Por: Dr. Fabiano de Abreu Agrela Rodrigues
Resumo
O diabetes mellitus (DM) é um distúrbio metabólico que, além de causar complicações vasculares e metabólicas, também está fortemente associado ao declínio cognitivo e neurodegeneração. Este artigo aborda os mecanismos pelos quais o DM contribui para essas alterações neurológicas, destacando as vias neurotóxicas, inflamatórias e hormonais envolvidas.
Palavras-chaves: Diabetes, Neurodegeneração, Declínio Cognitivo, Neurotoxicidade.
Introdução
O diabetes mellitus (DM) é uma doença metabólica caracterizada por hiperglicemia crônica, decorrente da deficiência de secreção de insulina ou de sua ação inadequada. A prevalência crescente do DM globalmente tem gerado preocupações não apenas devido às complicações vasculares, como acidente vascular cerebral e doença arterial coronariana, mas também devido aos impactos negativos na função cognitiva e na saúde neurológica dos pacientes (Silveira et al., 2022).
Impactos Neurológicos do DM
A hiperglicemia crônica induz diversas alterações metabólicas que afetam o sistema nervoso central. Entre essas alterações, destacam-se a ativação de vias neurotóxicas, como a via dos polióis, a via das hexosaminas e a formação de produtos finais de glicação avançada (AGEs), que aumentam a produção de espécies reativas de oxigênio (ERO). Essas mudanças promovem danos neuronais e contribuem para o declínio cognitivo observado em pacientes diabéticos (Silveira et al., 2022).
Declínio Cognitivo e Doenças Neurodegenerativas
Estudos epidemiológicos indicam que pacientes com DM têm um risco significativamente maior de desenvolver doenças neurodegenerativas, como Alzheimer (DA) e Parkinson (DP).
A resistência à insulina, a inflamação crônica e o estresse oxidativo são fatores chave que interligam o DM com a neurodegeneração. Esses fatores exacerbam a disfunção mitocondrial e comprometem a integridade estrutural e funcional dos neurônios (Silveira et al., 2022).
Mecanismos Moleculares e Celulares
A glicotoxicidade, resultante do excesso de glicose, provoca desvios na via glicolítica, levando à produção de subprodutos tóxicos que acumulam nos neurônios e astrócitos. Esses produtos, juntamente com a inflamação e o estresse oxidativo, comprometem a sinalização neuronal e a plasticidade sináptica. Alterações na neurotransmissão, especialmente envolvendo glutamato e GABA, também são observadas, contribuindo para a disfunção cognitiva (Silveira et al., 2022).
Intervenções Terapêuticas
O controle rigoroso da glicemia é fundamental para mitigar os efeitos neurotóxicos do DM. Além disso, intervenções farmacológicas e comportamentais que visem reduzir a inflamação e o estresse oxidativo, bem como promover a neuroplasticidade, são essenciais. A terapia cognitiva-comportamental e a reabilitação neuropsicológica podem ser eficazes em melhorar a função cognitiva em pacientes diabéticos (Silveira et al., 2022).
Conclusão
O DM impõe um pesado fardo na saúde neurológica dos pacientes, com um mecanismo multifatorial envolvendo hiperglicemia, resistência à insulina, inflamação e estresse oxidativo. Compreender esses mecanismos é crucial para desenvolver intervenções que possam prevenir ou retardar o declínio cognitivo e a neurodegeneração em pacientes diabéticos.
Referência:
Silveira, F. M. da, Rodrigues, F. de A. A., Oh, H., & Abud, D. O. (2022). Neurotoxicidade:
Declínio e Neurodegeneração no Cérebro Diabético. A medicina como elo entre a ciência e a
prática, 17, 143-155. DOI: 10.22533/at.ed.58522240318.
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