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Notícias

Pesquisadores do Butantan estudam uso de BCG recombinante como tratamento para câncer de bexiga

Tecnologia patenteada reduziu significativamente os tumores, aumentando a sobrevida de animais

considerado padrão-ouro no tratamento da doença. Batizada de Onco rBCG e patenteada, a terapia aumentou a sobrevida dos modelos animais tratados, causando redução maior no tumor quando comparada ao BCG utilizado normalmente, segundo estudo publicado na Urologic Oncology.

A cada ano, são registrados no mundo 600 mil novos casos de câncer de bexiga, que é o 10º tipo mais comum de tumor, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mais de 200 mil pessoas morrem anualmente em decorrência da doença – no Brasil, são 4,5 mil óbitos por ano. Homens idosos e pessoas fumantes têm maior probabilidade de desenvolver esse câncer.

“O tratamento de câncer de bexiga com BCG ainda enfrenta alguns problemas, já que entre 30% e 40% dos pacientes não respondem à terapia. Estamos estudando novas formulações da recombinante e temos observado que, em alguns casos, metade dos camundongos sobrevive e o tumor é totalmente eliminado”, diz a pesquisadora Luciana Leite, que lidera os estudos no Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas do Butantan, órgão ligado à Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

Segundo a cientista, testes toxicológicos feitos em animais na Holanda já demonstraram a segurança do produto. Na etapa atual, os pesquisadores acompanham a estabilidade do vetor e da formulação e trabalham no escalonamento da produção e no controle de qualidade. O próximo passo seria submeter à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) um pedido de autorização de ensaio clínico, com o objetivo de avaliar a segurança e eficácia da vacina em pacientes, o que ainda não tem data para acontecer.

Além da pesquisa feita em animais, outro estudo publicado na Frontiers in Immunology investigou a capacidade da Onco rBCG de estimular o sistema imune humano, usando um ensaio in vitro com células humanas. Comparada ao BCG tradicional, a cepa recombinante induziu maior produção de citocinas anti-inflamatórias, substâncias produzidas por linfócitos que são importantes para eliminar as células tumorais.

O câncer de bexiga pode levar anos para chegar ao estágio mais invasivo e alcançar outros tecidos. “Existe uma janela de oportunidade para tratá-lo. Geralmente, o tumor é removido cirurgicamente e, depois, o paciente é tratado com BCG para não ter recidiva”, explica Luciana. O problema é que cerca de 30% dos pacientes acabam sofrendo com o retorno da doença.

Desenvolvida com técnicas de engenharia genética, a Onco rBCG conta com a expressão, dentro do BCG original, da proteína S1 da toxina pertussis geneticamente detoxificada. Esse recurso funciona como um adjuvante que potencializa, com segurança, os efeitos da terapia.

O grupo também produziu outra versão recombinante de BCG, que utiliza como vetor o LTAK63 (fragmento detoxificado da toxina LT da bactéria E. coli). Em testes em animais, ela induziu maior proteção contra tuberculose do que a vacina original e uma resposta imune mais robusta. Esse imunizante foi patenteado no Brasil, Estados Unidos, China, França, Reino Unido, Índia, África do Sul e Europa.

Como uma vacina contra tuberculose virou tratamento de câncer

O Bacilo de Calmette e Guérin (BCG) é o componente de uma vacina centenária e fundamental para o controle da tuberculose, doença bacteriana que afeta os pulmões e pode ser fatal. No Brasil, o imunizante chegou em 1925 e tornou-se obrigatório para bebês menores de um ano em 1976, após a criação do Programa Nacional de Imunizações (PNI). A vacina é aplicada em mais de 100 milhões de crianças por ano no mundo.

Ao longo do tempo, estudos mostraram que produtos contendo BCG podem desempenhar um papel muito maior, induzindo a chamada imunidade treinada: modificações celulares que aumentam a resposta do sistema imune inato (presente desde o nascimento). De acordo com uma revisão publicada recentemente no Jornal de Pediatria, conduzida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, existem evidências de que crianças que tomam BCG têm menor risco de morte por qualquer doença infecciosa, não apenas tuberculose.

Os efeitos do BCG em tumores começaram a ser estudados na década de 1930, quando o biólogo norte-americano Raymond Pearl descobriu uma menor incidência de câncer de bexiga em pacientes com tuberculose. Quarenta anos depois, a imunoterapia com BCG passou a ser indicada para reduzir o risco de recidiva em pacientes com tumores superficiais na bexiga, devido ao seu alto potencial de estimular o sistema imune. Ainda não existem evidências concretas sobre o uso de BCG em outros tipos de câncer.

Sobre o câncer de bexiga

Mais comum após os 50 anos e em indivíduos do sexo masculino, o câncer de bexiga pode provocar manifestações como sangue na urina, dor ao fazer xixi e necessidade frequente de ir ao banheiro, mas não conseguir urinar. Estes também podem ser sinais de alerta de outras doenças do aparelho urinário, de acordo com o Ministério da Saúde. O diagnóstico é confirmado a partir de exames de urina e de imagem e a probabilidade de cura depende da extensão do câncer, da idade e da saúde geral do paciente.

O tratamento consiste em cirurgia para remoção do tumor, ou radioterapia e quimioterapia, no caso de cânceres mais agressivos. Indicada em cerca de 70% dos casos, a aplicação de BCG ocorre diretamente na bexiga, por meio de um cateter na uretra. Para reduzir a chance de desenvolver a doença, é recomendado não fumar (o tabagismo triplica o risco) e evitar a exposição a determinados compostos químicos presentes em indústrias de corantes, tinturas e derivados de petróleo, como aminas aromáticas, azocorantes, benzeno, benzidina, entre outros.

 

Reportagem: Aline Tavares

Fotos: Marília Ruberti/Comunicação Butantan e Shutterstock

Matéria – Instituto Butantan

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