Por Rafael Sakata*
O câncer de próstata continua como o câncer mais comum no homem, depois do câncer de pele. No Brasil, a cada 7,6 minutos, um homem é diagnosticado com câncer de próstata e, a cada 40 minutos, um homem morre dele. A incidência dessa doença aumenta com a idade, sendo que, aos 75 anos, aproximadamente, 1 em cada 4 homens receberá esse diagnóstico. Segundo dados do INCA, em 2018, surgirão 70.000 novos casos de câncer de próstata (Fig.1). Anualmente, realizamos a campanha “Novembro Azul”, visando conscientizar a população da importância deste câncer que aparece silenciosamente nos estágios iniciais, mas, quando tratado rapidamente, atinge 90% de chance de cura.
A próstata é um órgão exclusivo do sexo masculino, localizada abaixo da bexiga e anteriormente ao reto, cuja principal função é manter os espermatozoides vivos e aptos para a reprodução. Além disso, a próstata produz uma enzima conhecida como PSA, que por ser mensurável na corrente sanguínea e aumentar nas patologias envolvendo a próstata é utilizado na detecção do câncer e, quanto maior o seu valor, maior é a probabilidade de neoplasia (Fig.2).
Entretanto, aproximadamente 20% dos casos de câncer de próstata ocorrem sem aumento nos valores do PSA. Além disso, o seu aumento não é exclusivo dessa doença, podendo estar relacionado a outras patologias prostáticas, dentre eles a infecção prostática, conhecida como prostatite ou o aumento benigno da próstata conhecida como Hiperplasia Prostática Benigna.
A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda o início das consultas urológicas anuais em todo homem a acima dos 50 anos e a partir de 45 anos naqueles que possuam parentes de primeiro grau acometidos pelo câncer de próstata ou sejam afrodescendentes. O rastreamento ocorre com história clínica detalhada, exame físico (“exame de toque”) e PSA.
Além das consultas periódicas, o homem pode realizar diversas mudanças comportamentais e estilo de vida para prevenir o aparecimento dessa doença:
- Perda de peso;
- Atividade física de no mínimo 30 minutos, 3 vezes por semana;
- Ingesta diária de 3 porções de frutas e verduras;
- Ingesta de tomates ou molho de tomates, 3 vezes por semana e;
- Diminuição da ingesta de gordura animal
Quando um paciente tem alteração em algum dos exames, o urologista decidirá se será necessário realizar a exames complementares para auxiliar no diagnóstico. Nesses casos, o PSA livre é o exame mais utilizado pelos médicos, costuma ser solicitado em conjunto com o PSA total. O primeiro consiste numa fração do PSA que se encontra livre na corrente sanguínea, sem estar ligada a nenhuma proteína. Sua utilização também é associada ao PSA total, onde se faz um cálculo da porcentagem do PSA livre (PSA livre/PSA Total), tendo maior chance de Câncer nos resultados menores de 20% e menor chance nos casos cuja relação é maior do que 20%. Outro exame é a ressonância magnética multiparamétrica de próstata, um método de imagens de alta resolução, que não envolve radiação ionizante, e combina técnicas funcionais e morfológicas. Esse tipo de exame fornece informações complementares, como estadiamento, invasão tecidual e classificação de PIRADS, que semelhantemente a classificação para câncer de mama na mulher, fornece a probabilidade de acometimento neoplásico. (Fig. 3)
Um exame que vem ganhando espaço no cenário atual é o P2PSA, o qual se trata de um subtipo de PSA livre encontrado na corrente sanguínea, também aumentado na presença de câncer de próstata, tendo a vantagem de ser mais específico, auxiliando assim na decisão de realizar ou não a biópsia.
O tratamento do câncer de próstata depende de inúmeras informações e fatores, sendo as principais e mais conhecidas modalidades a radioterapia, a braquiterapia e a cirurgia. Esse ano se completa 10 anos da primeira cirurgia robótica no Brasil e se tem ouvido muito falar dessa tecnologia no tratamento dessa doença.
A Cirurgia Robótica consiste no que existe de mais moderno quando se fala em tratamentos cirúrgicos hoje em dia. Nos EUA, 90% das cirurgias de câncer de próstata são realizados por esse método, que consiste na utilização de pinças robóticas articuladas, introduzidas atraves de cortes menores do que 1 cm, e que possuem movimentação de 360 graus. Essas pinças são movimentadas pelo robô, o qual replica os movimentos do cirurgião, que as controla através de um console com imagem de alta resolução em três dimensões. Além disso, possibilita diversas outras vantagens:
- Ampliação de 15X;
- Refinamento e delicadeza dos movimentos;
- Ergonomia para o cirurgião;
- Retorno muito mais precoce as atividades de rotina;
- Menor tempo de hospitalização;
- Redução da dor pós-operatória e;
- Menor perda sanguínea.
A única desvantagem atribuída ao método era o alto custo. Nos últimos anos, com o aumento do número de robôs e de seus procedimentos, os custos caíram drasticamente, possibilitando o acesso a um maior número de pacientes.
Em resumo, com inúmeros exames existentes e em estudo, avanço tecnológico no diagnóstico e tratamento, somado a uma elevada chance de cura nas fases iniciais. Não podemos deixar o câncer de próstata nos pegar desprevenidos. Fique atento ao Novembro Azul.
Dr. Rafael Sakata
Membro Titular da Sociedade Brasileira de Urologia – TiSBU
Pós-Graduação em Cirurgia Robótica – Hospital Alemão Oswaldo Cruz
Fellowship in Urology Denver Health Center – Colorado University
Email: rsakata@hotmail.com Tel. (11) 99800-5497