INVESTIGAÇÃO PARASITOLÓGICA DE FRUTAS CONSUMIDAS COM CASCA, COMERCIALIZADAS EM TRÊS FEIRAS LIVRES E SUPERMERCADOS DA REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM DO PARÁ

Autores: 

Elizabeth Santos Diniz Jardim  

Poliana Andressa Rego de Melo 

  Kezia Vitoria Moreira de Oliveira 

Orientadora: 

Débora D. C. Fernandes 

 

Faculdade Cosmopolita 

RESUMO 

O consumo de frutas está presente no cotidiano das pessoas, pois são fontes de vitaminas, e auxiliam na saúde e qualidade de vida. Fatores como manuseio, armazenamento e condições higiênico-sanitário, uma vez não feitos apropriadamente, podem interferir na saúde dos consumidores, causando DTA. O presente trabalho teve como base a pesquisa Parasitológica em frutas comercializadas em feiras livres e supermercados na região metropolitana de Belém, no estado do Pará, o método utilizado foi o Hoffman, Pons e Janer, com adaptações feitas por Gelli e colaboradores. Foram encontrados Bactérias, leveduras e Protozoários em algumas das amostras; Por essa razão a importância de tomar medidas preventivas e higiênicas, pelos consumidores e fornecedores. 

 

Palavras chaves: 

Parasitas,Protozoários, frutas, DTA, Enteroparasitoses 

 

 

 

ABSTRACT 

The consumption of fruit is present in people’s daily lives, because they are sources of vitamins, and aid in health and quality of life. Factors such as handling, storage and hygienic-sanitary conditions, once not made properly, can interfere with the health of consumers, causing DTA. O The present work was based on the Parasitological research in fruits  commercialized in open fairs and supermarkets in the metropolitan region of  Belém, in the state of Pará, the method used was Hoffman, Pons and Janer, with adaptations made by adaptations collaborators. Bacteria, yeasts and protozoa were found in some of the samples; for this reason the importance of the adoption of preventive and hygienic measures by consumers and suppliers. 

 

Keywords: 

Parasites, protozoa, fruits, DTA, Intestinal parasites. 

 

 

 

INTRODUÇÃO 

Os alimentos são importantes fontes de nutrição, tendo em sua composição substâncias essenciais para o organismo e metabolismo humanos como vitaminas, sais minerais e fibras, de modo que o consumo de frutas é considerado hábito fundamental no que tange a bons hábitos alimentares e dieta nutricional balanceada, pois possuem diversas vitaminas que podem influenciar na qualidade de vida, manutenção e prevenção de doenças de um indivíduo (FIORIDO E SOUZA; 2020). 

As frutas são alimentos bastantes consumidas no dia a dia da população, e o manuseio, armazenamento e condições de higiene nas quais estes alimentos são mantidos, são fatores dignos de atenção e que podem impactar diretamente na saúde humana, já que frutas podem também estar associadas a contaminações por diversos micro-organismos, e uma vez contaminadas, ao serem consumidas podem culminar nas chamadas doenças transmitidas por alimentos (DTA) (OLIVEIRA ET AL; 2021). 

Alguns fatores podem afetar a saúde do consumidor, onde as frutas são veículos para transmissão de doenças parasitárias, como: higienização inadequada antes do consumo, armazenamento, local de distribuição. (REIS ET AL; 2020). No que diz a respeito a doenças parasitárias, algumas das mais frequentes apresentam manifestações associadas a infecção do trato gastrointestinal, e por isso são também conhecidas como enteroparasitoses. Estas acometem mais de 30% da população e isso é decorrente de uma série de fatores que perpassam desde aspectos inerentes do hospedeiro, ambientais e, principalmente, socioeconômicos, em associação a más condições de vida e falta de saneamento básico adequado, condições sabidamente mais prevalentes em países em desenvolvimento (NASCIMENTO ET AL; 2020). Enteroparasitoses constituem um problema de saúde pública mundial, diretamente ligado à questão de saneamento, provocando deficiências nutricionais, anemias e dificuldades de desenvolvimento cognitivo em crianças. (SILVA ET AL; 2019). 

Desta forma, as frutas in natura comercializadas em feiras livres e supermercados estão suscetíveis a contaminações que podem resultar em doenças para os consumidores; portanto, a investigação dessas frutas é de suma importância para verificar a presença ou ausência de Parasitas e Helmintos. 

