Você já ouviu falar sobre amostras em testes de sangue e fezes, mas amostras de lágrimas podem ser o próximo método de triagem a entrar na lista dos médicos, ao menos é o que sugere um estudo da UNSW de Sidney.
O teste de lágrimas pode ser o futuro da triagem para a neuropatia periférica diabética, uma condição debilitante que afeta as pessoas com diabetes.
O estudo, recentemente publicado na The Ocular Surface, é o primeiro a mostrar que o dano no nervo periférico – ocasionalmente é o primeiro sinal da condição – pode ser traçado por um filme lacrimal.
“Nós descobrimos que a neuropatia periférica da diabetes tipo 1 – que pode resultar em úlceras nos pés e casos severos podem resultar em amputações – tem níveis reduzidos de uma proteína conhecida como “substância P” no filme lacrimal, diz o Dr. Maria Markoulli, autor principal do estudo.
“119.000 australianos têm diabetes tipo 1. No futuro, eles poderão ter uma simples e rápida coleta da amostra de sua lágrima em seu optometrista, laboratórios de análises clínicas ou endocrinologista, e ser saber se se encontrão em risco ou não.”
A neuropatia periférica é a complicação mais comum da diabetes e afeta quase 50% dos diabéticos. Ela ocorre quando altos níveis de açúcar no sangue danificam cronicamente os nervos que conectam o cérebro e a medula espinal ao resto do corpo.
Sintomas incluem dor, dormência, desequilíbrio, fraqueza, comichão, e recorrentes úlceras nos pés.
Enquanto danos nos nervos não podem ser revertidos, a detecção precoce pode ajudar aos pacientes a administrarem a condição e prevenir maiores complicações. Entretanto, as opções disponíveis atualmente para diagnosticar a condição são limitadas a exames invasivos, como biópsias de pele.
“A neuropatia periférica é notadamente de difícil precoce detecção e requer treinamento especial.” diz o Dr. Markoulli.
“O que estamos propondo com esse método é algo que irá ser feito rápido, de maneira não-invasiva, e potencialmente poderá ser feita por um não especialista.”
Os pesquisadores testaram a concentração de duas proteínas (chamadas neuropeptídeos) em filmes lacrimais de pessoas com diabetes tipo 1 e tipo 2 comparados a grupos controles. O estudo consistiu em quase 100 participantes.
Enquanto os pesquisadores descobriram que aqueles com neuropatia diabética na diabetes tipo 1 tinham menos proteína de “substância P” em seus filmes lacrimais, os resultados não sugeriram que a diabetes tipo 2 tenha os mesmos biomarcadores. “Isso talvez seja porque essas doenças tem diferentes patologias e fatores de riscos”, escreve o doutorando e autor do estudo, Ms. Shyam Sunder Tummanapalli.
“Isso nos diz que são dois processos de doença bem diferentes,” disse o Dr. Markoulli, que está disposto a expandir seu estudo para determinar as mudanças específicas para o diabetes tipo 2. “Que proteínas mudam lá? Existe alguma ligação aos filmes lacrimais e a neuropatia periférica?”
Enquanto os resultados são promissores para aqueles com diabetes tipo 1, novos estudos são necessários antes que o exame de lágrima se torne disponível clinicamente. Em particular, os pesquisadores esperam estudar a perda de substância P ao longo do tempo variando as severidades da neuropatia periférica.
Mais informações: Shyam Sunder Tummanapalli et al. Tear film substance P: A potential biomarker for diabetic peripheral neuropathy, The Ocular Surface (2019).
Material obtido de: Medical Xpress. E traduzido por João Gabriel de Almeida.