assintomáticos ou em fases iniciais da infecção. Dessa forma, seu uso deve ser acompanhado de interpretação criteriosa dos resultados e, sempre que indicado, da confirmação por métodos laboratoriais mais sensíveis e específicos.
Conclusão
Os testes rápidos desempenham papel relevante no diagnóstico de zoonoses no Brasil, sobretudo como ferramentas de triagem e apoio à vigilância em saúde pública veterinária. Quando utilizados de forma responsável, associados à confirmação laboratorial e inseridos em estratégias integradas de Saúde Única, esses testes contribuem significativamente para o controle e a prevenção de zoonoses no país.
Referências
- Diagnostic performance of a rapid immunochromatographic test for the simultaneous detection of antibodies to Theileria equi and Babesia caballi in horses and donkeys. Parasit Vectors. 2024;17:160.
- Manjunathachar HV, Saravanan BC, Joshi C, et al. Development of point-of-care immunodiagnostic test for Taenia solium cysticercosis in pigs. Res Vet Sci. 2025;182:105466.
- Development and preliminary study of the rLiNTPDase2 rapid test: a lateral flow immunochromatographic assay for canine visceral leishmaniasis. Vet Parasitol. 2024.
- Evaluation of an immunochromatographic serologic test to detect the presence of anti-Toxoplasma gondii antibodies in cats. Am J Vet Clin Pathol. 2023.
- New insights into the diagnosis of equine infectious diseases focusing on rapid immunochromatographic tests. Front Vet Sci. 2024.
- Zhang D, Duan R, Liu J, et al. Development and evaluation of time-resolved rapid immunofluorescence test for detection of TSOL18 specific antibody in porcine cysticercosis infections. BMC Vet Res. 2024;20:182.



Integração com o conceito One Health