 

MATERIAIS E MÉTODOS 

O estudo ocorreu na cidade de Belém, localizada no estado do Pará, onde se realizou a coleta das amostras de três variedades de frutas comercializadas em supermercados de grande porte e feiras livres da cidade. O método utilizado foi o de Hoffman, Pons e Janer, com adaptações feitas por Gelli e colaboradores  (Gelli e colaboradores 1979). Foram coletadas amostras em barracas nas feiras da Marambaia (figura 1), feira da 25 (figura 2), e feira do Panorama (figura 3); além disso coletou-se em supermercados de grande porte, nos mesmos bairros das feiras escolhidas, respectivamente no bairro da Marambaia, do Marco e Parque Verde . As frutas coletadas foram goiaba, acerola e maçã, sendo três frutas de cada, nove de feiras e nove de supermercados, totalizando 18 frutas no final. 

PARTE EXPERIMENTAL 

As amostras analisadas foram coletadas e armazenadas dentro de um saco plástico e mantidas em refrigeração, em seguida analisadas no Laboratório de Parasitologia na Faculdade Cosmopolita. A metodologia adaptada utilizada, baseia-se em três etapas principais: lavagem, decantação e centrifugação do líquido obtido nas etapas anteriores para as análises, de acordo com metodologia de Hoffman (Hoffman 1934), Pons e Janer com adaptações por Gelli e colaboradores (Gelli e colaboradores 1979), 

Para a realização da primeira etapa, as frutas foram separadas em sacos plásticos individuais, e submetidas a duas lavagens consecutivas.   

 Na primeira lavagem feita dentro do saco plástico, foi utilizado 200 ml de água destilada, e assim agitado durante 30 segundos, na segunda lavagem com o auxílio de uma escova, as frutas foram escovadas, e em seguidas enxaguadas com mais 200 ml de água destilada. Após esse processo, a água obtida das lavagens foi filtrada com gaze dobrada em quatro, e mantida em repouso por 24h em um cálice cônico para decantação (Hoffman1934). Após as 24h o sobrenadante foi descartado e o sedimento centrifugado a 4500 RPM por um minuto, em seguida foi realizado a análise microscópica, sob a lâmina utilizou-se 50 μl do sedimento obtido, corado com uma gota de lugol, as lâminas foram observadas nas objetivas de 10x e 40x. Todas as análises aconteceram em duplicatas, totalizando 36 lâminas (Gelli e colaboradores 1979). 

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO 

Após as frutas serem analisadas foram encontrados os seguintes resultados: Cisto Iodamoeba butschlli em amostra de acerola (Figura 4), foram encontrados também bactérias, leveduras e cistos de Endolimax nana que também estavam presentes em amostras de acerola (Figura 5). 

Figura 4. Cisto de Iodamoeba butschlii. Cisto de Iodamoeba butschlii encontrado em amostra de Acerola da feira da 25 no bairro do Marco, Belém, Pará. Observa-se o formato arredondado, citoplasma de aspecto amarelado devido ao corante lugol e presença do vacúolo de glicogênio evidente em seu interior, fortemente corado e de aspecto castanho. Amostra analisada em objetiva de 40x. 

Figura 5. Bactérias, leveduras e cistos de Endolimax nana. Cistos de Endolimax nana frequentes e leveduras abundantes encontrados em amostra de Acerola da feira da Marambaia, Belém, Pará. Observa-se cistos de Endolimax nana (cabeça de seta vermelha) em formatos elipsoides e tamanho pequeno, com a presença de núcleos muito discretos e delicados em seu interior. No mesmo campo observa-se em toda a extensão da imagem a presença de muitas bactérias e leveduras (círculos pretos). 

As doenças ocasionadas por alimentos são causadas pela ingestão de alimentos ou água contaminados, atualmente há mais de 250 tipos de DTA, sendo os parasitas uma das maiores causas de infecções. As contaminações podem ocorrer em um local de manipulação de alimentos, onde medidas adequadas não são tomadas (FERRARI 2019). Diversas parasitoses podem ser adquiriras através de ingestão via oral de alimentos contaminados por parasitas, que podem acarretar desde sintomas leves até sintomas graves (COSTA et al, 2020). 

O aumento de doenças transmitidas por alimentos (DTA) em todo o mundo é consideravelmente alto, isso se dá devido aos incorretos hábitos de higiene e práticas no manipulamento desses alimentos, como é no caso de feiras ao ar livre, locais altamente favoráveis a proliferação e crescimentos de parasitas, devido à má higienização das bancas, dos produtos e do feirante (DA CRUZ MATOS et al, 2015). 

Segundo Fiorido e Souza (2020) de suas 72 amostras 29,17% foram positivas para diferentes espécies de protozoários e/ou helmintos tendo mais frequência cistos de Balantidium coli e ovos de Ancyloatomidae. Enquanto Silva (2019) teve 50% de amostras positivas de 30 amostras analisadas, em uma das frutas (banana) analisadas foi encontrado 3,3% de Endolimax Nana assim como a presente pesquisa. 

