A MSD realizou um estudo no Brasil com a intenção de avaliar a incidência e a carga clínica da doença pneumocócica invasiva em indivíduos adultos com 60 anos de idade ou mais. Três grandes hospitais públicos de São Paulo participaram do estudo, que avaliou dados médicos de 94 pacientes no período de três anos: o Hospital das Clínicas da FMUSP, a Santa Casa de São Paulo, e o Hospital São Paulo.
A doença pneumocócica é uma infecção causada pelo Streptococcus pneumoniae, também conhecido como pneumococo, que é o principal causador da pneumonia bacteriana e um dos maiores responsáveis pela morbidade e mortalidade por infecções respiratórias no mundo. Estima-se que a doença pneumocócica seja responsável por 1.6 milhão de mortes anuais globalmente. Os mais afetados pela doença, entre os adultos, são as pessoas com mais de 65 anos de idades e aquelas com comorbidades.
No entanto, há ainda uma escassez de dados epidemiológicos e de carga clínica da doença na população brasileira. A infectologista e diretora médica da MSD no Brasil, Marina Della Negra de Paula, foi uma das autoras do estudo e comenta a importância desses dados para a área de saúde no país: “a doença pneumocócica invasiva pode levar a diversas complicações graves de saúde, e os dados que levantamos nesse estudo estão desempenhando um papel crítico em nossos esforços para expandir o conhecimento da importância da prevenção de doenças pneumocócicas na nossa população. Entender o impacto da doença nos idosos é crucial para desenvolvermos políticas públicas de imunização para todo o país”.
Sobre o estudo
O estudo teve como objetivo avaliar a incidência e a carga clínica da doença pneumocócica invasiva em adultos, com 60 anos ou mais, residentes e atendidos em três grandes hospitais públicos da cidade de São Paulo entre 2016 e 2018. Os hospitais participantes foram: o Hospital das Clínicas da FMUSP, a Santa Casa de São Paulo, e o Hospital São Paulo.
Noventa e quatro pacientes foram incluídos: 98,9% tinham pelo menos um fator de risco relacionado à doença pneumocócica (mais frequente: câncer, 68,2%) e 90% tinham estado vacinal desconhecido. A incidência cumulativa em 3 anos foi de 121,8 a cada 100.000 pessoas (60-74 anos: 117,6 e ≥ 75 anos: 132,6), enquanto as incidências anuais por 100.000 pessoas foram de 47,5 em 2016, 40,1 em 2017 e 34,2 em 2018.
A maioria dos pacientes tinha doença de início comunitário (89,4%) e a principal apresentação foi pneumonia bacteriana (68,1%), seguida de bacteremia (14,9%) e meningite (10,6%). A duração mediana da hospitalização foi de 10 dias; 53,4% dos pacientes tiveram internação na UTI (duração mediana de 7 dias).
Cerca de 22,2% das cepas bacterianas apresentaram resistência antimicrobiana a mais de uma classe de antibióticos. Durante a hospitalização, 85,1% dos pacientes apresentaram ≥ 1 complicação, 32,3% desenvolveram choque séptico, 63,8% necessitaram de oxigênio suplementar e 36,2% necessitaram de ventilação mecânica (mediana: 5 dias). A mortalidade hospitalar foi de 42,6% e, entre os sobreviventes (n=54), 20,4% relataram sequelas (principalmente relacionadas à insuficiência respiratória crônica em decorrência de pneumonia).
Matéria – Medicina S/A
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