Gostaria de sugerir uma entrevista com a fisioterapeuta Cristina Cristovão Ribeiro, doutora em Gerontologia e membro da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia) sobre o assunto.
Dia 21 de setembro é o Dia Mundial de Conscientização da doença de Alzheimer. Hoje, no Brasil, 1,757 milhão de pessoas tem algum tipo de demência e precisam de cuidados. Só a doença de Alzheimer corresponde a 55% desses casos (966.594 mil). A demência é a 7ª principal causa de morte no mundo e, em um número crescente de países, já é a principal causa de óbito.
O ônus econômico da demência é de US$ 1,3 trilhão de dólares por ano, índice que mais do que dobrará até 2030. Os números foram apresentados pela Abraz (Associação Brasileira de Alzheimer) no ano passado.
A demência é uma doença que se caracteriza pelo declínio cognitivo progressivo que pode afetar dois ou mais domínios como a memória, a linguagem, a função executiva, visuoespacial, sintomas comportamentais e neuropsiquiátricos. Ao ser diagnosticada a demência impacta a vida diária do indivíduo e também dos cuidadores familiares, os quais têm a saúde prejudicada como resultado de suas responsabilidades de cuidar do familiar doente.
Em um estudo foi apontado à relação do propósito de vida (PV) e o desempenho cognitivo e a prevenção das demências. Os idosos que tem um propósito se mostraram mais motivados, otimistas, resilientes, com maior autoestima, evitando assim a depressão. O tema é abordado no livro ‘Propósito de vida da pessoa idosa’, da fisioterapeuta, doutora em Gerontologia e membro da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia) Cristina Cristovão Ribeiro. A proposta do livro surgiu após sua tese de doutorado e reúne capítulos de profissionais de diferentes áreas, especialistas no trabalho com pessoas idosas.
Com a avanço da idade pode ocorrer redução do desempenho cognitivo, implicando limitações na independência, autonomia e nas funções mentais complexas como memória, atenção, linguagem, habilidades visuoespaciais e funções executivas.
Estudos internacionais apontam que atitudes positivas em relação à vida podem ajudar o indivíduo a suportar melhor as perdas na velhice. A presença de propósito de vida pode contribuir para uma adaptação bem-sucedida ao envelhecimento, como ter um maior cuidado com a saúde, praticando exercícios físicos e mantendo atividades sociais, além de maiores desafios cognitivos que ajudam na prevenção das demências.
Um PV elevado pode ajudar os idosos a se relacionarem melhor com as perdas associadas ao envelhecimento, como acesso precário à saúde, oportunidades de participação social reduzidas e os baixos valores da aposentadoria.
Por isso é importante envolver a família, os profissionais de saúde e o poder público na construção de ambientes sociais significativos e estimular a participação da pessoa idosa em atividades importantes, que possam promover maior propósito de vida, principalmente para a população de 80 anos e mais, segmento que mais cresce no país e que frequentemente apresenta mais problemas de saúde.