As amebas estão inclusas no grupo dos principais protozoários intestinais que parasitam o homem, as principais com mais ocorrências são a Entamoeba histolytica, E. Dispar, Entamoeba Coli, Endolimax nana e Iodamoeba butschlii (GODOY, et al. 2019). Nos resultados obtidos no presente artigo teve a presença de Iodamoeba butschlii que é um parasito comensal, que habita no ser humano mais preciso no intestino grosso, podendo ser transmitido por água e/ou alimentos contaminados via fecal-oral (INGLESIAS et al, 2018). Assim como teve a presença de Endolimax nana que da mesma forma é um parasita comensal que habita no ser humano e tem sua transmissão por água e alimentos contaminados via fecal-oral (VERALDI et al, 2020). 

 

 

CONCLUSÃO 

No estudo presente através da metodologia aplicada foi possível identificar a presença de frutas contaminadas por parasitas o que indica a necessidade de medidas higiênico-sanitárias tanto dos consumidores e dos vendedores, vale ressaltar que medidas educativas também são indispensáveis na hora da manipulação, armazenamento, exposição e consumo afim de extinguir possíveis contaminações. 

Nos resultados obtidos foi possível identificar dois parasitas comensais, ou seja, que não causam danos ao ser o humano, porém a sua presença em alimentos são indicativos de contaminações. Sugere que mais estudos sejam feitos, com um número amostral maior, associando com a realização de outras técnicas. 

 

 

 

REFERÊNCIAS  

COSTA, Bruno Nunes; MARQUES, Adriana de Mendonça; CANUTO, Monik Carvalho; COSTA, Breno Nunes; CANAVIEIRA, Cintya Marreiros Castro; SOUSA, João Janilson da Silva; MEDEIROS, Almerinda Macieira. Análise de parasitas presentes nas mãos e unhas dos manipuladores de alimentos da feira livre de Barreirinha- MA. 2020. 

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DA CRUZ MATOS, Johnata; J, BENVINDO, L. R. S., Silva; T. O., & de Carvalho, L. M. F. et al. Condições higiênico sanitárias de feiras livres: uma revisão integrativa. Revista Eletrônica Gestão e Saúde, n. 3, p. 2884-2893, 2015 

FERRARI, Auriane Morellato; FONSECA, Rebeca Volkers. Conhecimento de consumidoresa respeito de doenças transmitidas por alimentos. UNESC EM REVISTA 1. 2019. 

FIORIDO, Keila dos Santos Carolino; SOUZA, Março Antônio Andrade. Análise Parasitológica de frutas consumidas com casca, comercializadas em supermercados de uma cidade do Sudeste do Brasil. 2020. 

Gelli DS, Tachibana T, Oliveira IR, Zamboni CQ, Pacheco JA, Spiteri N. Condições higiênico-sanitárias de hortaliças comercializadas na cidade de São Paulo, SP, Brasil. Revista do Instituto Adolfo Lutz 39:37-43, 1979. 

GODOY, Ana. et al. COLEÇÃO MANUAIS DA FÁRMACIA. Análises Clínicas.2019. 

Hoffman, W.A., Pons, J.A. and Janer, J.L. (1934) The Sedimentation Concentration Method in Schistosomiasis Mansoni. Puerto Rico Journal of Public Health and Tropical Medicine,9, 283-289. 

IGLESIAS-OSORES, Sebastián; FAILOC-ROJAS, Virgilio. Iodamoeba bütschlii. Revista chilena de infectología, v. 35, n. 6, p. 669-670, 2018. 

OLIVEIRA, Alcilene Grummt; DANTAS, Jaqueline Cristina Batista de Paula. Comparações das condições higiênicos sanitárias de hortfrútis de feiras livres dos municípios Brasileiros; REVISÃO DE LITERATURA. 2021. 

REIS, R. da S.; DE CASTRO, M. F.; DEXHEIMER, G. M. Análise parasitológica de hortaliças e avaliação dos cuidados e conhecimentos para o consumo in natura pela população. Revista Brasileira Multidisciplinar. 2020. 

SILVA, Thiago de Almeida; ÁRVILA, Ana Luiza Aguiar; ANTONELI, Gabriel; SILVEIRA, Murilo Barros; MOREIRA, Daniela de Sousa Mendes; LIMA, Jaqueline Ataíde Silva; CASTRO, Ana Maria; REZENDE, Hanstter Hállison Alves . Ocorrências de parasitos em frutas comercializadas nas ruas da cidade de Aparecida de Goiânia, Goiás Brasil. 2019 

VERALDI, Stefano et al. Endolimax nana e urticária. Jornal de Infecção em Países em Desenvolvimento , v. 14, n. 3, pág. 321-322, 2020.