A obesidade é um problema de saúde grave que afeta um número cada vez maior de pessoas em todo o mundo, ela está associada a uma série de complicações, incluindo doenças cardíacas, diabetes tipo 2, pressão alta, apneia do sono e certos tipos de câncer, além dos riscos físicos, a obesidade também pode levar a problemas psicológicos, como baixa autoestima e depressão.
O tratamento para a obesidade geralmente envolve uma abordagem multidisciplinar, que inclui mudanças na dieta, aumento da atividade física e aconselhamento comportamental, mas além disso, em casos mais graves, a cirurgia bariátrica pode ser a melhor opção.
Esse tipo de tratamento teve sua importância ainda mais intensificada com os resultados de um estudo recente de um estudo baseado em um ensaio clínico, publicado na revista “Nature Metabolism”, que apontou impactos da obesidade no cérebro, gerando efeitos biológicos para a dificuldade em ter e manter perdas de peso para pessoas com obesidade.
O estudo analisou, por intermédio de uma ressonância magnética funcional (fMRI) e tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT), os sinais cerebrais de 18 pacientes considerados magros, com Índice de Massa Corporal (IMC) de 25 ou menos, e 30 pacientes clinicamente obesos, com IMC de 30 ou mais, enquanto eram alimentados com om carboidratos de açúcar (glicose), gorduras (lipídios) ou água (como controle) através de uma sonda diretamente no sistema digestivo.
Os dados revelaram que ao ter gorduras e açúcares injetados no estômago, os voluntários de peso normal apresentavam redução dos sinais cerebrais, um processo natural que indica que o organismo havia se alimentado, ao mesmo tempo em que foi registrado um pico de dopamina, neurotransmissor relacionado ao prazer, indicando que o sistema de recompensa do cérebro também havia sido ativado.
No entanto, quando os pacientes com obesidade foram analisados percebeu-se que ao serem alimentados através da sonda, nem redução dos sinais cerebrais, nem o aumento de dopamina foram observados, indicando que tanto o sinal de que o corpo havia se alimentado, quanto o sistema de recompensa, não foram adequadamente ativados, o que, segundo os pesquisadores revela que há uma dificuldade natural para pessoas com obesidade em perder peso e manter essa perda.
Outro ponto interessante do estudo é que os participantes perderam 10% do seu peso, mas os resultados se mantiveram, indicando que mesmo com a perda de peso as alterações no cérebro podem permanecer.
Por isso, é de fundamental importância uma abordagem profundamente multidisciplinar no tratamento da obesidade, com especial importância após a realização de cirurgias bariátricas para evitar que esses processos causem um novo ganho de peso, é necessário que haja o acompanhamento físico e psicológico do paciente como forma de garantir a perenidade dos resultados.
Sobre Dr. Fabio Rodrigues
Doutor Fábio Rodrigues é graduado em Medicina desde 2003, com especialização em cirurgia geral e bariátrica, além de pós-graduação em cirurgia minimamente invasiva. Atua como cirurgião da obesidade e das doenças metabólicas desde 2015 e já acumula mais de 1.500 cirurgias realizadas. Atualmente, além das cirurgias bariátricas, vem concentrando também seu foco na performance dos pacientes após a cirurgia.
Créditos: Dr. Fabio Rodrigues (MF Press Global)